VOLTA ÀS AULAS

Visitação ao centro histórico de Santa Vitória do Palmar encerra as atividades da Acolhida Cidadã do curso de Turismo da FURG

Roteiro do passeio contemplou monumentos e casarões de personalidades importantes no processo de formação da cidade do extremo sul gaúcho

Photograph: Divulgação/PET Turismo FURG

A Igreja Matriz, localizada em frente à Praça General Andréa, foi o ponto de encontro dos novos alunos do Turismo da FURG, que experienciaram uma “volta ao passado” em passeio guiado pelo centro histórico de Santa Vitória do Palmar. A atividade, idealizada pela coordenação do curso, em parceria com o PET Turismo e o Laboratório de Pesquisa em Turismo (Latur), ocorreu na tarde de segunda-feira, 2, e teve a finalidade de despertar nos estudantes reflexões sobre a importância da valorização e preservação dos patrimônios históricos culturais da cidade.

O passeio teve início com a visitação do busto em homenagem ao Comendador Manoel Corrêa Mirapalhete, fundador do município e responsável pela construção da Igreja na localidade. Segundo dados oficiais, a cidade leva o nome atual devido à devoção da família de Mirapalhete a Santa Vitória e à grande quantidade de palmeiras então existentes na região. De acordo com Ligia Dalchiavon, professora que guiou o passeio, existem apenas duas imagens originais da Santa, uma na cidade gaúcha e a outra em Ravenna, na Itália. “O busto do Comendador está situado no local em que, segundo contam, ele ficava admirando e acompanhando a obra da Igreja”.

Após esse momento, o grupo dirigiu-se ao sobrado conhecido como a “Casa de Chico Plastina”, construído em 1862 sob influência barroca. No local, funcionou o Hotel das Duas Nações, onde hospedaram-se influentes políticos da época, envolvidos nas demarcações de fronteiras entre Brasil e Uruguai. Também foram visitados os sobrados de Manoel Vicente do Amaral, intendente do município entre os anos de 1908 até 1924, e de Plácido Terra, cuja construção do imóvel, em estilo arquitetônico português, data do ano de 1873.

O roteiro do passeio turístico também proporcionou paradas em frente ao Clube Comercial Caixeiral, ainda em funcionamento na cidade, e ao Teatro Independência, atualmente fechado por não se adequar à legislação vigente que estabelece normas sobre segurança, prevenção e proteção contra incêndios. “O nosso teatro teve um papel bem importante para a cidade. Ele foi construído a partir de uma associação de pessoas e hoje está concedido em regime de comodato para a prefeitura. [...]. Como é um prédio tombado pelo município e pelo Estado, precisa agora de um projeto arquitetônico que atenda às adequações propostas pela Lei da Boate Kiss. Isso já está sendo providenciado”, relata a professora Ligia.

Em seguida à historicização dos casarões no entorno da principal quadra da cidade, os estudantes foram conduzidos ao interior da praça central. Caminhando em um espaço arborizado e sob o canto de incontáveis caturritas que se aninham na copa das palmeiras, o grupo conheceu os monumentos nela presentes: o monumento às mães, a Santa Vitória, aos Farroupilhas, à Bandeira Nacional, entre outros. Na ocasião, destacou-se a explicação sobre o busto em homenagem a José Benedito de Los Santos, responsável pelo primeiro transporte intermunicipal terrestre ligando a Barra do Chuí a Rio Grande. Denominado de linha Atlântica, o trajeto era feito pela costa marítima em carros modelo Ford adaptados para seis lugares.

A visitação guiada chegou ao fim no local em que foi construída uma rosa dos ventos para demarcar o marco zero do município. Com um olhar atento aos pontos cardeais, a estudante Claudiane Assunção Trindade Caiano, que saiu do extremo norte do país (Belém do Pará) para cursar turismo no extremo oposto, surpreendeu-se com a história da cidade que conheceu através do passeio: “Eu fiquei surpresa, acabou me enriquecendo ver os prédios históricos que a cidade tem. [...]. Estar ali num lugar que remete a Portugal. [...]. Pra mim está sendo uma experiência incrível. Serão três anos aqui, então tenho certeza que será muito bom. Ainda não conheci toda a cidade, mas já deu para ter uma sensação de que ela é, de fato, acolhedora e o povo é muito receptivo”.

O city tour no centro histórico de Santa Vitória do Palmar, como é conhecida essa atividade, acontece desde 2011 e é uma promoção do grupo PET e do curso de Turismo da FURG. Promovida eventualmente, a iniciativa compõe a agenda das ações ofertadas pelo campus à comunidade vitoriense. “Através desse roteiro, nossa intenção é fazer com que as pessoas conheçam um pouco da história de Santa Vitória do Palmar, entendam essa caminhada ao longo do tempo e tenham um conhecimento sobre seu patrimônio, porque a gente não preserva e não salvaguarda aquilo que a gente não conhece, que não nos toca”, complementa a professora Ligia.