ACOLHIDA CIDADÃ

Palestra sobre assédios moral e sexual abre programação de acolhida dos cursos de Eventos, Hotelaria e Turismo da FURG

Iniciativa evidencia a importância do debate continuado sobre o tema no meio universitário

Foto: Otávio Chagas/Secom

Na noite do dia 26 de setembro, teve início a programação da Acolhida Cidadã dos cursos de Eventos, Hotelaria e Turismo da FURG, com a realização da palestra Cultura do assédio: uma conversa necessária, ministrada pela psicóloga da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) do campus Carreiros, Jaciana Araújo. A atividade aconteceu no auditório do Laboratório de Turismo (Latur) e contou com expressiva participação da comunidade acadêmica.

De modo bastante didático, a palestrante iniciou a apresentação expondo aspectos que configuram situações de assédio. No caso do assédio moral, descreveu que a prática engloba violências baseadas em humilhações, agressões, terror psicológico e abusos de poder, vindo a ocasionar danos à personalidade, à dignidade e à integridade física ou psíquica da pessoa exposta. Quanto ao assédio sexual, explicou que as condutas consideradas assediosas, consistem em constranger alguém para obter “favorecimento sexual” a partir de uma lógica baseada em relações de poder assimétricas.

No decorrer de sua fala, a psicóloga trouxe para o debate a dimensão estrutural desse fenômeno, ou seja, a compreensão de que existe uma cultura do assédio nas sociedades modernas, que se construiu ao longo da história de modo que, ainda hoje, orienta as relações sociais e banaliza a violência, seja nos espaços públicos ou privados – daí a importância, destacou a profissional, de incentivar que instituições sociais, como as universidades, desnaturalizem e coíbam tais práticas.

Como formas de enfrentamento a esse problema social, a palestrante apontou a promoção de espaços de acolhimento e de conversas continuadas, que chamem atenção para essa questão. Além disso, salientou a relevância do fácil acesso aos canais de denúncia para que esse tipo de violência seja apurada. Por fim, reforçou a importância da organização coletiva, como a criação de redes de apoio – que dão suporte nos processos de acolhimento e incentivam vítimas a denunciar tais práticas abusivas.

A iniciativa para a realização da palestra, e mais, para que ela fosse realizada não apenas na abertura da Acolhida Cidadã deste semestre, mas também nas edições futuras, partiu da professora do curso de Hotelaria, Clediane Nascimento, que, sensível às demandas dos alunos, articulou junto às coordenações dos cursos e a Prae, a vinda de psicólogos do campus Carreiros para Santa Vitória do Palmar. “É um tema muito importante que necessita cada vez mais ser debatido e esclarecido. Os alunos têm dúvidas quanto a isso e elas precisam ser sanadas”, afirma a docente.

Em entrevista concedida após a palestra, a psicóloga Jaciana Araújo, que atua na FURG há seis anos, explicou que o debate sobre essa temática nunca se esgota, isso porque, de acordo com ela, as formas de assédio se atualizam constantemente, a exemplo do cyberbullying e dos “cancelamentos” nas redes sociais digitais. Nesse sentido, a profissional destaca a importância do trabalho preventivo e a promoção de espaços de acolhimento, nos quais as pessoas sintam-se seguras, demonstrando que práticas desse tipo não são toleradas. “É o nosso dever promover uma universidade que não seja conivente com práticas de assédio. Não nos surpreende ter o dado de que esse fenômeno é um processo importante na questão da evasão e isso é bem sintomático do ponto de vista da psicologia escolar. Se a pessoa chega a evadir por um processo de assédio, imagina o adoecimento psíquico e afetivo das relações que se estabeleceram naquele espaço. Então, a gente tem muito o que fazer e isso é um trabalho de vida constante que não vai parar”, declara.

A estudante Tatiana Mendes, que participou do evento e de uma roda de conversa no dia posterior, testemunha a relevância do debate continuado sobre o tema no meio universitário. No entendimento da discente, as pessoas precisam ser educadas para que saibam quando estão assediando ou, na outra ponta, que reconheçam que estão sendo assediadas. “Se a gente não tiver a sensibilidade para perceber o outro sofrendo assédio, a gente, muitas vezes, não vê. Então, é preciso falar disso todos os dias. Homens e mulheres precisam ser educados e isso é muito importante de ser discutido no meio acadêmico”, informa.

 Atendimento psicológico no campus Santa Vitória do Palmar

 A Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) possui vários canais de acolhimento aos estudantes da FURG. O serviço de psicologia escolar é um deles. No campus Santa Vitória do Palmar, são ofertados dois tipos de serviços: as rodas de conversa e os plantões de atendimento psicológico.

As rodas de conversa são espaços de escuta e orientação coletiva sobre temáticas de saúde mental que transpassam a vivência acadêmica. A participação dos estudantes se dá de forma espontânea no local indicado para as atividades e acontecem mensalmente no campus. Toda a comunidade universitária é convidada a propor temas que possam ser abordados nos encontros.

O plantão psicológico, por sua vez, exclusivo para estudantes regularmente matriculados na FURG, é uma modalidade de atendimento focal, em um único encontro, realizado próximo ao momento de solicitação pelo aluno. O objetivo deste atendimento é oferecer escuta e apoio psicológico pontual, oferecendo informações e planejando estratégias resolutivas que possam auxiliar o aluno a lidar com a situação problema. Atualmente, os plantões de atendimento do campus acontecem de forma remota às quartas-feiras. As solicitações podem ser feitas na sala da Prae no campus ou por e-mail (mikael.correa@furg.br).

Para o psicólogo Mikael Corrêa, ainda que presentemente exista uma limitação de servidores, a Prae tem se articulado de maneira a desenvolver condições equitativas de acesso e permanência dos estudantes no campus. “Infelizmente, a gente tem uma limitação de recursos humanos, mas o que pudermos fazer, nós vamos fazer. O aluno pode contar com a gente”, enfatiza.

 

Este material foi produzido de acordo com as normas disciplinadas pela Instrução Normativa nº 1, de 11 de abril de 2018, bem como se ancora e respeita os demais materiais publicados até o momento no que tange o regramento para a comunicação pública dos órgãos federais durante o período de defeso eleitoral, compreendido de 2 de julho a 2 de outubro, podendo ser prorrogado até o dia 30 do mesmo mês em caso de segundo turno.