PANC

FURG São Lourenço do Sul sedia evento nacional sobre hortaliças não convencionais em abril

Primeiro lote de inscrições encerra nesta sexta, 9

Foto: Gabriela Schmalfuss/SECOM

De 23 a 25 de abril, os projetos PANCPOP e PANCultura, vinculados à FURG São Lourenço do Sul, serão responsáveis por realizar o 7º Encontro Nacional de Hortaliças Não Convencionais (HortPANC), considerado o maior encontro sobre Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) do país, em conjunto com a universidade e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Hortaliças, de Brasília/DF.

O evento é apoiado pela Embrapa Clima Temperado, de Pelotas/RS; a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); a Incubadora de Empreendimentos de Economia Solidária (Ineesol) da FURG; o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), a Cooperativa Mista dos Fumicultores do Brasil (Cooperfumos), o VP Centro de Nutrição Funcional e a Isla Sementes.

O HortPANC visa ampliar o diálogo sobre a produção das PANC, espécies que têm ganhado cada vez mais espaço no contexto nacional, se mostrando uma alternativa na busca por diversidade alimentar e trazendo impactos positivos à renda de agricultores e agricultoras.

Os dois primeiros dias (23 e 24 de abril) serão realizados na zona urbana de São Lourenço do Sul, em local que ainda será definido. Estão previstas palestras, mesas redondas, rodas de conversa, feiras e atividades culturais. Já o encerramento do HortPANC acontecerá no dia 25 de abril, em um dia de campo no interior do município, na localidade de Espinilho, onde está sendo desenvolvida uma área experimental.

Desenvolvimento da área experimental

Mutirões regulares para a preparação da área experimental estão sendo realizados por estudantes e professores da FURG, agricultores e agricultoras, e pessoas da comunidade.

Na última quinta-feira, 1º de fevereiro, o grupo recebeu o engenheiro agrônomo Nuno Madeira, pesquisador da Embrapa Hortaliças que detém a maior coleção de hortaliças não-convencionais do Brasil.

Em novembro de 2023, ele já havia estado no local dando orientações e atuando na construção participativa do sistema. Agora, Nuno avaliou o crescimento e auxiliou no manejo das espécies. Segundo o pesquisador, a visita foi importante para corrigir aspectos como irrigação e adubação, para que no dia de campo seja possível mostrar ao público as diferentes fases de desenvolvimento de cada uma das plantas.

Ao todo, são 70 espécies já cultivadas na área experimental, entre hortaliças folhosas, tuberosas e perenes, e frutíferas PANC. Com a vinda, Nuno se surpreendeu com a abundante quantidade produzida no espaço. “Áreas preparadas para o evento já estão produzindo comida. Você colhe dois, três, quatro, cinco quilos de comida em um metro quadrado. É essa abundância, essa riqueza, uma riqueza verdadeira, que não é de dinheiro, é de comida, é de saúde, que a gente quer promover, que a gente quer mostrar”.

Interiorização do debate

Segundo Jaqueline Durigon, docente da FURG e coordenadora dos projetos PANCPOP e PANCultura, a realização de uma edição do HortPANC em uma cidade do interior tem sido desafiadora e gratificante. “Tem sido um grande desafio trazer um debate que já está bastante consolidado em capitais para o interior do Estado. Mas, por outro lado, tem sido algo muito enriquecedor, tanto para a equipe que está organizando, para a equipe do projeto PANCPOP, que já vem trabalhando nessa temática, mas também para a comunidade acadêmica da FURG como um todo, para os agricultores e agricultoras que são parceiros do projeto e para pessoas da comunidade”, afirma.

Jaqueline avalia que a construção do evento tem sido importante para o reconhecimento da universidade, dos projetos PANCPOP e PANCultura, e do campus São Lourenço do Sul.
“Têm sido momentos bastante construtivos, onde estamos mostrando o trabalho da universidade e concretizando em ações práticas aquilo que trabalhamos em termos de conteúdo e pautas que defendemos; desenvolvendo ideias e projetos que tínhamos anteriormente, como a construção da área experimental, e estabelecendo parcerias com entidades”.

Além disso, a coordenadora ressalta o aprendizado mútuo gerado a partir da coletividade firmada entre a comunidade acadêmica, os agricultores e agricultoras, e pessoas da comunidade. “Muitas coisas a gente não alcançaria se não fosse dessa forma. Então tem sido um processo muito bonito e muito fortalecedor da FURG e da extensão universitária, que tem demonstrado toda a sua potência, como o carro-chefe dos processos formativos na universidade”.

Nuno explica que São Lourenço do Sul foi escolhida como sede do evento tendo em vista o arranjo institucional existente entre a universidade e as demais instituições promotoras, e por características presentes na região. “Aqui vemos um espírito que tem tudo a ver com a alma do trabalho das PANC, que é o quintal produtivo, a produção para a autoalimentação e que não visa só o lado comercial. São vários atores participando da construção do evento, muitos estudantes e muitos agricultores familiares que ainda têm um quintal diversificado, que têm uma preocupação de plantar o que vão comer”.

O pesquisador destaca que esse movimento tem se consolidado a partir da atuação do projeto PANCPOP. “Já estamos ouvindo falar do projeto há uns cinco anos pelo menos, e agora o grupo chegou nesse nível de maturidade, trazendo esse evento em nível nacional”, diz Nuno, apontando que a expectativa é que 20 a 40% do público presente no evento seja de fora. “O objetivo do evento é sempre promover regionalmente a produção nos quintais, na agricultura familiar e também um pouco de comercialização do excedente, demonstrando que esse não é um movimento passageiro. Realmente isso se trata de qualidade de vida, de saúde, de nutrição, de culinária, de gastronomia, de comer com prazer, de comer com carinho. É muito mais do que só um produto comercial e tem tudo isso aqui”, ressalta.

Próximos passos

A área experimental continuará a ser monitorada à distância por Nuno até o dia do evento. “Temos um cronograma de plantios de agora até o evento, para que quando chegarmos no dia de campo essas plantas estejam no seu pleno vigor e no seu estágio mais favorável visualização”, explica Jaqueline.

Além disso, a coordenadora diz que a comissão organizadora investirá no fortalecimento de laços com as entidades vinculadas à agricultura familiar, para garantir a presença tanto de agricultores e agricultoras, quanto de povos e comunidades tradicionais. “Queremos garantir a presença dessas pessoas aqui nesse debate, que é tão importante para a diversificação produtiva, para a soberania e segurança alimentar”.

Como participar do 7º HortPANC

O primeiro lote de inscrições com valores reduzidos vai até esta sexta-feira, 9, devendo ser realizadas neste formulário.

O prazo para submissão de trabalhos também está aberto até o dia 29 de fevereiro. Serão avaliados e aceitos para submissão resumos em espanhol ou português que contemplem estudos científicos ou relatos de experiências relacionados com PANC. O envio deve ser realizado no site do evento, neste link.

A organização disponibilizará ônibus do aeroporto Salgado Filho, de Porto Alegre/RS, até São Lourenço do Sul. O transporte é exclusivo e gratuito para participantes que descem no aeroporto.

Grupos maiores com interesse em participar do evento podem entrar em contato com a comissão organizadora pelo whatsapp (53) 99188-5185 para consultar a viabilidade de valores diferenciados. Mais informações também podem ser acessadas na página www.instagram.com/hortpanc .

 

 

Galería

Registros do mutirão realizado em 1º de fevereiro, com o pesquisador Nuno Madeira, da Embrapa Hortaliças (Brasília/DF)

Foto: Gabriela Schmalfuss/SECOM