Os dados finais do 7° HortPANC, integrado à 1ª Feira de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC), realizado de 23 a 25 de abril na Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) de São Lourenço do Sul, revelam um evento de grande sucesso com impacto inclusivo significativo.
Realizado pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG) por meio do projeto de extensão Pancpop, com o apoio de diversos parceiros e entidades, o evento priorizou a acessibilidade de diferentes grupos. Inscrições com valores diferenciados foram oferecidas para estudantes, professores da rede básica, agricultores e populações tradicionais “como os quilombolas, que participaram como palestrantes, ouvintes e como feirantes. Tivemos duas bancas na feira de quilombolas, o que engrandeceu muito o evento e trouxe toda a diversidade cultural da nossa região. Outras populações tradicionais, como os pomeranos, também participaram da feira”, salientou Jaqueline Durigon, presidenta do 7° HortPANC e docente da FURG.
Todas as palestras realizadas durante o evento foram registradas e sistematizadas, destacando os principais pontos discutidos. Agora, uma carta formal de São Lourenço do Sul está sendo elaborada para servir como documento para registrar os encaminhamentos e as principais discussões ocorridas durante o evento.
A carta será enviada ao governo federal e ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), que apoiaram o evento, além de outros ministérios envolvidos com as pautas da alimentação, segurança alimentar e soberania alimentar.
Também serão destinadas cópias a entidades locais, regionais e nacionais que atuam com essas questões, garantindo que tenham acesso às discussões e aos temas realizados, além dos encaminhamentos propostos pela rede nacional que se estrutura em torno das PANC.
Pontos altos da programação
Outras atividades também foram planejadas. Uma ciranda foi organizada para as crianças, proporcionando diversão. Além disso, um serviço de transporte foi disponibilizado a partir do Aeroporto Internacional Salgado Filho de Porto Alegre, facilitando a chegada dos participantes de outras regiões no município. Enquanto isso, um acampamento gratuito acolheu os participantes.
O transporte também foi providenciado para o Dia de Campo, no último dia da programação, ocorrido na localidade de Espinilho, interior do município, permitindo a visita de todos os participantes às áreas experimentais de cultivo de PANC.
Conforme informações de Jaqueline, 70% do público foi composto por mulheres e 45% constituído por agricultores e agricultoras (denominados como camponeses e camponesas). A participação de agricultores vinculados a movimentos sociais também foi um dos pontos altos do evento.
"Contamos com a participação de agricultores vinculados ao Centro de Promoção da Agroecologia (CAPA), ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), à Emater, ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)... Tivemos uma diversidade de agricultores ligados a diferentes entidades e movimentos sociais”, mencionou a professora.
Durante o evento, a Cooperativa dos Catadores e Recicladores (Coopeforte) fez a coleta de lixo reciclável. Além disso, 33,46 kg de resíduos orgânicos foram coletados e destinados à compostagem através do empreendimento local Composta SãoLou, que tem como proprietária uma egressa do curso de agroecologia da FURG-SLS.
Feira de PANC
Cerca de 58 feirantes participaram da primeira edição da Feira de Plantas Alimentícias Não Convencionais, incluindo moradores de São Lourenço do Sul e de outras localidades, tanto dentro quanto fora do estado do Rio Grande do Sul. A feira, aberta para toda a comunidade, contou com uma grande diversidade de produtos, refletindo a riqueza da produção agrícola local e regional.
Segundo Durigon, um processo de mapeamento das vendas realizadas durante a feira está em andamento, sendo analisado o impacto delas na geração de renda para os agricultores participantes. Em breve, os dados serão disponibilizados.
No dia 24 de abril, segundo dia da feira, aconteceu a troca de mudas e sementes. “Um momento muito especial também”, relembrou a professora. Foram disponibilizadas diversas mesas dentro do espaço da feira para que agricultores e agricultoras pudessem compartilhar suas sementes e mudas, promovendo a troca entre si. Além disso, os participantes aproveitaram a oportunidade para expor a sociobiodiversidade e a riqueza alimentar de suas áreas de origem, de diversas localidades do país.
“Foi um momento bastante rico de troca de conhecimentos entre os agricultores e agricultoras, algo muito bacana e muito importante para a manutenção desses saberes tradicionais, o fortalecimento da identidade das populações tradicionais, da identidade do campo, as trocas de saberes, trocas de mudas”, concluiu Jaqueline.