O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) divulgou o resultado final da Chamada CNPq nº 58/2022 - Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) para constituição de novos INCTs a partir do fomento a propostas de pesquisa de excelência em áreas estratégicas e/ou na fronteira do conhecimento, visando a solução dos grandes desafios nacionais.
O investimento total será de cerca de R$ 324 milhões, valor acima do previsto inicialmente – de R$ 300 milhões oriundos do FNDCT/MCTI, graças a um esforço do CNPq de alocar mais recursos à iniciativa. Assim, serão financiados, ao todo, 58 novos Institutos; dois deles sediados na FURG, o INCT–Tribologia, sob coordenação da professora Henara Costa Murray, da Escola de Engenharia, e o INCT–Biodiversidade da Amazônia Azul, coordenado pelo professor Eduardo Secchi, do Instituto de Oceanografia e, atualmente pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação.
INCT-Tribologia
O INCT-Trib cria uma rede nacional integrada e multidisciplinar que utiliza a tribologia como ferramenta para contribuir para a solução dos enormes desafios associados à transição energética. Este ecossistema de geração de conhecimento engloba os mais eminentes grupos de tribologia, do Extremo Sul ao Nordeste do país, congregando pesquisadores em tribologia, ciência dos materiais, física, química, bioquímica e meio ambiente para fomentar forte interação com o setor produtivo. Será fundamental o desenvolvimento de novas soluções em lubrificantes, materiais e engenharia de superfícies para a mobilidade e a energia do futuro. Propõe-se identificar e atuar nos principais desafios tribológicos decorrentes das tecnologias atuais, que irão guiar as pesquisas para otimização tribológica das novas soluções sustentáveis. A humanidade vive um momento crítico que requer uma completa mudança de paradigma através de uma radical transição energética.
Conforme os alvos estabelecidos no relatório COP26, para resgatar o clima do planeta e garantir seu desenvolvimento sustentável, dois temas estratégicos são o setor de mobilidade e a geração de energia limpa e renovável. No transporte, veículos elétricos devem gradualmente substituir os motores de combustão interna, mas essa transição ocorrerá em diferentes ritmos em diferentes regiões. Veículos pesados usados em transporte marítimo e aéreo são de difícil eletrificação. Assim, o uso de biocombustíveis de baixa ou zero emissão de carbono é uma tecnologia-chave nessa transição, bem como outras tecnologias como células de combustíveis e soluções inovadoras de reaproveitamento de rejeitos. Porém, existem gargalos tecnológicos para a aplicação das diversas tecnologias propostas no setor de transporte. Na geração de energia limpa (eólica, hidroelétrica, geradores termoquímicos, etc), a tribologia dos componentes móveis envolvidos, a proposição de soluções tribológicas e o impacto ambiental das tecnologias são os focos do INCT Tribologia.
INCT-Biodiversidade da Amazônia Azul
Os oceanos regulam o clima e seus ecossistemas abrigam uma imensa biodiversidade não completamente mapeada, quantificada e sustentavelmente explorada. A diversidade biológica representa segurança alimentar de qualidade e potencial biotecnológico para a solução de diversos desafios atuais. O profundo conhecimento a respeito desta imensa biodiversidade e sua relação dinâmica com o ambiente aumenta nossa capacidade preditiva, que é de fundamental relevância para identificar e subsidiar estratégias de utilização e conservação que visem preservar as espécies e seus ecossistemas no longo prazo.
Considerando as dimensões e complexidades dos oceanos, o INCT-Biodiversidade da Amazônia Azul estabelecerá uma ampla rede nacional de pesquisadores, com colaboradores internacionais (cerca de 80 pesquisadores/as de 30 instituições), de diversas áreas de conhecimento, que articulados no âmbito da quádrupla hélice (universidades, governo, empresas e sociedade civil), convergem para alcançar, com elevada probabilidade de sucesso, os objetivos específicos, os quais incluem pesquisa básica, aplicada, formação de recursos humanos qualificados em Ciências do Mar e divulgação científica. O INCT adotará abordagens multi, inter e transdisciplinares, que integram Oceanografia avançada e pesquisas biotecnológica, sustentadas em cinco eixos principais: i) Cruzeiros oceanográficos para coleta de dados da biota e ambiente físico-químico; ii) Amostragem e depósito de representantes da biodiversidade em coleções científicas de laboratórios e centros multiusuários; iii) Acesso a repositórios da biodiversidade para pesquisa básica e aplicada (biotecnologia); iv) Organização do banco de dados agregando informações pretéritas e contemporâneas; e v) Integração, análise e síntese dos dados para gerar recomendações para o manejo, contribuições científicas de alto impacto e divulgação da ciência para a sociedade.
Os INCTs apoiados deverão desenvolver projetos de pesquisa de alto impacto científico e tecnológico, priorizando a interdisciplinaridade, além de forte interação com o sistema produtivo, setor público e com a sociedade. Dessa forma, a complexidade das redes de pesquisa estabelecidas no âmbito dos INCTs enfatiza a importância dos Comitês Gestores desses Institutos, essenciais para a boa gestão e governança dessas redes. A aprovação destes INCTs promove a ampliação de temas e áreas estratégicas para o país, como segurança alimentar, agricultura de baixo carbono, saúde única (one health), desigualdades e violência de gênero, inteligência artificial, nanofármacos, entre outras. Os 58 novos INCTs estarão presentes em todas as regiões do país, sendo que cerca de 30% dos recursos disponibilizados destinam-se a INCTs sediados nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país.
O Programa INCT caracteriza-se por grandes projetos de pesquisa de longo prazo, em redes nacionais e ou internacionais de cooperação científica para o desenvolvimento de projetos de impacto científico e de formação de recursos humanos. Cada um dos 104 INCTs atualmente em execução atua em temas de diferentes áreas do conhecimento, envolvendo milhares de pesquisadores e bolsistas em temáticas complexas, em diferentes laboratórios e centros que integram as redes de pesquisa. Também se destaca nesse Programa a participação de parceiros institucionais no âmbito federal e estadual, por meio das Fundações de Amparo à Pesquisa dos Estados e do Distrito Federal.
Veja aqui o resultado final da Chamada INCT - CNPq nº 58/2022.