Quatro pesquisadores da FURG estão na lista dos mais influentes do mundo publicada pela revista científica PLOS Biology. No artigo intitulado "A standardized citation metrics author database annotated for scientific field", é apresentada uma metodologia para avaliar as citações de autores de trabalhos científicos, com a proposição de uma medida de excelência. Assim, a partir de uma base de dados de mais de 6 milhões de cientistas com no mínimo cinco artigos publicados, foram selecionados os 100 mil mais influentes ao longo de sua carreira e também os 100 mil mais influentes no ano de 2019.
Jorge Alberto Vieira Costa e Michele Greque de Morais, ambos da Escola de Química e Alimentos (EQA), José Maria Monserrat, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) e Graçaliz Pereira Dimuro, do Centro de Ciências Computacionais (C3) da FURG constam na relação dos mais influentes no ano de 2019. Todos eles atribuem o reconhecimento ao trabalho coletivo e reforçam a importância da pesquisa para o desenvolvimento da sociedade.
“Ter o nosso nome nessa lista é reconhecimento não apenas do trabalho individual, mas do trabalho de uma equipe. Na pesquisa, não se consegue trabalhar sozinho. No Laboratório de Engenharia Bioquímica, em que atuo, somos cerca de 30 pessoas entre professores, técnicos, pós-doutorandos, doutorandos, mestrandos do Programa de Pós-graduação em Engenharia e Ciência de Alimentos e estudantes de graduação. E isso é um reconhecimento do trabalho de todo mundo e para a universidade, uma instituição que está fora dos grandes centros”, afirma Jorge Alberto. “Queremos realmente, com o nosso trabalho, melhorar os índices sociais e tecnológicos e de inovação deste país”, conclui.
Para Michele, responsável pelo Laboratório de Microbiologia e Bioquímica da EQA e professora do Programa de Pós-graduação em Engenharia e Ciência de Alimentos, a publicação da relação é motivo de celebração para o Brasil, com a menção a pesquisadores e pesquisadoras de muitas instituições brasileiras na lista dos mais influentes. “Esse reconhecimento é importantíssimo para o nosso país, pois mostra que apesar de todas as dificuldades que nós pesquisadores passamos, conseguimos fazer um trabalho sério”. Ela indica três pontos-chave para compreender a presença na relação dos mais influentes: “Um deles é a gente acreditar no que faz. Eu realmente acredito que o que pesquisamos e estudamos pode mudar o mundo para melhor. É muito trabalho e dedicação para chegarmos aos resultados. E outro é a equipe extraordinária com a qual contamos, em todos os desafios que assumimos”.
“Ficar sabendo disso foi motivo de imensa alegria e orgulho para mim e, ao mesmo tempo, representa uma grande conquista institucional para a FURG”, comemora Monserrat, que compartilha o reconhecimento com o ICB e o grupo de pesquisa EAOx (Espécies Ativas de Oxigênio). Para o professor, que atua nos programas de pós-graduação de Aquicultura e de Ciências Fisiológicas da universidade, “é fundamental entender que a ciência é uma construção coletiva, dependendo de inúmeras pessoas para manter a estrutura operacional necessária dentro da universidade para que se crie um ecossistema propício para efetuar nosso trabalho”. O professor ainda observa que “este reconhecimento coletivo da nossa ciência, em nível internacional, nos faz refletir sobre a importância estratégica para o Brasil das pesquisas desenvolvidas em universidades públicas e gratuitas, um caminho que, sob nenhuma circunstância, deveríamos abandonar."
“Estar entre os 1.47% mais influentes cientistas em Inteligência Artificial do mundo em 2019 é fruto do trabalho integrado e dedicado junto a meus parceiros - professores, estudantes e pós-doutorandos dos grupos de pesquisa Compflex (Computação Flexível) e Ginfo (Gerenciamento de Informações) do C3”, afirma a professora Graçaliz, que ainda salienta a visão científica da direção do C3: “Sempre me deram todas as condições para voar longe e sem limites”. A docente atua nos programas de pós-graduação em Computação (PPGCOMP) e de Modelagem Computacional (PPGMC) da FURG.
