SENSIBILIZAÇÃO

Coletivo de Entomologia da FURG-SLS destacou importância dos insetos em 1ª Ciranda Agroecológica da Embrapa

Cerca de 300 crianças participaram da ação, que integrou o 18º Dia de Campo da Agroecologia e Produção Orgânica

Foto: Gabriela Schmalfuss/SECOM

Na última quinta-feira, 7, o Coletivo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Entomologia da FURG São Lourenço do Sul (FURG-SLS) destacou a importância dos insetos para estudantes de ensino fundamental escolas públicas da região na 1ª Ciranda Agroecológica, em Pelotas. A ação integrou a programação do 18º Dia de Campo da Agroecologia e Produção Orgânica da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Clima Temperado, realizado na Estação Experimental Cascata.

Com o tema “Planeta dos Insetos”, a estação do coletivo foi elaborada com o objetivo de mostrar aos estudantes que os insetos constituem o maior grupo de organismos vivos da Terra, ressaltando sua relevância para a vida em geral e para o equilíbrio ambiental. A interação foi conduzida por meio de teatro de bonecos, música, desenhos para colorir e caça-palavras, complementados pela observação de exemplares em microscópios e caixas entomológicas, bem como pela interação com insetos vivos.

Integrantes do coletivo, junto de voluntários parceiros, buscaram desmistificar a visão dos insetos como pragas agrícolas e urbanas, utilizando os relatos das próprias crianças para contextualizar o impacto das ações humanas sobre essas populações. Ressaltaram que muitos grupos de insetos enfrentam ameaças de extinção atualmente e, abordaram o seu papel na formação e fertilidade do solo, na polinização, no controle biológico natural e na manutenção das cadeias alimentares, estabelecendo conexões com a segurança e soberania alimentar.

Todas as escolas que estiveram no espaço receberam, ao final da visita, material didático pedagógico para aprofundar o trabalho sobre a temática, além do livro "Amigos Naturais: insetos e plantas como parceir@s no manejo agroecológicos dos cultivos", disponibilizado gratuitamente no formato digital em parceria com a editora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Ao todo, aproximadamente 300 crianças participaram da 1ª Ciranda Agroecológica, oriundas principalmente de escolas rurais de Pelotas e Canguçu. Com o sucesso da primeira experiência, a equipe organizadora já garantiu a realização de novas edições em todos os Dias de Campo da Agroecologia, e espera que o número de visitantes seja ampliado nos anos seguintes.

Além da estação de entomologia, a ação contou com espaços que abordaram outros temas, desenvolvidos pelas instituições parceiras: UFPel, Embrapa e Instituto Federal Sul Rio-Grandense (IFSul).

Arte como ferramenta de sensibilização

Foi destaque no estande um modelo didático de quase dois metros de um louva-a-deus, criado integralmente com materiais reciclados pelo estudante de Agroecologia, Ronaldo Augusto.

“A ideia da construção de um inseto que representasse bem a importância dos insetos na biodiversidade e para a Agroecologia surgiu a partir de um comentário do saudoso Geraldo da Embrapa que havia mencionado para a professora Patrícia de uma réplica de formiga que ele viu em uma exposição da UFPel. Então foi sugerida a criação de um inseto representativo para ser exposto na estação entomológica da FURG para o dia de Campo da Embrapa”, explica o aluno.

Segundo Ronaldo, o louva-deus é um inseto injustiçado na cultura popular ao ser tido como "venenoso", o que é inverídico, porque não possui nenhum tipo de peçonha. “Muitos acreditam que trata-se de uma espécie perigosa para nós humanos, enquanto na verdade, trata-se de uma espécie predadora de outros insetos e que pode atuar como nosso amigo no equilíbrio de populações de espécies indesejadas”.

Respeito e valorização a partir da Agroecologia

A preparação e organização da 1ª Ciranda Agroecológica durou cerca de três meses. Segundo Patrícia Lovatto, docente da FURG e coordenadora do Coletivo de Entomologia, o convite para que o grupo compusesse o evento surgiu a partir de parcerias que vêm sendo estabelecidas com a Embrapa.

Para a docente, a 1ª Ciranda Agroecológica conseguiu aproximar as crianças da Agroecologia, não apenas como uma visão de futuro, mas também como uma urgência para abordar o presente. Segundo ela, o objetivo foi fortalecer a conexão inata das crianças com a natureza e os processos biológicos, preservando esses vínculos frequentemente perdidos na idade adulta devido à falta de estímulo; trabalhando desde cedo com temas agroecológicos para promover uma relação mais equilibrada com a natureza, contribuindo para repensar a produção de alimentos e a organização da sociedade.

“Foi fantástico ver como as crianças interagiram em todas as estações. Uma interação não só com as crianças, mas também com as professoras e com as diretoras de escolas. Era um trabalho que as escolas esperavam e ficaram muito gratas pela forma com que a Ciranda foi construída em parceria com as Secretarias de Educação dos municípios”, afirma.

Patrícia também diz que esse tipo de ação auxilia na valorização da identidade dos estudantes como crianças do campo, filhas e filhos de agricultores. “A Agroecologia faz esse papel de demonstrar o quanto a agricultura familiar e tradicional camponesa é importante para o presente e para o futuro. Foi muito legal quando estávamos falando das profissões com as crianças, uma das meninas levantou a mão e disse que queria ser como o pai e a mãe quando crescesse, e quando eu perguntei, ela disse ‘eu quero ser agricultora’. Isso é muito bonito, porque é uma forma da gente pensar a sucessão dessas crianças, mas uma sucessão que valorize a qualidade de vida e os processos identitários. Valorizando e fortalecendo essa relação que as crianças já possuem com a natureza e com o seu meio”.

Aprendizado para quem participa e para quem propõe

Para as estudantes de Agroecologia, Mariéla Centeno e Jaqueline Fischer, bolsistas do Coletivo de Entomologia, a presença durante a Ciranda Agroecológica foi muito significativa por possibilitar a ampliação do olhar agroecológico entre os participantes.

“Eu amei fazer parte de tudo, pois é muito importante ter as crianças, principalmente as do campo, participando e tendo acesso a atividades assim que tem tudo a ver com suas realidades. São informações que eles podem inclusive levar para casa sobre o manejo correto dos insetos nas suas plantações. Fora que ver o sorriso de alegria e encanto das crianças é muito gratificante”, afirma Mariéla.

Assim como Mariéla, Jaqueline considera que as atividades com crianças são fundamentais. “Precisamos envolver nossas crianças nesses espaços e trabalhar a Agroecologia com elas desde cedo, e esse é um trabalho que o coletivo já vem desenvolvendo”.

As colegas destacam a importância das parcerias estabelecidas a partir dessas interações. Segundo Jaqueline, a atividade foi ótima para divulgar os trabalhos que a universidade vem realizando. “As escolas ficaram encantadas e já mencionaram parcerias futuras. Tudo isso fortalece o nosso trabalho, além de que contribui muito na partilha e construção do conhecimento agroecológico no território”.

Mariéla também ressalta que o diálogo com instituições parceiras fortalece a pesquisa científica. “A parceria com a Embrapa também tem sido muito importante para o coletivo, e particularmente para mim como bolsista de pesquisa também, pois gera tantos conhecimentos e um contato ainda maior com a pesquisa”, diz.

 

 

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Cerca de 300 crianças participaram da ação, que integrou o 18º Dia de Campo da Agroecologia e Produção Orgânica

Foto: Gabriela Schmalfuss/SECOM