Formatura

FURG-SLS celebra a colação de grau da primeira turma de Letras – Português e Literaturas de Língua Portuguesa

Criado em 2020, curso superou desafios e formou as duas primeiras licenciadas

Photograph: Secretaria de Comunicação/Secom

Na noite do dia 5 de abril, a comunidade acadêmica do Campus São Lourenço do Sul da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) se reuniu na Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Marina Vargas para prestigiar a colação de grau de dez estudantes dos cursos de Agroecologia, Licenciatura em Educação do Campo, Letras – Português e Literaturas de Língua Portuguesa e Tecnologia em Gestão Ambiental.

A cerimônia foi marcada por um momento histórico: entre os formandos, Maria Juliana Forster e Renata Nunes Gehling Krause protagonizaram a primeira colação de grau do curso de Letras, criado em 2020. 

Além de representar a estreia do curso no campus, a dupla simboliza a concretização de um projeto que nasceu em meio a desafios e hoje se traduz em conquistas, significados e novos horizontes.

A solenidade contou com a presença do reitor em exercício, Edinei Gilberto Primel, de representantes institucionais, de docentes de outros cursos e de professores que marcaram a trajetória da primeira turma. Entre eles, a professora Cláudia Camila Lara, escolhida como paraninfa; o professor Lauro Gomes, como patrono; e o professor João Cláudio Arendt, coordenador do curso. Além deles, outros docentes do quadro também foram homenageados pelas formandas, em reconhecimento à dedicação e ao papel fundamental na formação da turma.

Para o professor Cláudio, o momento teve uma dimensão histórica. “A colação de grau é um momento muito importante para todos os estudantes, porque constitui a coroação de uma trajetória de esforços para a obtenção de um diploma que os diferencia no mercado de trabalho. No caso do curso de Letras, esse momento teve um sabor especial, já que se trata da primeira turma de formandos aqui no Campus de São Lourenço do Sul. Portanto, todos os envolvidos — docentes, estudantes, servidores técnicos e comunidade lourenciana — estão de parabéns por esta realização”, destacou.

O início da primeira turma foi marcado por inquietações e incertezas. Criado em um cenário de limitações orçamentárias e com a pandemia logo na sequência, o curso enfrentou ainda enchentes e outras dificuldades ao longo dos últimos anos. Para a professora Cláudia Camila Lara, a formatura foi também um momento de retrospectiva do esforço das estudantes para ir além do que foi proposto em sala de aula. 

“Elas buscaram uma formação completa, participaram de eventos, palestras, projetos e se dedicaram muito aos estudos. O sentimento ao ver essa primeira turma se formando é de que o esforço valeu a pena”, observou.

Emocionada, a professora falou ainda sobre o significado de ser escolhida como paraninfa: “É um reconhecimento imensurável da competência e da dedicação de cada semestre. Eu sou muito grata por isso. Saber que elas serão colegas de profissão é o maior presente que posso receber. É esse sorriso que me dá ânimo para seguir”, disse.

Sonhos que resistiram ao tempo

A trajetória das formandas também foi marcada por histórias singulares. Renata, por exemplo, aguardava há anos a chance de ingressar em um curso superior na área. “Sempre amei a Língua Portuguesa e, desde que concluí o Ensino Médio, queria cursar Letras. No final de 2019, quando soube que inauguraria o curso, de forma presencial, no campus da FURG, em São Lourenço do Sul, fiquei radiante, pois a oportunidade de realizar esse sonho estava próxima”, recordou.

O percurso de graduação ainda foi marcado por vínculos fortes entre colegas, professores e a Universidade. Para Renata, fazer parte da primeira turma de Letras é motivo de alegria e honra que até hoje rende memórias de carinho, emoção, nervosismos e expectativas durante os primeiros dias da graduação.

“Tentei aproveitar ao máximo cada minuto. As aulas foram fantásticas, pois o corpo docente do Curso de Letras é de excelência, o que já está provocando uma saudade imensa, bem como dos colegas. Muitos momentos maravilhosos marcaram esse período; outros, desafiadores, como a pandemia, a enchente... Mas a Universidade ofereceu todo suporte e apoio possível nessas situações difíceis”, relatou.

Ao projetar o futuro, Renata destaca a importância da valorização da instituição no município. “Espero que, não apenas o curso de Letras, mas a FURG, como um todo, seja valorizada e reconhecida em nosso município, pois temos uma instituição que oferece ensino de qualidade gratuitamente. Nosso curso obteve conceito máximo de excelência após avaliação do MEC, refletindo o empenho e a dedicação de todos os envolvidos”, acrescentou.

Já Maria Juliana encontrou no curso de Letras um novo rumo para sua vida acadêmica. Após uma tentativa no curso de Gestão de Cooperativas, ela decidiu seguir seu interesse pela Língua Portuguesa.

