SOLIDARIEDADE

Projeto “Fazendo o bem não importa a quem” encerra atividades com 21 mil máscaras confeccionadas e 20 toneladas de alimentos doados

Ação extensionista teve grande impacto na comunidade lourenciana

Com a emergência da pandemia da covid-19 no estado, em março de 2020, o projeto de extensão “Fazendo o bem não importa a quem” estruturou uma rede de enfrentamento ao vírus no Campus São Lourenço do Sul da FURG, antes mesmo do primeiro caso no município.

A iniciativa, coordenada pela professora Graziela Rinaldi da Rosa do Instituto de Educação (IE), propunha que máscaras de tecido em algodão duplo - disponíveis na universidade e em diversos pontos comerciais da cidade - fossem trocadas por um quilo de alimento não perecível. Organizados em kits, os alimentos eram entregues regularmente para famílias em situação de vulnerabilidade da zona urbana e rural de São Lourenço do Sul. Ao todo, foram confeccionadas 21 mil máscaras e distribuídas 20 toneladas de alimentos.

Com a diminuição de casos da doença na região e liberação do uso obrigatório de máscara em São Lourenço, neste mês a equipe encerra os pontos de troca e as entregas de alimentos nas comunidades.

O projeto, no entanto, segue com atividades até junho, divulgando os resultados obtidos e realizando duas mostras fotográficas, uma contando a trajetória de ações desenvolvidas pelo projeto, e outra com fotografias de mulheres durante a pandemia - foco de pesquisa da professora Graziela -, a partir de registros feitos pela própria equipe.

O lançamento das exposições ocorrerá na próxima quinta-feira, 28 de abril, e integra as atividades da Acolhida Cidadã no Campus São Lourenço do Sul. Na ocasião, 400 máscaras também serão distribuídas aos estudantes. Confira mais informações nos cards abaixo.

Compromisso da universidade

Graziela relembra que a ideia para o projeto de extensão surgiu a partir da sua reflexão sobre o compromisso social da universidade. “Ao ficar assistindo as notícias acabei me angustiando com a situação e pensava de que forma a universidade poderia contribuir nesse momento tão difícil e tão atípico em que se iniciava no Brasil, uma pandemia e que claramente a gente via que seriam tempos bem difíceis”, explica.

Ela conta que como os órgãos de saúde pública estavam recomendando o uso de máscara, pensou que essa seria uma frente importante de atuação, principalmente por poder disponibilizar a proteção a quem não poderia adquirir. “A gente via pessoas fazendo máscaras com barras de vestidos de tecidos, que não eram os recomendados pelos órgãos de saúde. Então esse projeto foi muito importante, principalmente para as pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade social que não podiam comprar suas máscaras”.

Com o recurso disponibilizado pela Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proexc) da FURG o projeto tomou forma. Foi possível comprar insumos, como elásticos e tecidos; contratar profissionais locais para a confecção das máscaras, como a costureira Lívia Menezes, que assumiu o cargo de chefe de costura, e ofertar bolsas de extensão para estudantes do Campus.

A ideia inicial era de apenas realizar a distribuição gratuita de máscaras. Iniciada a parceria com Lívia, também proprietária da Escola de Costura Santo Molde, foi pensada a campanha de troca de 1 kg de alimento por uma máscara. Em outra frente solidária, a equipe - junto de estudantes da Santo Molde, FURG e Santa Casa de Misericórdia de São Lourenço do Sul - também houve a distribuição de jalecos e uniformes aos trabalhadores e trabalhadoras do hospital local.

Impacto na comunidade

Egressa do curso de Licenciatura em Educação do Campo pelo Campus São Lourenço, Luana Bunde foi uma das primeiras estudantes a se envolverem no projeto em 2020, inicialmente como voluntária e logo após, como bolsista. “O que mais me motivou - e acredito que a todas e a todos que se envolveram no projeto de uma forma ou outra-, foi o desejo de fazer algo frente a pandemia, porque foi um período de muitas incertezas, medos, impotência, Fake News, então ter a oportunidade de estar trabalhando em algo para um bem comum foi algo muito significativo”, aponta Luana.

Ela conta que durante a maior parte do tempo as demandas do “Fazendo o bem não importa a quem” eram desenvolvidas por uma equipe de sete pessoas, sendo cinco costureiros e costureiras. Suas atividades giravam em torno do recolhimento de máscaras, empacotamento, organização e distribuição de kits de alimentos arrecadados, distribuição de máscaras no centro da cidade e junto aos feirantes, mensuração dos resultados e gestão de redes sociais.

“A cada quilo de alimento arrecadado significava que tínhamos sensibilizado alguém e assim poderíamos ajudar outra pessoa”, ela relembra, apontando o impacto que o projeto, primeiro de extensão do qual ela fez parte, teve em sua vivência universitária e cidadã. Mesmo com o fim da sua graduação, no ano passado, ela segue envolvida com a equipe, atualmente auxiliando voluntariamente na divulgação.

A professora Graziela também destaca o papel da extensão universitária neste contexto. “É um projeto que parte da extensão universitária, mostrando o potencial de uma educação, de uma universidade pública, situada numa região que é a nossa, no sul do Rio Grande do Sul. Um campus de uma universidade federal que tem esse alcance e consegue realizar uma extensão universitária que contribui significativamente em um período de crise”, diz.

 Exposição Fotográfica

Exposição Fotográfica - Mulheres na Pandemia

 

Galería

Projeto arrecadou 20 toneladas de alimentos.

Luana Bunde/Campus São Lourenço do Sul