Coronavírus

Projeto da FURG garante máscaras e propõe empatia durante a pandemia de coronavírus

“Fazendo o bem não importa a quem” arrecadou e doou alimentos, além de produzir e distribuir máscaras

Criado no início da pandemia, no Campus São Lourenço do Sul, o projeto Fazendo bem não importa a quem já tem mais de um ano de atividade e soma números significativos. Neste período, confeccionou mais de 20 mil máscaras e arrecadou mais de 20 toneladas de alimentos.
No contexto de emergência sanitária, a universidade destinou recursos, para que fossem comprados insumos para a confecção das máscaras e pagamento dos profissionais de costura e bolsistas que atuaram ao longo do desenvolvimento do projeto.

O projeto funciona da seguinte forma: cada membro da equipe recebe os materiais para produção das máscaras em sua casa. Após a costura, as máscaras prontas são entregues à bolsista que confecciona cartões informativos que são disponibilizados junto ao acessório de proteção. Elas ficam à disposição da comunidade em pontos de coleta. E a proposta é que ocorra uma troca: quem pega a máscara, deixa um quilo de alimento. O objetivo é proteger a comunidade da transmissão do vírus com o uso de máscaras, e, ao mesmo tempo, ajudar as famílias em vulnerabilidade com a doação de alimentos. Os postos de coleta são estabelecimentos comerciais do município: Laboratório Bioexatos; Casa do Trator; Supermercados Jepsen; e Supermercados Peter.

Parcerias

O projeto “Fazendo o bem, não importa a quem”, é uma iniciativa de extensão idealizada pela professora Graziela Rinaldi. Logo no início do período de isolamento social, a docente percebeu que precisava realizar alguma ação para contribuir para a segurança da comunidade contra o vírus. Sabendo da necessidade de uso de máscaras, mas sem saber costurar, começou a busca por profissionais que pudessem atuar na produção.

“A união entre a Escola de Costura Santo Molde e a FURG proporcionou com que fizéssemos a diferença para a comunidade lourenciana”, destaca Livia Silva, designer de moda e professora. Ela também participa do projeto desde seu início e salienta a importância que a iniciativa teve para proporcionar um cenário de mudança na cidade, já muitas famílias se encontravam em situação de vulnerabilidade e não tinham condições de adquirir máscaras ou alimentos.

Além das duas professoras, o grupo é composto por Luana Bunde, bolsista e estudante de Licenciatura em Educação do Campo, Ronaldo Augusto, costureiro, Hariane Nunes, costureira e Sandra Hartwig, costureira. Apenas uma reunião de formação do projeto foi realizada presencialmente, com a adoção de medidas de segurança e o distanciamento social, para que os participantes fossem instruídos sobre a produção das máscaras. Todos os outros encontros foram feitos de forma virtual.

Ações que educam

Além da confecção das máscaras e distribuição dos alimentos arrecadados, no início do projeto, quando não havia casos confirmados de Covid-19 no município, uma das ações realizadas pelo grupo foi a de ir aos bairros de São Lourenço do Sul para educar a população sobre a importância da utilização de máscaras e acessórios de proteção.

Passado mais de um ano da situação pandêmica, o Comitê Científico Estadual de Apoio ao enfrentamento à Pandemia do Covid-19, no dia 16 de abril de 2021, publicou uma nota que reforça a importância da utilização de máscaras no atual e posterior cenário do isolamento social. No documento, o grupo de pesquisadores salienta que existem estudos científicos que evidenciam que o uso de máscaras contribui para a redução da transmissão da infecção pelo vírus SARS-CoV-2.
Os cientistas do Comitê ainda reforçam que a utilização de máscaras deve ser obrigatória, acompanhada de medidas de distanciamento físico e higiene.

Porém, mesmo com dados científicos que comprovam que a máscara é fundamental para a redução do contágio por coronavírus, o grupo do projeto de São Lourenço do Sul encontra certa resistência de parte da população ao uso. Ronaldo Augusto, costureiro, conta que o maior desafio do projeto foi trabalhar a conscientização, já que muitas pessoas se recusavam a usar máscara em locais públicos, em alguns casos desrespeitando também outros protocolos, como o distanciamento social.

Olhar para o outro

“Na criação do projeto, percebi que este era um momento de fazermos bem, sem olhar a quem”, lembra Graziela, a coordenadora da iniciativa, trazendo à tona o nome que é também slogan do projeto. “Quando eu uso máscara, estou me protegendo e também protegendo o outro”, destaca. Como o próprio nome da iniciativa propõe, o contexto pandêmico trouxe aprendizado para todos, principalmente o de preocupação e cuidado com o outro, acompanhado de pequenos atos diários de empatia com quem está ao nosso redor.

Para a equipe do projeto, a união foi essencial, pois assim conseguiram se manter fortes diante das dificuldades que a pandemia trouxe.trouxe e com o senso de responsabilidade por estarem, com seu trabalho, ajudando na prevenção e proteção contra o vírus causador da Covid-19.

A região de São Lourenço do Sul abrange uma grande parte da população rural que com a pandemia acabou tendo seus produtos desvalorizados. E consequentemente, enfrentou períodos difíceis.
“Foi muito importante conseguirmos levar o projeto não apenas para o centro da cidade, mas também para o campo, já que existem muitas famílias que moram na zona rural, assim como eu”, salienta a bolsista do projeto Luane.

Atividades encerram no mês de Junho

Após um ano de projeto, o “Fazendo o bem não Importa a quem” terá suas atividades finalizadas no mês de junho, como havia sido previsto na estruturação da ação.

O saldo foi a produção de mais de 20 mil máscaras e arrecadação e distribuição de 20 toneladas de alimentos. Além dos números, há os resultados imensuráveis, como a ajuda na conscientização da comunidade para o uso das máscaras na proteção contra a Covid-19.

 

 

 

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Máscaras produzidas pelo grupo.

Imagem: Arquivo