Com o intuito de difundir informações sobre insetos e plantas que podem auxiliar no manejo e na conservação de sistemas de produção, na manhã do último sábado, 4, representantes do Campus São Lourenço distribuíram exemplares do livro “Amigos Naturais: insetos e plantas como parceir@s no manejo agroecológico dos cultivos” para famílias agricultoras.
A entrega foi realizada durante a Feira Livre Municipal, na Praça Dedê Serpa, pelos coautores Patrícia Lovatto, docente nos cursos de Agroecologia e Educação do Campo, e Arisandro Mendes, estudante de Agroecologia.
Além deles, a publicação conta com outros seis coautores, e foi construída a partir de uma parceria entre a FURG, Universidade Federal de Pelotas (Ufpel), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (Capa), Cooperativa Sul Ecológica de Agricultores Familiares e Associação Regional dos Produtores Agroecologistas da Região Sul (Arpa-Sul). A edição e a impressão foram viabilizadas pela editora da FURG.
Na ocasião, cada família feirante recebeu um volume. Ao todo, foram impressos 128 exemplares com prioridade de distribuição entre as famílias agricultoras do território Zona Sul e organizações da agricultura familiar. Algumas unidades também serão doadas à biblioteca da do Campus SLS e, em breve, a obra será disponibilizada gratuitamente em formato digital.
Valorização dos “amigos naturais” na agricultura
Em um sistema de produção agroecológico, que não utiliza fertilizantes químicos sintéticos e agrotóxicos, é fundamental o conhecimento acerca de plantas e insetos que podem atuar como “amigos naturais”, auxiliando no manejo e conservação das plantações.
A partir dessa perspectiva, e considerando também a demanda por informações das famílias agricultoras de base ecológica do Território Zona Sul, é que a cartilha foi pensada. O objetivo dos autores é que ela sirva como uma “caderneta de campo”, auxiliando de forma simples na identificação dos organismos benéficos.
O material foi elaborado com o intuito de reunir informações importantes sobre a relação entre a conservação dos bens naturais com o manejo agroecológico dos sistemas de produção locais. A publicação também busca contribuir com o fortalecimento da Agroecologia na região, e é fruto do diálogo entre agricultores e agricultoras, pesquisadores e pesquisadoras, extensionistas e educadores e educadoras do campo.
Assim, com fotografias e ilustrações, o livro traz uma série de informações sobre insetos e plantas que possivelmente estão contribuindo para a saúde da horta e pomar e que geralmente não são conhecidos ou são erroneamente chamados de pragas ou plantas daninhas dentro dos sistemas de produção.
A pesquisadora e professora Patrícia Lovatto explica que são considerados benéficos os organismos que não se alimentam de plantas e por isso não causam danos aos cultivos. “Por se alimentarem de invertebrados herbívoros (geralmente insetos que causam danos às plantações), são denominados benéficos. Na perspectiva agroecológica, no entanto, todos os organismos, independente do hábito alimentar, são importantes para o equilíbrio dinâmico do sistema produtivo ao longo do tempo”, salienta.
“As práticas adotadas pela agricultura convencional, como a monocultura e a dependência de agrotóxicos são extremamente prejudiciais para esses bichinhos, fazendo com que desapareçam do sistema e deixem de cumprir seu importante papel ecológico de tanta utilidade para nós”, complementa Patrícia.
Segundo ela, por meio do controle das populações indesejadas de insetos que se alimentam de plantas, os “amigos naturais” auxiliam na produção de alimentos mais saudáveis, ao mesmo tempo em que contribuem para a redução dos gastos com insumos externos. “Quando conhecemos a natureza de perto, percebemos que a cooperação é o melhor caminho para alcançarmos uma agricultura mais justa, menos agressiva à nossa saúde e ao ambiente”, entende.
A autora também aponta que além de proporcionar condições ideais para as plantas e os insetos benéficos, é fundamental que os agricultores e agricultoras consigam conhecê-los e identificá-los, para que eles que não sejam confundidos e acabem sendo eliminados. “Para garantir a ação desses amigos, é fundamental que as condições ideais para a sua sobrevivência sejam conhecidas, respeitadas e ampliadas. Assim, quanto mais diversidade de plantas houver no sistema, melhores serão as possibilidades de reprodução, de alimentação e de abrigo para esses organismos”.