Março Lilás

Mesa redonda apresenta panorama sobre assédio e violência contra a mulher em Rio Grande

Convidadas apresentaram conceitos e dados consolidado sobre violência de gênero em diversos contextos institucionais.

Photograph: Hiago Reisdoerfer/Secom

Um dos debates aguardados da programação do Março Lilás na FURG aconteceu na manhã da última quarta-feira, 11, no Cidec-Sul, a mesa redonda “Em pauta: violência e assédio”. Após a mesa de abertura, de que participaram a reitora da FURG, Cleuza Dias, o vice-reitor, Danilo Giroldo, a delegada da Delegacia da Mulher, Paula Garcia, e a coordenadora da Coordenadoria Municipal de Políticas Públicas para Mulheres, Maria de Lourdes Lose, a professora Juliana Lapa Rizza mediou a conversa entre as convidadas: a professora Ana Claudia Lucas (UFPel), a professora Daniele Acosta (FURG), a assistente social Fernanda da Fonseca Pereira (Caic/FURG), e a professora Elisa Celmer.

Na abertura, os gestores da universidade falaram sobre as medidas estruturais em prol da igualdade de gênero quem vem sendo implantadas ao longo da gestão. No sentido do enfrentamento da violência contra a mulher, Danilo Giroldo destacou a atuação da Ouvidoria e o Programa de Integridade da FURG, que está em elaboração. O programa irá tratar da instância que lida com denúncias, desvios de conduta e apurações no contexto da universidade. “Precisamos transversalizar esse tema [da violência de gênero] muito mais entre os homens. É muito importante que esse tema seja profundamente transversalizado para que a gente possa fazer o devido enfrentamento”, considerou. Segundo o gestor, mesmo o programa de integridade funcionando adequadamente, com ouvidoria e canais de denúncia, ainda será fundamental que a universidade estruture uma política de enfrentamento ao assédio. “Manifestamos publicamente esse compromisso. Esse evento contribui muito com essa lógica e essa discussão que cada vez mais é importante”, disse.

Sobre a urgência de a sociedade romper com a cultura do machismo, a reitora chamou atenção para o papel fundamental das mulheres na educação para igualdade de gênero. “Nós precisamos formar pessoas, nosso filhos, não só nossas filhas, para que eles também integrem esse grande movimento que temos que fazer”. Os anacronismos sociais são constatados com assombro pela gestora: “temos um retrocesso que envolve as políticas que podemos implementar nas universidades, mas o que mais assusta é que hoje não temos na sociedade um pensamento de defesa desses direitos que foram sendo conquistados. Esse retrocesso é assustador”, avalia.

A mesa redonda foi organizada em dois blocos temáticos, o primeiro dedicado à discussão do assédio e o segundo da violência. A professora Ana Cláudia Lucas falou sobre o que é o assédio; o que faz as mulheres serem as principais vítimas de práticas abusivas; como o assédio acontece; e o que fazer quando essas situações ocorrem. Elisa Celmer aprofundou a abordagem, tratando dos aspectos legais do assédio em âmbito institucional, distinguindo assédio de gênero (uma das formas do assédio moral; ilícito civil e administrativo) e assédio sexual (ilícito civil, administrativo e penal).  

Daniele Acosta trouxe dados relevantes coletados e avaliados ao longo de pesquisas de mestrado e doutorado, como o quantitativo que mostra de onde parte a maioria das denúncias de violência contra a mulher em Rio Grande, dos bairros BGV e Centro, os mais próximos à Delegacia da Mulher. O indicador revela a necessidade de haver mais delegacias especializadas para atender ocorrências de violência doméstica pelos bairros da cidade. Daniele observa que violência contra a mulher é também um problema de saúde pública, que não recebe a atenção da mídia e da sociedade como deveria. Suas pesquisas também dão conta de mapear o como se dá o atendimento das vítimas nos serviços de saúde do município. O Hospital Universitário (HU), que tem um serviço de pronto acolhimento às vitimas de violência sexual, com a sala violeta e equipe especializada, é citado como referência.

A reincidência da violência contra mulheres e meninas pobres em Rio Grande foi debatida por Fernanda Fonseca a partir de pesquisa aprofundada com o público da zona oeste. Além de demonstrar os resultados encontrados, a assistente social destacou a urgência de uma programação de ano inteiro que mobilize a discussão e o compromisso permanentes com a questão da violência contra a mulher, que os esforços não se restrinjam ao mês de março. “Que sejamos mulheres, meninas e homens sem medos no enfrentamento da violência”, finalizou. 

A atividade teve transmissão ao vivo e a gravação está disponível na íntegra no canal da FURG TV.

 Acesse a programação completa do Março Lilás.

 

 

Gallery

Convidadas apresentaram conceitos e dados consolidado sobre violência de gênero em diversos contextos institucionais.

Hiago Reisdoerfer/Secom