Na noite de segunda-feira, 25, a Câmara de Vereadores de São Lourenço do Sul realizou uma mesa com representantes da comunidade que trabalham com as mulheres no município. Atividade organizada pelas vereadoras Carmem Rosane Roveré (PSB) vice-presidente da Câmara e Procuradora Especial da Mulher no legislativo, Marcia Lucas (PT) Procuradora Especial da Mulher Adjunta e Fernanda Bork (PT), conduziram os trabalhos durante a sessão especial.
O delgado da polícia civil Edson Ramalho, que tem sido parceiro das atividades realizadas pelo Coletivo Feminista Dandaras/FURG, falou sobre as violências que as mulheres sofrem a realidade do trabalho no Cartório da Mulher, a atuação das mulheres policiais, e explicou como é feito o atendimento das vítimas de violências no município, a partir do momento que elas procuram a delegacia de polícia para denunciarem os agressores.
Também compôs a mesa, a doutora em neurociências Joseane Jiménez Rojas liderança no município junto com outras mulheres/mães de crianças autistas. Sua fala ressaltou a luta das mulheres na comunidade, nas escolas e nos órgãos públicos para que seus filhos e filhas tenham atendimento qualificado. Também mencionou a importância das escolas e profissionais da educação se preparar para receberem essas crianças.
Estiveram presentes ainda Janine Gomes e Valéria Meyer, do Coletivo Feminista Dandaras/FURG, que realizou oficinas para valorizar e fortalecer os grupos de mulheres e meninas, incentivando a auto-estima, para que protagonizem, se valorizem e aprendam a romper com as “amarras” que as prendem.
Universidade em Diálogo
A professora da FURG, Graziela Rinaldi da Rosa educadora popular feminista, pesquisadora, Promotora Legal Popular, líder do Coletivo Feminista Dandaras e que atualmente desenvolve uma pesquisa que visa conhecer e valorizar as mulheres que vivem nos seis quilombos de São Lourenço do Sul falou sobre o papel político das mulheres, sobre o feminismo e a luta das mulheres.
Rinaldi destacou a importância de o município ter uma universidade pública, de qualidade e gratuita, com cursos voltados especialmente para o fortalecimento dos povos do campo, que contribua para o protagonismo das mulheres que ocupam cargos de poder, que lutam junto às mulheres negras, quilombolas, pomeranas e agricultoras familiares, apontando que essas estão começando a acessar a universidade e a protagonizar nela.
Graziela lembrou as autoridades que a violência contra as mulheres é questão de saúde pública e que é emergente que se trabalhe esse tema nas comunidades. “Temos muitos casos de violências, especialmente a psicológica, a física e a patrimonial. As instituições públicas, lideranças e políticas públicas têm que se comprometerem efetivamente com as mulheres e as lutas feministas. É urgente a necessidade de termos uma forte rede de enfrentamento as violências, bem como um plano municipal que lembre essa diversidade populacional. É preciso ouvir os gritos das mulheres, suas marchas e caminhadas devem ser respeitadas”, mencionou Graziela.
A professora encerrou enfatizando que, “o conselho da Mulher precisa sair do papel, pois já tem lideranças reconhecidas na comunidade que vem desenvolvendo um trabalho comprometido com as mulheres. As lourencianas precisam de trabalho, e ter seus direitos trabalhistas garantidos. É urgente a demanda de um trabalho a nível municipal que contribua para o fortalecimento dos grupos de mulheres, sejam elas as jovens e mulheres do campo; as quilombolas; as pomeranas; as pescadoras; as agricultoras familiares e artesãs. Temos que investir no incentivo da auto-organização das mesmas”.