MEIO AMBIENTE

INCT Criosfera destaca pontos relevantes do relatório sobre mudanças climáticas

Documento aborda impactos nos oceanos e criosfera, e as consequências globais

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) ouviu a comunidade polar e oceanográfica e lançou na quarta-feira, 25, o Relatório Especial sobre Oceano e Criosfera em um Clima em Mudança (SROCC).

O documento versa sobre mudança do clima em áreas montanhosas, regiões polares, elevação do nível do mar e implicações para as ilhas, costas e comunidades litorâneas e ecossistemas marinhos. Trata, principalmente, do impacto dessas mudanças nos oceanos e na criosfera e as consequências globais.

O Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera (INCT da Criosfera) destaca as principais conclusões do SROCC para as duas regiões polares do planeta. O INCT da Criosfera é a principal instituição voltada à pesquisa polar no Brasil, sendo responsável por aproximadamente 60% da pesquisa antártica nacional. É financiado conjuntamente pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pela Fundação de Apoio a Pesquisas do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs).

 Pontos de destaque do SROCC/IPCC

 Geral: Os impactos das mudanças do clima nos oceanos polares e na criosfera já são disseminados e observados. O mesmo é observado na parte da criosfera situada nas altas montanhas não polares.

 Aquecimento da atmosfera e dos oceanos polares: Os dois oceanos polares (Ártico e Austral) continuam a aquecer, sendo que o aumento no Oceano Austral é muito maior e cada vez mais importante no aumento global do conteúdo de calor nos oceanos.

 Acidificação dos oceanos polares: Os dois oceanos polares continuam a ser importantes zonas de sequestro do dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, e por consequência tornando-se mais ácidos nas camadas superficiais. Isso causa condições corrosivas para certos organismos produtores de conchas de carbonato de cálcio.

 Derretimento do gelo marinho (mar congelado) do oceano Ártico: A extensão do gelo marinho no Ártico, muito provavelmente, continuará a diminuir em todos os meses do ano; as reduções mais fortes ocorrem em setembro (-12,8 ± 2,3% por década; 1979-2018) e isso provavelmente não tem precedentes, pelo menos, nos últimos 1000 anos.

A espessura do gelo marinho ártico continua a diminuir, concomitantemente com o aumento da proporção de gelo mais jovem (congelado mais recentemente). O SROCC atribui parte (pelo menos 50%) ao aumento de temperatura causado pelo aumento da concentração de gases estufa de origem antropogênica na atmosfera.

Estudos começam a apontar que mudanças no gelo marinho ártico poderiam influenciar o clima de latitudes médias em escalas de tempo de semanas a meses, mas a confiança é ainda média dessas investigações.

A atividade de navegação durante o verão no Ártico aumentou nas últimas duas décadas na região, concomitante à redução na área coberta por gelo marinho.

 Aumento do nível médio dos mares (NMM): O nível dos mares está subindo e esse aumento acelerando. A soma das contribuições de geleiras e mantos de gelo (antártico e groenlandês) é agora a fonte dominante de aumento do NMM. Pela primeira vez é observado contribuição de derretimento do manto de gelo antártico para o aumento do NMM.

A perda de gelo antártico é dominada pelo aumento da velocidade, recuo e rápido afinamento das principais geleiras de descarga do manto de gelo da Antártica Ocidental. Isso está sendo desencadeado pelo derretimento das plataformas de gelo por águas com temperaturas mais elevadas do oceano adjacente.

O prognósticos para o aumento do NMM, até o ano de 2100, variam entre 0,29 m e 1,10 m, dependendo dos diferentes cenários de aumento de gases-estufa na atmosfera.

Devido ao aumento médio projetado para o NMM, eventos extremos (exemplo: marés meteorológicas) historicamente raras (por exemplo, que ocorrem a somente a cada cem anos de hoje) se tornarão mais comuns em 2100.

Impacto na vida selvagem: Em ambas as regiões polares, as mudanças induzidas no clima do oceano e no gelo marinho, juntamente com a introdução humana de espécies não nativas, expandiram o leque de espécies temperadas e contraíram o leque de espécies de peixes polares associadas ao gelo.