A cidade do Rio Grande se despediu na manhã desta sexta-feira, 12, de um ícone do rádio e da comunicação gaúcha.
Ao longo de 86 anos de vida, Célio Soares dedicou 65 deles ao rádio e ao jornalismo. Natural de São José do Norte, ingressou no rádio em 1955 e não parou mais. Assumiu o microfone em diversos veículos da região, tendo desenvolvido funções como apresentador, locutor, operador de áudio, programador, produtor e diretor. Atuou na FURG FM por mais de duas décadas, desde a fundação da rádio em 1988 (então Rádio Universidade FM, a popular RU). Trabalhou ainda na Assessoria de Imprensa na Prefeitura Municipal do Rio Grande e como locutor na RBS TV.
Nos últimos anos, em meio às atividades de curadoria do Museu da Comunicação Rodolfo Martensen - fundado por ele em parceria com Willy Cesar, falecido em 2018 -, passou a dedicar-se à escrita. Lançou o livro "Ecos do Passado - Histórias da Velha Cidade do Rio Grande", uma coletânea de artigos assinados por ele no extinto jornal Bom Dia Comunidade.
Em 2010, Célio Soares recebeu na Câmara Municipal o título de cidadão rio-grandino.
Colegas e amigos próximos lamentaram profundamente a perda do radialista.
O professor Péricles Gonçalves, presidente do Núcleo de Memória da FURG (Nume) e amigo de longa data, afirma que se despede de uma pessoa insubstituível. "O interesse do Célio não só pelo radialismo, mas acima de tudo, pela pesquisa radiofônica, e a preocupação em deixar por escrito as lembranças dele nessa vida toda voltada ao rádio e à comunicação de uma forma geral, são importantíssimos. Ele fará muita falta. Lastimo muito e estou bastante emocionado com a perda de um grande amigo", disse.
Radialista e programador da FURG FM, Paulo Milbrath diz estar muito triste com a partida do amigo. "Meu mestre partiu. Mais uma biblioteca se fecha. Sua colaboração para a FURG FM foi marcante e decisiva em muitos momentos. Célio Soares será para sempre uma lembrança viva da FURG FM e do rádio em Rio Grande", declara. "Conheci o Célio quando vim trabalhar na FURG FM (Universidade FM). Era um programador musical de mão cheia. Gravei durante anos com ele o programa 'As Canções de Domingo', na FURG FM. Outro programa importante para a rádio foi o "Concertos de Domingo", programa de música clássica que ele tanto adorava. Gentil com todos, era muito querido no meio do rádio. Outro programa que gostava de fazer era 'Memória do Carnaval', que ia ao ar um pouco antes e durante o carnaval. A famosa abertura das cerimônias de formaturas da FURG eu gravei com ele. O carinho pela profissão fazia ele passar a tarde toda montando um programa ou escrevendo um texto. E assim se vai mais um colaborador da FURG FM, um verdadeiro ícone", lamenta.
A universidade se solidariza com os familiares e amigos neste momento de pesar e declara luto oficial.
