PRESENÇA

Ineesol participou da 10ª Expocatadores, em Brasília

Evento é considerado o maior encontro sobre a gestão de resíduos sólidos e reciclagem do Brasil

Photograph: Divulgação

De 19 a 22 de dezembro, a Incubadora de Empreendimentos de Economia Solidária (Ineesol) da FURG esteve presente na 10ª Expocatadores, em Brasília. Considerado o maior encontro sobre a gestão de resíduos sólidos e reciclagem do Brasil, o evento foi realizado na Arena Mané Garrincha e reuniu cerca de dois mil profissionais de todas as regiões do país, entre catadoras e catadores autônomos, e integrantes de cooperativas e associações. Também participaram pessoas ligadas a universidades e entidades parceiras.

A Ineesol foi representada na ocasião pela professora Márcia Umpierre e pelos egressos do curso de Tecnologia em Gestão Ambiental da FURG São Lourenço do Sul (FURG-SLS), Alexandre Terra e Michele Chuquel. A catadora Andressa Medeiros, integrante da direção da Cooperativa dos Catadores de Material Reciclável de São Lourenço do Sul (Coopeforte/Asser), que há sete anos recebe assessoria da incubadora da FURG, também esteve presente no evento.

Márcia avalia que a programação da Expocatadores foi muito rica, possibilitando discussões sobre a gestão dos empreendimentos dos catadores e da gestão pública, a partir de questões como a logística reversa e a organização da reciclagem nos municípios. “Reforçou a luta dos catadores e das catadoras pela reciclagem popular, contrária à incineração. Perpassou também por discussões sobre racismo ambiental e feminismo, principalmente no que diz respeito às mulheres pretas, que são a grande maioria que atuam na reciclagem”.

A docente comenta que o evento também propiciou trocas entre as cooperativas de catadores, os agentes públicos, os pesquisadores e as pesquisadoras, fomentando a construção de políticas públicas e pesquisas que possam atender de forma direta os interesses da classe. “Saímos da Expocatadores já com vontade de voltar para o ano que vem, pois a formação para nós da Ineesol e para a Andressa enquanto catadora foi fantástica. Essa é a missão, a gente voltar e replicar o que aprendemos não só para os catadores da Coopeforte/Asser, em São Lourenço, mas para todas as cooperativas que a gente atua aqui na região”.

Catadora de São Lourenço do Sul integrou discussões do evento

Andressa Medeiros foi a única catadora da região sul do estado presente no encontro, com sua ida viabilizada pelo Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR). O ônibus saiu de Porto Alegre e contou com a presença de mais de 40 pessoas de outras regiões do Rio Grande do Sul. Ela conta que a experiência foi muito importante. “Além de conhecer coisas novas, tu traz informação, tu traz aprendizado, tu traz novas metas e capacitação, que é importante para dentro da minha cooperativa. A gente sai da nossa base, deixa o nosso serviço, mas sempre buscando melhorias, para sempre melhorar”, afirma.

Ela considera que um momento importante do evento foi a entrega de 22 reivindicações do MNCR ao presidente Lula e a uma comitiva de ministros de Estado. O documento solicita a regulamentação de diversas leis e normas federais que beneficiam a categoria, e pode ser acessado digitalmente neste link. “Estar na Expocatadores é para reivindicar nossos direitos como catadores”, ressalta.

Andressa também destaca que o evento proporcionou que ela conhecesse empresas e parcerias empenhadas em garantir recursos e qualidade de vida para o catador, além de oportunizar o diálogo com colegas de outras regiões. “Eu espero participar outras vezes e levar mais colegas para lá. Eles proporcionam um momento para a gente relatar o que a gente passa dentro da nossa cooperativa e do nosso município, que às vezes é mesmo que um colega de outro estado está passando. Nos trazem soluções e alternativas para melhorias. Nessas questões de reivindicações a gente precisa ser ouvido, a gente precisa ser visto, ser respeitado como catador nessa classe. O catador é amigo do meio ambiente, sem a gente também o meio ambiente não flui”.

Egressos da FURG presentes na 10ª Expocatadores

Para a gestora ambiental Michele Chuquel, as palavras que definiram o encontro foram união, solidariedade e força. “Os catadores enfrentam muita coisa, muita rejeição, muito preconceito, são marginalizados, muitas vezes não são vistos como pessoas. E ali, naquele momento, a gente via que nós éramos a maioria ali e aquele evento foi feito para nós. Então, nós sentíamos a nossa importância ali. Nós nos sentíamos importantes, aquele evento com a gente. Tinha várias músicas, danças, místicas, palestras também, mostrando o quanto era importante o trabalho que a gente desenvolve enquanto catador”.

Segundo ela, a presença das autoridades do Governo Federal no evento foi fundamental para fortalecer as reivindicações da categoria. “O nosso trabalho enquanto catador vai muito além da questão financeira, é uma questão socioambiental, porque ajuda as pessoas a saírem de uma situação vulnerável através de uma opção de trabalho e ao mesmo tempo a gente limpa o planeta, a gente recicla, a gente cuida do meio ambiente. Então foi muito muito legal a presença dessas autoridades pra gente mostrar pra eles e se fortalecer mais ainda e apresentar pra eles também as demandas”.

Michele destaca que também foi importante para a incubadora avaliar como se dá a situação dos catadores em diferentes regiões do país, estabelecendo contatos. “Conseguimos trocar telefones para que a gente se una enquanto movimento, catadores e cooperativas, para buscar melhorias para a classe. Esse foi um grande ganho que a gente teve”.

Também gestor ambiental, Alexandre Terra diz que o encontro evidenciou a importância das iniciativas desenvolvidas por universidades no apoio aos catadores. “Sempre tinha uma universidade por trás em diferentes partes do país. Por isso é importante a gente ter a incubadora e agregar pessoas a ela, para ajudar nos processos de evolução, processo de desenvolvimento e de emancipação”.

Com interesse em trabalhar assessorando catadores, Alexandre comenta que o evento trouxe grandes aprendizados. “Minha intenção é trabalhar com os catadores auxiliando eles nas adversidades que eles têm, dentre elas licenças ambientais e conversa com as prefeituras. Como esse encontro é nacional e reúne várias cooperativas do país, é muito interessante ver os exemplos. Pra mim foi muito gratificante porque tu aprende muito no meio”, explica.

Ele também diz que a Expocatadores possibilitou o diálogo entre diferentes instituições de ensino. “Ganhamos grandes apoios e grandes convites para participar de outros eventos e projetos, mostrando o que a incubadora faz aqui pelos catadores”.

 

 

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