Agroecologia

Alunos da FURG-SLS vivenciam práticas agroecológicas e reforçam o compromisso com o futuro do campo

Experiência no Sítio Novo Mato, em Pelotas, evidenciou os desafios da agricultura ecológica, o impacto das escolhas dos jovens agricultores e a aplicação de métodos de cultivo sustentável

No dia 18 de dezembro, a FURG São Lourenço do Sul (FURG-SLS) proporcionou aos alunos da disciplina Vivências em Agroecologia, ministrada pela professora Letícia Hellwig, do curso de Agroecologia, uma experiência prática no Sítio Novo Mato, localizado na Colônia Santa Helena, em Pelotas.

A atividade foi realizada na propriedade de base ecológica do casal Eric Kurz Mielke, 29, e Jayne Coutinho de Oliveira, 26, com seus filhos, e promoveu reflexões sobre os desafios enfrentados pelos jovens agricultores e as estratégias que podem garantir a permanência no campo. Além disso, a vivência permitiu aos alunos compreender as dificuldades e conquistas de quem escolhe investir na agricultura ecológica.

“Durante a vivência, destacou-se o papel essencial da educação na transformação do campo em um espaço de oportunidades e desenvolvimento sustentável. A educação em agroecologia, em especial, não apenas capacita jovens, mas também promove uma profunda mudança cultural, resgatando o valor da terra, da biodiversidade e das práticas sustentáveis”, compartilhou Letícia.

Antes de ingressar na agroecologia, Eric trabalhava com a prestação de serviços para a produção de tabaco. Ele e Jayne conheceram a agroecologia por meio de um curso técnico oferecido pela Escola Família Agrícola da Região Sul (EFASUL), o que fez da agroecologia um propósito de vida para o casal. A transição para a nova atividade começou em 2019.

Segundo Eric, os principais desafios atuais são a produção em maior escala, atender a todas as demandas e lidar com as propriedades vizinhas que ainda utilizam venenos. Para ele, a visita da Universidade foi significativa, pois possibilitou um diálogo sobre a agroecologia e a trajetória de vida do casal, fortalecendo o compromisso deles com a prática.

Ao tentar compartilhar sua experiência com a agroecologia no meio da agricultura convencional, Eric fez um desabafo: “Eles criticam, julgam e excluem. Então, quando recebemos pessoas que têm a mesma visão agroecológica, é muito bom, pois ficamos isolados de outros produtores agroecológicos. Temos só a agricultura convencional ao redor, e chega um momento em que cansa, porque queremos falar sobre a agroecologia, que é o que gostamos de viver.”

Letícia ressalta que essa trajetória demonstra o quanto a educação em agroecologia é fundamental para despertar novos olhares sobre o campo e capacitar os jovens a se tornarem agentes de mudança em suas comunidades.

“A educação, nesse contexto, não apenas transforma vidas, mas também fortalece o campo como um espaço de inovação, sustentabilidade e esperança para as próximas gerações. Diante do preocupante cenário do êxodo rural, especialmente entre os jovens, torna-se essencial oferecer experiências como esta aos estudantes. Muito se discute sobre a importância da permanência no campo, mas são poucas as oportunidades de vivenciar e compreender os desafios reais enfrentados por quem escolhe permanecer”, afirmou.

Após a reflexão, os estudantes implementaram métodos de cultivo ecológico na propriedade, transformando sua relação com a terra e criando um modelo de produção sustentável.

 

Experiência dos estudantes

Para os alunos, os momentos de vivência direta são fundamentais na formação profissional, pois, ao se depararem com a realidade dos jovens agricultores, podem refletir sobre suas próprias escolhas e desenvolver uma compreensão mais ampla e crítica dos caminhos possíveis para fortalecer a agricultura sustentável e a vida no campo.

“É profundamente inspirador ver jovens que acreditam na terra e investem nela com coragem e determinação, desafiando a lógica do êxodo rural. Precisamos seguir dialogando, aprendendo e fortalecendo essa rede de pessoas comprometidas com a agroecologia e com o futuro do campo,” destacou um dos estudantes.

Letícia lembra que ouviu de uma estudante que a visita foi revigorante, confirmando que seu papel como professora está sendo cumprido por meio de experiências que inspiram, transformam e conectam os alunos com a realidade prática do que aprendem em sala de aula.

Para a professora, esses momentos reafirmam a importância de promover vivências que fortaleçam o conhecimento e o compromisso com um futuro mais sustentável. Isso vai além do aprendizado técnico, pois é um convite à valorização da terra, da cultura rural e do papel transformador que cada um pode desempenhar em sua comunidade e na sociedade como um todo.

“A visita foi concluída com a certeza de que a agroecologia é um caminho promissor para construir um futuro mais justo e sustentável no campo. Para os estudantes, o contato direto com a realidade dos jovens agricultores foi transformador, reforçando a importância da formação prática e do desenvolvimento de soluções inovadoras para os desafios rurais”, pontuou.

A docente ainda destaca que a experiência reafirmou o papel transformador da educação na promoção de práticas agrícolas sustentáveis e na criação de oportunidades para os jovens no campo, unindo conhecimento técnico, valorização cultural e compromisso com o meio ambiente.

“A agroecologia desponta como uma ferramenta poderosa para reverter o abandono rural e construir um futuro mais equilibrado e conectado com a natureza, impactando positivamente tanto as comunidades rurais quanto a sociedade como um todo”, concluiu.

 

 

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