Para o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Eduardo Secchi, “este destaque dos nossos pesquisadores mostra o grande potencial de transformação territorial da nossa universidade. Fazemos ciência para a sociedade. Este é um dos nossos compromissos. Continuaremos dando condições aos nossos servidores e alunos para que o retorno para a sociedade seja cada vez maior.”
Conheça mais sobre o trabalho dos pesquisadores na FURG
Cada um dos pesquisadores e pesquisadoras da FURG que integram a lista dos mais influentes do mundo em 2019 apresenta, a seguir, uma breve descrição de suas atividades de pesquisa.
Jorge Alberto Vieira Costa
“No Laboratório de Engenharia Bioquímica, duas linhas de pesquisa englobam quase tudo que estamos produzindo. Uma delas é o cultivo de microalgas, em especial a Spirulina. Trabalhamos com a redução dos gases de efeito estufa na atmosfera, também com o enriquecimento de alimentos com microalgas e ainda com biocombustíveis a partir de microalgas, biopolímeros e outros bioprodutos. Temos parceria com empresas como a Petrobras e a Eletrobras e com órgãos de fomento, e uma série de parceiros internacionais. Atualmente temos apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações para ampliar a produção de microalgas pelo país, em especial direcionada à problemática de desnutrição infantil, para tentar melhorar nossos índices com o enriquecimento de microalgas.
Temos uma segunda linha de pesquisa, pela qual fomos chamados, também pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações para implantar no Amapá um Centro de Vocação Tecnológica com o objetivo de qualificar pessoas com um curso técnico em alimentos. O projeto é realizado no Arquipélago do Bailique, formado por 12 ilhas, para valorizar a cadeia do açaí. Já formamos três turmas e foi formada uma associação de produtores que hoje produz o único açaí com certificação FSC do mundo, além de uma série de outras certificações.”
Michele Greque de Morais
“A nossa principal linha de pesquisa é com nanotecnologia. Estudamos o desenvolvimento de nanofibras para aplicação em embalagens ativas, que são aquelas que agem sobre o produto, trazendo benefícios para ele, seja nutricional ou de proteção contra a degradação. Também trabalhamos com embalagens inteligentes, que agem como indicadores de alguma alteração microbiológica ou outro tipo de alteração que um alimento possa sofrer, para que o consumidor tenha uma referência visual que indique a qualidade do alimento. Estudamos, ainda, a utilização de nanofibras como membranas filtrantes para separar materiais e compostos de diferentes tamanhos e para a absorção e adsorção de gases, a exemplo do CO2, para auxiliar na redução do efeito estufa no meio ambiente.”
José Maria Monserrat
“Minha linha de pesquisa enquadra-se dentro da área de nanotecnologia, avaliando o potencial tóxico de distintos tipos de nanomateriais e seu uso para gerar suplementos com características antioxidantes. Conto com o apoio da luminosa criatividade e o imenso esforço de alunas e alunos de pós-graduação dos programas de Aquicultura e Ciências Fisiológicas da FURG, bem com discentes de iniciação científica. Sou imensamente grato a todas minhas alunas e alunos porque seu entusiasmo representa um incentivo intelectual e espiritual essencial para mim.”
Graçaliz Pereira Dimuro
“Minha área de pesquisa é o aprendizado de máquina (machine learning) em condições de incerteza, imprecisão, informação imperfeita e vaga. Minha pesquisa envolve principalmente o estudo de modelos matemáticos teóricos baseados na lógica difusa (fuzzy logic), matemática intervalar e funções de agregação e fusão de dados, e o desenvolvimento de ferramentas explicáveis baseadas e fundamentadas neste modelos, como classificação de dados, processamento de imagens e tomada de decisão multi-critério. Por ferramentas explicáveis deve-se entender aquelas em que o usuário final pode participar de seu desenvolvimento com o perfeito entendimento de cada fase de sua implementação, isto é, não há "black box", e todas as propriedades do sistema, justificadas teoricamente, são refletidas nos resultados dos experimentos.”