SIMCOVID

Novo boletim sobre a COVID-19 indica acelerações no número de casos em Rio Grande e Pelotas

A situação é mais crítica em Pelotas, que poderá apresentar um crescimento de 32% no número acumulado de casos nos próximos 20 dias

 Os professores do Instituto de Matemática, Estatística e Física (Imef-FURG) e do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) estão divulgando mais um boletim informativo sobre a evolução da epidemia por Covid-19, especificamente para as cidades do Rio Grande e Pelotas, incluindo previsões para o crescimento do número de casos.

Segundo os professores responsáveis (Sebastião Gomes e Igor Monteiro, do Imef-FURG, e Carlos Rocha, do IFRS), com relação à curva do número acumulado de casos, Rio Grande apresentava uma pequena aceleração em 25/02. Entretanto, a situação é mais preocupante em Pelotas, município que apresentava em 25/02 uma forte aceleração. Os dados reais das cidades de Pelotas e Rio Grande (coletados até o dia 25/02/21) possibilitaram identificações paramétricas e posteriores previsões para os próximos 20 dias, resumidas nas figuras a seguir:

 

 

 

 

 


Os pontos em vermelho correspondem ao número acumulado de casos reais, enquanto a curva em azul é a simulação com o modelo. A continuação da curva em azul para além dos pontos em vermelho corresponde à previsão para os próximos 20 dias. O modelo prevê que Pelotas passará de 22113 casos confirmados em 25/02/2021 para 29126 em 17/03/2021, enquanto Rio Grande passará de 11002 casos confirmados em 25/02/2021 para 11656 em 17/03/2021.

 Estas previsões poderão se confirmar se não houver mudanças nas situações atuais dos municípios, principalmente correlatas ao isolamento social. O parâmetro mais significativo de uma epidemia é o Índice de Reprodução Basal (R0). No dia 25/02 Pelotas estava com R0=1,26 (significa que 100 novos infectados infectam 126 outros indivíduos, ou seja, a contaminação estava com uma forte aceleração positiva). No dia 25/02 Rio Grande estava com R0=1,04 (significa que 100 novos infectados infectam 104 outros indivíduos, ou seja, a contaminação estava com uma pequena aceleração positiva). O ideal é que o índice R0 esteja inferior a 1, provocando assim desaceleração no crescimento do número de casos e, para que isso ocorra, são necessárias medidas de prevenção, sendo a principal delas a ampliação do isolamento social. O distanciamento social em lugares públicos, o uso obrigatório de máscaras e atitudes frequentes de higienização das mãos também contribuem para a diminuição do índice R0.

Os professores informam que seria muito importante a ampliação de medidas preventivas tanto em Pelotas quanto em Rio Grande. Porém, a situação é mais crítica em Pelotas. Se não houver mudanças, Pelotas poderá apresentar um crescimento de 32% no número acumulado de casos nos próximos 20 dias, contados a partir do dia 25/02. Tal crescimento no número acumulado de casos poderá diminuir significativamente a capacidade de atendimento dos sistemas público e privado de saúde.

Um aplicativo desenvolvido pelos pesquisadores das duas instituições está disponível gratuitamente para download, o Simcovid (atualizado recentemente e está na versão 2.1), com o qual o usuário não precisa ser especialista em matemática ou computação para realizar suas próprias simulações e análises de cenários. Este aplicativo pode ser baixado aqui.

Os professores informam ainda que os boletins sobre as situações de Pelotas e Rio Grande são disponibilizados no espaço COVID-19, da página do Imef. Neste espaço encontram-se um livro e dois artigos científicos já publicados sobre a modelagem matemática que dá origem aos resultados apresentados nos referidos aplicativo e boletins informativos. O professor Sebastião também ressalta o trabalho dos alunos da FURG: Marina Zanotta Rocha (Engenharia de Automação), Ana Luíza Arcanjo (Matemática Aplicada) e Lucas Rosa (Engenharia Mecânica). Estes alunos auxiliam na obtenção e organização dos dados reais utilizados no Simcovid 2.1.