“Desde o ensino fundamental e médio gostei de estudar português, mas não havia cogitado fazer uma graduação de língua portuguesa. Em 2018 fiz um ano do curso de Gestão de Cooperativas, entre percalços e falta de afinidade com o curso, tranquei. No ano de 2019, saindo da prova do ENEM, encontrei uma ex-professora da FURG, a professora Eliza. No caminho de volta pra casa, conversamos sobre a vinda do curso de Letras para o campus, o que despertou muito interesse e se tornou uma realidade, um propósito”, lembrou.

Ao refletir sobre os efeitos da formação, Maria destaca que a graduação vai além da formação docente. Para ela, o curso amplia a percepção de mundo e prepara os estudantes para os desafios da vida cotidiana. 

“O curso não forma apenas professores, mas pessoas mais críticas, sensíveis e mais preparadas para lidar com as situações do cotidiano. O curso nos trouxe ferramentas teóricas, práticas e novas formas de ver a linguagem e a literatura. Além de tudo, o curso ensina a compreender melhor os processos de aprendizagem e a firmar o compromisso com uma educação de qualidade”, ressaltou.

O encerramento da graduação também despertou reflexões sobre o papel simbólico de fazer parte da primeira turma. Para Juliana, “é um misto de orgulho, responsabilidade e emoção. Ser parte da primeira turma é uma responsabilidade muito desafiadora, estamos abrindo caminhos para as que virão. De alguma forma fomos referência e com isso buscamos sempre que fosse de forma positiva, para construir e consolidar o curso. Ao mesmo tempo, é um fechamento de ciclo que carrega gratidão e uma certa nostalgia. Vivemos tudo pela primeira vez e, por isso mesmo, tudo teve um peso simbólico muito forte”, concluiu.

Compromisso com a educação pública

A atuação das duas formandas foi acompanhada de perto pelos professores do curso, inclusive no estágio supervisionado. O professor Lauro, que foi patrono da turma, destacou o compromisso das estudantes com a educação pública. 

“A primeira turma formada pelo Curso de Letras - Português e Literaturas de Língua Portuguesa fez história e deixará muita saudade. O compromisso das estudantes com uma educação pública de qualidade é uma de suas marcas registradas”, reconheceu.

Ele também ressaltou a dedicação das licenciadas ao longo da formação: “Em cada nova disciplina, consegui perceber o constante aperfeiçoamento pessoal e acadêmico das estudantes. Portanto, sempre as encontrei com muita alegria e gratidão, por me permitirem exercer a docência universitária com a qualidade que acredito ser essencial em um curso de graduação em Letras de excelência”, enfatizou.

Lauro ainda mencionou as perspectivas acadêmicas das egressas, que pretendem seguir com estudos em nível de pós-graduação. “Hoje, licenciadas, nossas mais novas profissionais de Letras preparam-se para ingressar em cursos de mestrado, e tenho plena convicção de que elas estão preparadas tanto para lecionar na educação básica quanto para seguir estudos em nível de pós-graduação”, afirmou.

Futuro do curso

O encerramento da primeira turma representa, para o professor Cláudio, uma virada de chave para o futuro do curso no município. Segundo ele, “trata-se, com certeza, da primeira de muitas formaturas do Curso de Letras em São Lourenço do Sul. Com a crescente valorização do magistério, os jovens lourencianos poderão concluir o Ensino Médio e ingressar em um curso que oferece ensino, pesquisa e extensão de qualidade.”

Quanto às próximas turmas, ele afirma que a expectativa é de ampliar a visibilidade do curso na cidade. “Não só para ocupar as vagas oferecidas, mas também para qualificar o ensino de Língua Portuguesa e Literatura na educação básica do município”, completou.

Recado às futuras gerações

Ao olhar para trás com gratidão, Renata e Maria Juliana também deixaram mensagens para os futuros estudantes, destacando a importância do envolvimento com o curso e com as oportunidades que a Universidade oferece.

“Eu diria para aproveitarem cada oportunidade que a Universidade oferece. A sala de aula é apenas o começo, pois há muitas formas de envolver-se nos estudos, como grupos de iniciação científica, monitorias, PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência), estágios, entre outras. São maneiras de aliar o trabalho aos estudos, de forma rica e proveitosa”, incentivou.

Por fim, Maju aconselha que os estudantes vivenciem o curso com intensidade, aproveitando cada oportunidade, desde as disciplinas e os estágios até as conversas e trocas de experiências, como formas de crescimento não apenas profissional, mas também pessoal.

“O curso é desafiador mas também é um lugar cheio de descobertas, momento de construir sentido e de afetos. Se envolvam, se posicionem, compartilhem dúvidas e celebrem cada conquista”, finalizou.

 

 

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