PANC

AgroPanc consolida expansão do PancPop e atrai público de diversas regiões do Rio Grande do Sul

Evento reuniu cerca de 100 pessoas, entre agricultores, estudantes, pesquisadores e movimentos sociais

Foto: Larissa Schneid Bueno/Secom

O 5º AgroPanc, promovido pelo projeto de extensão PancPop do Campus FURG São Lourenço do Sul (FURG-SLS), no último dia 11, marcou uma nova etapa na trajetória de sua consolidação.

O que começou como um movimento local, impulsionado por demandas de agricultores, agora se consolida como uma ação de alcance regional e estadual, refletido na diversidade do público presente nesta edição.

A programação reuniu cerca de 100 pessoas, entre agricultores familiares, docentes, estudantes e ex-alunos da FURG, mestrandos, doutorandos, além de autoridades e representantes da Embrapa Hortaliças de Brasília, através do pesquisador Nuno Madeira, e da Embrapa Clima Temperado, parceira do PancPop com sede em Pelotas

O evento também teve a presença do Movimento Ambientalista Verde Novo (primeiro a incentivar o PancPop na região, abrindo espaço para que as Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) fossem tratadas como pauta ambiental e de conservação), do Instituto Padre Josimo, ligado ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), e de cooperativas como a Origem Camponesa e a Arpasul, entre outros grupos agroecológicos. 

Participaram ainda professores e estudantes do Programa de Pós-Graduação em Sistemas de Produção Agrícola Familiar (PPG-SPAF) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), docentes do IFSul Camaquã e estudantes da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS).

Programação

Pela manhã, o evento envolveu práticas de campo conduzidas pela professora e coordenadora do projeto, Jaqueline Durigon, pelo professor Carlos Alberto Seifert Jr. (Jajá) e por Nuno Madeira.

Durante o evento, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer diferentes graus de implementação dos sistemas de PANC, que são destinados tanto à alimentação das famílias quanto à comercialização nas feiras locais. O momento proporcionou ainda a troca direta entre estudantes e agricultores, com espaço para dúvidas e aprendizados práticos no campo.

A atividade ocorreu na propriedade da família Azevedo, com envolvimento da família Fischer, parceiras do projeto.

No almoço coletivo, os participantes degustaram pratos preparados com PANC cultivadas pelas famílias agricultoras do PancPop, incluindo sobremesas que também incorporaram essas plantas, evidenciando a diversidade e a versatilidade do uso das PANC na alimentação.

No turno da tarde, a programação seguiu com atividades formativas, como palestras, rodas de conversa e debates voltados à produção e à comercialização das Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC). 

Um dos destaques foi a fala de Rosiéle Ludtke, agricultora camponesa de Paraíso do Sul e integrante do MPA. Rosiéle compartilhou sua experiência com o cultivo e a venda de PANC em feiras e grupos de consumo responsável, especialmente no modelo Comunidade que Sustenta a Agricultura (CSA), no qual atua na região de Santa Maria.

Durante a palestra, Rosiéle também emocionou o público ao relatar como as PANC tiveram um papel fundamental em sua trajetória após as enchentes que afetaram o estado. 

Embora sua propriedade não tenha sido diretamente atingida pela enxurrada, ela e o Grupo Florescer Agroecológico perderam toda a produção de hortaliças convencionais devido ao excesso de chuvas e à elevação das águas. 

Nesse contexto, a participação no 4º AgroPanc, ocorrido pouco antes da catástrofe, serviu como um importante estímulo para que seguissem com a agroecologia. Com a produção convencional comprometida, as PANC tornaram-se alternativa de renda e continuidade no trabalho, uma vez que a maioria dessas espécies resistiu às adversidades climáticas.

Para a agricultora, as PANC representaram, naquele momento, não apenas segurança alimentar, mas também força para seguir adiante.

Outra palestra da tarde foi conduzida por Nuno Madeira. Além de atuar nas atividades práticas com um dos grupos participantes, Nuno apresentou um panorama de espécies de PANC estudadas pela Embrapa e com potencial de cultivo na região Sul. 

Sua fala abordou as características agronômicas dessas espécies, destacando a facilidade de manejo, a adaptação ao clima local e o potencial de diversificação produtiva que oferecem para a agricultura familiar.

Durigon destacou o crescimento e a diversidade do engajamento na 5ª edição do AgroPanc, ressaltando a ampliação do alcance do projeto com os parceiros.

“À medida que agora temos parceiros em todo o Estado do Rio Grande do Sul, tivemos aqui agricultores e agricultoras de diversas regiões, como Santa Cruz, Vale do Taquari, Santa Maria e o Noroeste do estado. Então, tivemos uma quantidade significativa de pessoas e uma diversidade de origens muito importantes”, disse.

Os agricultores demonstraram entusiasmo em receber esse espaço de troca e aprendizado, fortalecendo a conexão entre saberes tradicionais e pesquisas acadêmicas, em busca de uma agricultura mais diversificada, sustentável e promotora de saúde para as famílias rurais.

Avaliação do evento

O PancPop avalia que a forma como vem trabalhando junto aos camponeses , respeitando as dinâmicas dos agricultores e adaptando o sistema produtivo à realidade de cada um, é um caso de sucesso. 

Essa avaliação foi positiva, pois os participantes se reconheceram nesses sistemas de produção, que não são modelos perfeitos ou vitrines onde as técnicas são aplicadas de forma exata, mas sim sistemas adaptados às condições reais da agricultura familiar. 

"Agricultores e agricultoras, camponeses e camponesas, conseguiram visualizar a possibilidade de inserir as PANC em suas propriedades e em seus grupos agroecológicos", pontuou Jaqueline.

O PancPop também destaca a importância de se dedicar à criação e fortalecimento das redes de bancos de sementes e mudas de PANC, trabalho que já vem sendo realizado.

Com o apoio do Laboratório de Sociobiodiversidade da FURG, inaugurado recentemente, o projeto tem um espaço específico para ampliar a produção de sementes e mudas, facilitando o acesso dos agricultores ao cultivo dessas plantas.

 

Galería

Evento reuniu cerca de 100 pessoas, entre agricultores, estudantes, pesquisadores e movimentos sociais

Larissa Schneid Bueno/Secom