DEFESA DA DEMOCRACIA

Reitor realizou leitura da “Carta aos Brasileiros” na manhã desta quinta-feira, 11

Ação aconteceu junto à VII Trilha Multicultural em celebração ao Dia do Estudante e aos 53 anos da FURG

Photograph: Fernando Halal/Secom

“É simbólico que isso seja feito dentro de uma universidade, porque a universidade não é só ensino, pesquisa e extensão; ela está no centro do processo civilizatório da humanidade”, disse o reitor Danilo Giroldo antes de realizar a leitura da “Carta às Brasileiras e Brasileiros pela Defesa do Estado Democrático de Direito” – documento com mais de 900 mil assinaturas e elaborado por iniciativa da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). O ato integrou a programação do VII Trilha Multicultural no campus Carreiros, evento que une diversas manifestações artísticas para celebrar o Dia do Estudante e o aniversário da FURG, que ocorre no dia 20 de agosto.

Com o compromisso de promover um ambiente de troca de experiência e conhecimento para a comunidade acadêmica, a sétima edição do Trilha Multicultural reuniu uma série de iniciativas de estudantes e docentes, bem como projetos de pesquisa, cultura, ensino, extensão e inovação nos quatro campi da FURG. No Carreiros, a programação reuniu ações como pintura, canto, exposições e oficinas.

Carta pela Democracia  

Com adesão de professores, alunos, ex-ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), militares, banqueiros, candidatos à Presidência e membros da sociedade civil, a “Carta às Brasileiras e Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito” busca a manutenção da defesa democracia no Brasil, da justiça eleitoral e do próprio processo eleitoral como um todo – em especial, reafirmando a confiabilidade nas urnas eletrônicas. O documento foi tornado público em 20 de julho, data na qual angariou mais de mil assinaturas.

Até a noite desta quinta-feira, 11, o documento passava de 1 milhão de assinaturas, contando com o apoio de oito presidenciáveis, 12 ex-ministros do STF, 18 juristas, dois ex-presidentes e inúmeros artistas brasileiros.

Nomeado pelos organizadores de “Manifestação em Defesa da Democracia e do Estado Democrático de Direito Sempre”, o ato – que aconteceu na manhã desta quinta na Faculdade de Direito da USP, apresentou o documento em uma leitura pública. A ação foi seguida por diversas universidades pelo país, tais  como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), a Universidade Federal do Ceará (UFC), a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

A seguir, acompanhe em transcrição a fala de introdução do reitor Danilo Giroldo antes da leitura oficial da Carta no campus Carreiros:

“É uma alegria muito grande estar aqui, neste mês de agosto, mês que se celebra o aniversário da nossa instituição, 53 anos de FURG. Uma universidade que, se comparada com outras universidades e a própria ‘instituição universidade’ no mundo, e mesmo no Brasil, é uma universidade ainda jovem, mas com uma história muito bonita, a qual precisamos sempre zelar e valorizar.

Uma história que se relaciona muito com a vontade da comunidade, com as necessidades da comunidade; que se forma em um momento em que o território do Rio Grande desejava e almejava a presença do ensino superior; muito associada a necessidade de formação de profissionais qualificados. Mas nem os fundadores imaginariam o que estava se criando lá em 1969, ou na década de 50 quando começaram as primeiras iniciativas de ensino superior na cidade.

Uma universidade transborda muito mais a formação de quadros técnicos, e assim tem sido a história da FURG. Se ela surge como necessidade e anseio de solução de demandas do território, essa perspectiva se amplia muito com a sua consolidação.

A FURG é uma universidade que tem uma cultura institucional de trabalhar com as demandas e os problemas do seu território de forma ampla, com toda sociedade. Ela se converte e se transforma em um instrumento de compreensão de diagnóstico, de percepção da realidade, e a partir da articulação de sua capacidade instalada, capacidade técnica e tudo aquilo que se discute e produz dentro de uma universidade, ela objetivamente atua de forma articulada sobre essas questões.

