Em tempos de pandemia, reinvenção é a palavra de ordem. Todos, enquanto sociedade, estão aprendendo novas formas de se relacionar, de se conectar com as pessoas e de trabalhar de forma diferente. Se para conter o novo coronavírus é preciso ficar em casa, pequenos comerciantes, vendedores, microempresários e trabalhadores informais precisaram criar novas estratégias para seguir com seus negócios. Assim, em março, a FURG, a Prefeitura Municipal do Rio Grande e empresas de software uniram esforços e colocaram à disposição o uso da tecnologia para que os negócios locais pudessem operar de modo digital durante o período de distanciamento e isolamento social.
Após o lançamento da plataforma e de sua apresentação aos setores envolvidos, a comunicação da FURG conversou com uma das responsáveis pela plataforma de venda online e também com dois usuários dos serviços ofertados. Dayse Rodrigues Votto é uma pequena comerciante que desde 2015 confecciona produtos artesanais em EVA e tecido. Antes do isolamento social ela e outras artesãs vendiam seus produtos em uma Feira de Artesanato no Shopping. Dayse entrou na plataforma Symplus no dia sete de maio e viu seu trabalho ganhar diversas visualizações.
“Desde que me cadastrei no site tive uma venda, mas meus produtos tiveram muitas visualizações, divulguei bastante e muita gente viu e comentou comigo”. Dayse ressaltou que a plataforma facilitou a apresentação do seu trabalho, “é ótimo para divulgar em grupos, pois é só postar o link e está tudo ali já com os preços e explicações”, apontou a artesã.
Luciano Pomar é gerente das franquias de um dos shoppings da cidade cadastradas na plataforma, e segundo ele, a adesão à plataforma de venda online veio pelas limitações impostas ao comércio durante a pandemia. “Com o atual cenário criado diante da pandemia de covid-19 e consequentemente as restrições estipuladas para o comércio local, entendemos que as ferramentas digitais podem dar um grande apoio para visibilidade e movimentação de vendas. É a primeira vez que trabalhamos com ferramentas de venda online, anteriormente usávamos apenas as redes sociais como complemento”.
Quanto às expectativas, Pomar salienta que, “estamos cientes que não teremos inicialmente o mesmo volume de vendas com relação ao ano anterior, mas existe aqui uma oportunidade de nos aproximarmos de nossos clientes de uma forma diferente da habitual. A expectativa é que com o tempo, e assim que puder retornar as atividades, este formato de ferramenta continue ativo e acrescentando com o que já tínhamos anteriormente”, projeta o gerente. Luciano ressalta ainda que a plataforma atende as necessidades dos lojistas, “as equipes das lojas estão adorando o formato do App e sua dinâmica. Para loja de calçados necessita de pequenos ajustes, visto a demanda de grade. Mas estou extremamente satisfeito até aqui, e pretendemos efetivar a ferramenta no futuro”.
Atualmente estão disponíveis três ferramentas para os interessados, o Catálogo Digital do C3, a Symplus e a WD House. A professora Jovania Dias, uma das responsáveis pelo projeto, comenta que mesmo que os idealizadores não tenham projetado números a serem atingidos, desde 20 de abril, quando iniciaram os envios de e-mails a partir do site da prefeitura,“tivemos 58 contatos distintos, isto é, 58 comerciantes entraram em contato.Deste total foram criadas 18 novas lojas online até o dia 8 de maio, e mais de 40 lojas foram divulgadas a pedido dos comerciantes, pois já existiam nas redes sociais”.
Jovania complementa dizendo que, “nossa percepção é que pela situação da Covid-19, as pessoas foram ‘empurradas’ para as vendas online, quem ainda não tinha sua loja virtual entendeu a necessidade de tê-la. Isto foi muito bom, pois abriu mais um canal de vendas para os comerciantes. Assim, nosso principal objetivo foi alcançado, entregamos soluções para as pessoas num momento em que precisavam de ajuda”, afirmou.
De acordo com o secretário municipal Cláudio Dutra, do Desenvolvimento Econômico, Inovação e Turismo, a solução encontrada na crise se mostra como uma boa alternativa para a expansão do comércio local. “Nesse contexto de pandemia as pessoas precisaram de alternativas para continuar com seu negócio, mas acredito que mesmo após passarmos por esse período de isolamento social, a tendência é que o comércio local permaneça e se insira cada vez mais nos canais de venda online. Com o passar do tempo o distanciamento social será flexibilizado, mas ainda vai demorar a voltarmos ao normal, então aposto na adesão de lojas tradicionais do município, em que a tendência serão as vendas online, que tem se mostrado como uma nova ordem social”, aposta o secretário.