Em uma reunião realizada na tarde da última terça-feira, 11, no Prédio 4 do Campus Carreiros da FURG, representantes das diversas frentes de trabalho que estiveram atuando no processo de acolhimento de desabrigados da enchente discutiram as estratégias para a desmobilização do abrigo montado, inicialmente, no Centro de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Caic), depois transferido para o pavilhão 4, em razão do retorno das aulas da rede municipal, e a destinação das doações recebidas no Cidec-Sul. O abrigo, que chegou a receber 67 pessoas desde o mês de maio, será desmobilizado na próxima sexta-feira, 15.
Diante da maior catástrofe ambiental da história do Rio Grande do Sul, a FURG liderou várias iniciativas de ajuda humanitária aos cidadãos atingidos pelas inundações. Técnicos administrativos em educação, professores, estudantes e egressos da Universidade, em parceria com a Prefeitura Municipal do Rio Grande, se mobilizaram em uma grande corrente solidária para fornecer abrigo, alimentação, atendimento médico, psicológico e social aos desabrigados.
Durante o encontro, um dos principais assuntos em pauta foi o encaminhamento dos últimos 14 abrigados às suas casas, para que não fosse uma experiência traumática para algumas dessas pessoas que perderam tudo ou quase tudo ou estão em situação de vulnerabilidade. O pró-reitor de Extensão e Cultura, Daniel Prado, abriu a reunião agradecendo e destacando a importância de todas as pessoas que se envolveram na recepção e atendimento aos desabrigados. "Conseguimos criar algo além da prática extensionista da universidade. Mesmo quem não tinha prática na atividade extensionista acabou se envolvendo. Em muito pouco tempo conseguimos nos mobilizar para solucionar os problemas que surgiam. Fico muito grato pessoalmente e institucionalmente", afirmou. Prado também tratou como extraordinário o trabalho desenvolvido pelo Comitê de Eventos Extremos da FURG publicando e atualizando os Boletins de Acompanhamento do Fenômeno Climático.
A assessora do Reitor, Letícia Chaplin, se disse orgulhosa de todos pelo trabalho efetuado, pois segundo ela envolveu muita doação e entrega dos servidores e voluntários, "para fazer o que estava ao alcance e o que não estava também, sem medir esforços para tratar essa população com a devida dignidade", salientou. Ela também citou o fato que três pessoas que haviam retornado para suas casas, acabaram retornando ao Campus Carreiros para atuar como voluntárias.
O professor Cristiano Engelke, coordenador do Curso de Ciências Sociais e membro da Associação dos Professores da FURG (Aprofurg) - Sessão Sindical do Andes, falou sobre a unidade que se criou entre os vários setores da universidade para que as ações de acolhimento pudessem ser desenvolvidas. "Sabemos que se trata de uma situação de exceção, por isso conseguimos montar essa rede rapidamente, mas que a gente não perca essa unidade para ações futuras", disse. A professora Carla Gonçalves, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), disse que as ações de acolhimento também foram uma oportunidade para que extensionistas percebessem as reais demandas e necessidades da comunidade do entorno da universidade. "Ouvimos uma pessoa dizer que pela primeira vez vai conseguir fazer seu tratamento de saúde completo pois teve acesso a todas as medicações através da Farmácia Popular graças às orientações que recebeu", exemplificou a professora.
A diretora do Instituto de Educação (IE), Suzane da Rocha Vieira Gonçalves, reforçou o papel social da universidade, o qual segundo ela não é só a produção do conhecimento, mas também o compromisso com o território, com as pessoas da comunidade. "Depois de todo o trabalho, a universidade tem o compromisso de pensar o pós, buscando de que forma podemos colaborar com a Prefeitura, com as escolas e com as pessoas. Teremos, em forma de financiamento, várias linhas de fomento para o Rio Grande do Sul, mas a ação extensionista é fundamental pois é ela quem chega à comunidade".
Um jovem casal de moradores do Bairro Lar Gaúcho, prestes a retornar para casa, destacou a forma de tratamento que receberam durante o tempo que estiveram no abrigo do Caic. "Fomos tratados com muito respeito e carinho. Fizeram tudo para nos ajudar e nos manter com dignidade aqui". O morador do Bairro Bernadeth, Émerson Macedo, falou sobre o tratamento recebido pela sua família. "Estivemos aqui com segurança, cuidados por pessoas deixaram suas casas e suas vidas para nos ajudar. Só tenho a agradecer", finalizou