E é muito simbólico que estejamos aqui nesta manhã conversando sobre isso, nesta celebração, porque hoje também se celebra o Dia do Estudante - e muito particularmente aqui falando do estudante universitário. Essa figura que, muitas vezes, é desvalorizada, mas que é um ativo fundamental para qualquer país, especialmente um país como o Brasil, caracterizado por profundas injustiças sociais. O estudante universitário passa por muitas dificuldades para constituir sua formação e é preciso que a gente lembre e valorize essa figura, uma vez que é a partir do estudante que se faz o futuro da nação; o fazer da universidade se concretiza a partir de seus estudantes.

É muito simbólico que a gente esteja hoje celebrando o aniversário da FURG, efetivamente comemorado no dia 20 de agosto, mas em função do calendário universitário temos antecipado essas atividades. É muito simbólico estarmos juntos neste 11 de agosto, celebrando a Trilha Multicultural, nada melhor do que trazer a produção extensionista da nossa universidade para essa comemoração.

A gente vive um momento muito difícil, possivelmente um dos momentos mais difíceis do ponto de vista orçamentário que essa universidade já passou - sem dúvida nos últimos 20 anos é a maior crise que essa universidade vive, e por isso é importante que a gente esteja aqui, que a gente esteja celebrando essa história e valorizando o papel da universidade também neste momento, porque apenas juntos e juntas nós conseguiremos reafirmar este papel.

Hoje celebramos a trilha que trouxe a universidade até aqui, porque se não reconhecemos o que a gente avançou, a gente tem dificuldades em reconhecer quando estamos retrocedendo, e nós estamos retrocedendo. Neste momento, é importante reafirmar a importância da universidade e, muito simbolicamente, a importância do estudante universitário.

Além da crise orçamentária, o país vive uma crise política muito profunda. Existem setores da sociedade prontos a se aventurar em sistemas de golpe; a universidade e a cidade precisam se levantar contra esse movimento, se impor contra esse movimento. É a partir da sociedade que não aceita mais ditadura, não aceita mais processos autoritários que se impõem sobre o estado democrático de direito, que se reafirma esse processo. Juntos.

É muito importante o movimento articulado de toda sociedade para barrar esses setores, para barrar as pessoas que ainda defendem processos autoritários e processos de golpe que venham a reverter nosso estado democrático de direito. E não que ele seja perfeito, ele ainda é profundamente opressor; é preciso avançar muito no nosso conjunto legislativo, nas nossas instituições - a universidade incluída - para que a gente possa verdadeiramente representar a sociedade brasileira e seus anseios.

É só a partir da democracia que é possível fazer esse debate, é só a partir da democracia que nós vamos seguir aprimorando nosso estado democrático de direito. A democracia e os movimentos sociais são fundamentais para o aprimoramento do processo legislativo.

Por isso, é muito importante que a gente diga não à ditadura, não a qualquer tipo de desqualificação das eleições e do processo de eleição, inclusive porque o processo de urnas eletrônicas foi um processo de inclusão muito importante. Até a instalação das urnas eletrônicas o Brasil era campeão mundial de votos inválidos por conta da realidade de injustiça social que esse país vive. O povo não conseguia manifestar sua vontade justamente pelo sistema.

Sim à democracia, sim à Constituição Federal. Nós vamos fazer agora, articulado a todo esse movimento, a leitura da carta em defesa da democracia. E é simbólico que isso seja feito dentro de uma universidade, porque a universidade não é só ensino, pesquisa e extensão, ela está no centro do processo civilizatório da humanidade.”

Este material foi produzido de acordo com as normas disciplinadas pela Instrução Normativa nº 1, de 11 de abril de 2018, bem como se ancora e respeita os demais materiais publicados até o momento no que tange o regramento para a comunicação pública dos órgãos federais durante o período de defeso eleitoral, compreendido de 2 de julho a 2 de outubro, podendo ser prorrogado até o dia 30 do mesmo mês em caso de segundo turno.

 

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Ação aconteceu junto à VII Trilha Multicultural em celebração ao Dia do Estudante e aos 53 anos da FURG

Fernando Halal/Secom