Após 20 anos, o Seminário de Engenharia Geotécnica do Rio Grande do Sul (GEORS), retorna à FURG para a sua 12ª edição. O evento, organizado pelo Grupo de Pesquisa em Geotecnia da FURG - da Escola de Engenharia (EE) - em conjunto com a Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica - Núcleo RS (ABMS/RS), debateu nesta última quinta e sexta-feira, 17 e 18, uma série de temáticas relacionadas ao estudo dos solos como a importância da área para encarar os desafios climáticos que o planeta vem enfrentando nos últimos anos.
Com uma mesa de abertura oficial, o evento de lançamento do Seminário aconteceu na manhã desta última quinta-feira, 17, no Cidec-sul, oportunidade em que estiveram presentes o Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação, Eduardo Secchi; o diretor da EE, Cezar Bastos; a vice-presidente da ABMS Nacional, Bernadete Ragoni Danziger; o presidente do GEORS 2024 e professor da EE, Diego Fagundes; e o Presidente da ABMS – Núcleo RS, Cleber Floriano.
O evento, que inicialmente aconteceria alguns meses atrás, precisou ser remarcado em função da greve nacional dos servidores públicos e, em seguida, também em função das enchentes que acometeram o Estado nos meses de abril e maio, o que promoveu desafios para a organização. Quanto a isso, o presidente do GEORS 2024 aponta que, apesar de ter surpreendido a equipe organizadora, foi realizado um trabalho intenso para manter a empolgação, especialmente pela importância do retorno do Seminário à Rio Grande, uma vez que esta é uma grande oportunidade para que os estudantes possam fazer contatos com representantes do mercado e, também, possam aprender com os palestrantes que oferecem apresentações de alto nível acadêmico e profissional.
Quanto a isso, o diretor da EE complementa: “trazer o GEORS novamente a Rio Grande é um motivo de grande alegria para a nossa Unidade. O grupo da FURG participa desse evento desde a sua criação, lá no ano de 2001. Na ocasião, a participação dos nossos estudantes era de cinco alunos, que foram em um carro até Santa Maria, onde aconteceu a primeira edição; depois tivemos a oportunidade de realizar o Seminário aqui, em 2003, e agora, mais uma vez, estamos abertos para receber estudantes de várias instituições do Rio Grande do Sul – além de alguns colegas de outros Estados, até mesmo do Uruguai”, comentou Bastos.
Ao longo do evento, palestraram professores, pesquisadores e representantes de empresas de Brasília, Minas Gerais, Rio de Janeiro e outros diversos pontos do Rio Grande do Sul. Para Diego, oportunizar aos estudantes da FURG o contato direto com todo este conhecimento especializado é algo que motiva e inspira os docentes da EE e a equipe organizadora.
“Por um lado, esse processo de organizar o GEORS 2024 nos impactou também com a grande tristeza das enchentes e tudo que aconteceu em função desse momento desafiador; por outro, nos surpreendeu positivamente que o pessoal que estava engajado para vir prestigiar o evento continuou empenhado em participar. Nossa expectativa era de 200 inscritos; até a abertura oficial foi registrada mais de 400 inscrições. Isso demonstra o sucesso da operação e a qualidade de todo conteúdo que preparamos”, destacou o presidente Diego.
Além de participar como ouvintes, os estudantes também puderam submeter trabalhos para apresentação oral; destes, todas as pesquisas selecionadas serão publicadas oficialmente. Ao todo, 40 estudos foram apresentados nesta edição do GEORS.
Importância da Geotecnia no contexto da Engenharia e os desafios climáticos
Segundo Cezar, a Engenharia é um campo do conhecimento que abrange uma série de áreas estratégicas para o combate e minimização de diferentes demandas da sociedade, uma delas, por exemplo, os impactos dos eventos extremos. “É inegável que a gente já está vivendo os reflexos do que antes alertávamos como um perigo eminente. Nesse sentido, a Engenharia tem um papel muito importante em tornar as nossas cidades e os nossos territórios mais resilientes, o que reflete, principalmente, na capacidade de salvar vidas”, pontuou o diretor.
Dedicada ao estudo dos solos, a Geotecnia tem ligação direta com os impactos causados por desastres naturais como aqueles observados em decorrência das enchentes de abril e maio de 2024, uma vez que estes estão ligados - em grande parte – ao objeto de estudo da área. Obras geotécnicas envolvem o trabalho em encostas, fundações de pontes, ocupações irregulares de terrenos em áreas de risco e, até mesmo, obras de regularização e manutenção de rodovias. Dessa forma, por meio da Geotecnia se torna possível evitar ou minimizar tragédias em decorrência de situações como as acima mencionadas, seja através do reforço de solo, reforço de fundações, reforço de encostas para impedir deslizamentos e, até mesmo, a verificação de áreas ocupadas para garantir a eficiência na evacuação de pessoas em zonas ameaçadas.
Inclusive, em Rio Grande, uma das formas de minimizar impactos relacionados às inundações é por meio dos estudos geotécnicos, uma vez que o município é cercado por águas, e assim, demanda de uma expertise costeira, através do uso de novas tecnologias e pesquisas que já estão em andamento na própria FURG, com as ações do Programa de Pós-graduação em Engenharia Oceânica (PPGEO), capitaneadas pelo professor Diego Fagundes.
Um destes estudos envolve o uso de Geobags – bolsas de tecido geotêxtil utilizadas para filtragem e armazenamento de sedimentos – que poderiam ser preenchidos com rejeitos de dragagem, oriundos da região portuária, para diminuir as áreas de alagamento na cidade. Este foi um dos temas discutidos durante o GEORS 2024, com uma apresentação do presidente do Seminário, que, além de atenuar consequências de eventos extremos, também soluciona uma demanda ambiental.
Geobowl
Para celebrar o encerramento do GEORS 2024, foi realizada, também, a final do tradicional torneio de perguntas e respostas do Seminário, o Geobowl. Para Diego, a ação é a “cereja do bolo”, uma vez que as universidades se preparam bastante para a competição. “Os alunos estudam muito, relembram os conteúdos da Geotecnia e, por meio de uma competição saudável, trabalham os conteúdos e se aprimoram em temas muito relevantes para aqueles que querem se aprofundar na área. Estávamos fazendo um histórico dos últimos campeões do Geobowl e vimos que, hoje, muitos são professores e, outros tantos, ocupam posições importantes em empresas ligadas a obras geotécnicas”, aponta e completa o presidente da edição: “Uma competição é sempre algo muito interessante; o pessoal torce, se diverte e se engaja ainda mais com o evento. A equipe vencedora vai levar um troféu pra casa, além de uma premiação bacana e medalha comemorativa”.
*Estagiária sob supervisão do jornalista Hiago Reisdoerfer