Um encontro repleto de diversidade cultural, discussões políticas e diálogos sobre direitos e inclusão, este foi o cenário da 3ª edição da Semana da África, que aconteceu de 26 e 28 de maio na FURG. Com o tema “Pan-africanismo: Unidade, Resistência e Direitos na Construção de uma África Inclusiva”, o evento celebrou o Dia Internacional da África, data que integra a Agenda Social da Universidade. Organizado pelo Coletivo de Estudantes Africanos (Ceafurg) da FURG, com apoio das pró-reitorias, o encontro reuniu dezenas de estudantes da graduação e pós-graduação, comunidade geral, gestores e unidades institucionais.
Para o coordenador da comissão organizadora, estudante de engenharia de computação na FURG, Romeu Papa Vieira Có, natural de Guiné-Bissau, a celebração é extremamente importante tendo em vista o crescimento significativo da comunidade africana dentro da instituição. “Nós achamos muito importante mostrar a nossa cultura, uma vez que a Universidade é a diversidade científica, que engloba cultura e a linguagem. Para nós é uma alegria enorme ver a cidade do Rio Grande nos abraçar deste jeito”, disse o estudante.
Na FURG, são mais de 40 estudantes vindos do continente africano, oriundos de oito países: Angola, Cabo Verde, Etiópia, Gabão, Guiné-Bissau, Nigéria, Moçambique e Somália. Essa diversidade cultural foi tema da mesa redonda de encerramento denominada “Diversidade Cultural e Linguística nos Países Africanos”, que aconteceu no campus Santa Vitória do Palmar.
“Para o nosso campus em Santa Vitória do Palmar, receber esse evento é muito especial, uma vez que nós recebemos, agora em 2025, pela primeira vez, cinco estudantes de origem africana. Também é importante destacar que a vinda desse evento tem um simbolismo muito importante na constituição de uma identidade de multicampia da Universidade”, disse o diretor do Campus, Fernando Comiram.
Para a professora Letícia Ponso do Instituto de Letras e Artes e vice-líder do Grupo de Estudos das Relações Étnico-raciais da FURG (Erer-FURG), o evento foi um momento muito importante para o fortalecimento da política de internacionalização, de cooperação acadêmica entre os países do Hemisfério Sul.
“Nós temos hoje no Brasil centenas de estudantes africanos em intercâmbio. Este foi um evento que contemplou desde atividades acadêmicas, como a pesquisa científica, apresentação de trabalhos, mas também atividades culturais, com música, dança, recitação de poemas e ainda momentos gastronômicos, com pratos típicos de cada país”, disse a professora. Nos primeiros dois dias do evento, as palestras, mostras acadêmicas, culturais e gastronômicas aconteceram no Campus Carreiros, no auditório da Sead, com atividades no período da manhã e da tarde.
Ceafurg
A primeira edição da Semana da África, de forma experimental, motivou a criação do coletivo no ano seguinte. Com o crescimento no número de acadêmicos de origem africana, o coletivo foi ganhando força e consistência, desenvolvendo a terceira edição do evento de forma mais organizada e abrangente. Segundo o estudante de pós-graduação em Letras, Victor Kibutamena, natural de Angola e secretário geral do Ceafurg, o coletivo auxilia não só nas questões internas da vida acadêmica, como também, na vida em sociedade em outro país. “Para nós é extremamente importante estar em comunidade. Estando só você não chega muito longe e dentro da comunidade fica mais fácil conseguir caminhar. Encontrar na Universidade um grupo que nos acolha, faz toda a diferença”, reforça Victor.
SECAID
A Técnica em Assuntos Educacionais, da Secretaria de Ações Afirmativas, Inclusão e Diversidades (Secaid), Elina Oliveira, ressalta a importância do coletivo para a Universidade e para promover um espaço de aquilombamento entre os coletivos negros. “Eu enquanto mulher negra da diáspora me alegrei muito também pela escolha da temática deste ano que foi sobre o Pan- africanismo, esse movimento que nos conecta enquanto pessoas negras, independente da nossa origem”. Além disso, Elina reforça que a Secaid está trabalhando na promoção de ações que visem o ensino da história e cultura dos países africanos a partir do protagonismo dos acadêmicos. A Secaid tem o compromisso de promover a consolidação e ampliação das ações afirmativas, de maneira transversal para todos os segmentos da comunidade universitária.