ARTE DAS RUAS

Cinquentenário do hip hop é tema de sessão especial na Câmara Municipal

Em meio às comemorações, Festival Movimenta FURG Hip Hop 50 Anos será realizado em dezembro

Photograph: Fernando Halal/Secom

O cinquentenário do movimento hip hop foi celebrado no final da tarde de sexta-feira, 10, na Câmara Municipal do Rio Grande. Com o plenário quase lotado, foram concedidas homenagens e honrarias, e também houve momentos de protesto e reivindicações pelas demandas da comunidade.

Predominantemente marcado por jovens, o público acompanhou de forma atenta a cerimônia, marcada pela emoção - e que teve a presença de figuras de referência na cidade, como o rapper Mr. Diones e a dançarina Ariel Lexistão, além de DJs, MCs, grafiteiros e produtores culturais.

A vereadora Professora Denise, proponente da sessão, defendeu em sua fala que não é fácil trabalhar com cultura. "A cultura transcende, e o hip hop vem justamente trazer visibilidade a ela, que muitas vezes é desacreditada e marginalizada, e que muitos não conhecem", justificou. "Eles precisam ter voz e vez na sociedade, porque ocupam a periferia da nossa cidade".

O secretário de Comunicação da FURG, Law Tissot, representou a reitoria durante a sessão, a convite da vereadora proponente. Ligado ao movimento desde os anos 1990, ele relembrou a amizade com Mr. Diones e Nego Bocha, pioneiros do rap na cidade com o grupo Elemento Neutro. "Com eles eu aprendi que o hip hop em Rio Grande não tem 30 anos, é muito mais que isso. Se formos pegar apenas o recorte da nossa cidade, ele é extremamente rico: atravessa gerações, a família, o trabalhador, o audiovisual, que é uma identidade muito forte por aqui. O movimento expressa uma capilaridade imensurável, e tenho certeza que há muito mais para acontecer daqui para frente", disse.

Em meio à sessão, foi exibido um trecho do documentário "Olho no Olho - Uma Breve História do Movimento Hip Hop na Cidade do Rio Grande", produzido pela FURG TV. Houve também espaço para um momento cultural com a performance freestyle do rapper Fl!p. Entre as homenagens, esteve o voto de louvor concedido ao falecido artista Emerson Batista Pinto, o Nego Bocha.

Manifestações
Cartazes com dizeres como "Rap é compromisso e tem que ser valorizado" foram exibidos pelo público ao longo da sessão, que ganhou ares de protesto. Em acordo firmado entre as lideranças políticas que organizaram editais de cultura, foi prometido que parte da verba seria destinada ao desenvolvimento de projetos do hip hop na região, o que segundo, representantes do movimento, ainda não ocorreu.

Festival em dezembro
A FURG, através da Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proexc), realiza no dia 7 de dezembro o Festival Movimenta FURG Hip Hop 50 Anos, nas quadras em frente ao prédio do Caic, no campus Carreiros.

Revolução musical
De acordo com pesquisadores da música, o hip hop nasceu em uma festa em um apartamento no Bronx, em Nova York, em agosto de 1973. Utilizando um microfone e dois toca-discos, o músico jamaicano DJ Kool Herc provocou uma revolução musical ao misturar duas canções, isolando e prolongando as batidas do bumbo, também conhecidas como "breaks", ao mesmo tempo em que criava sobreposições sonoras rítmicas. O evento unia três dos quatro elementos do movimento – rap, DJ e break (o outro seria o grafite).

Após décadas de imersão na cultura de rua em todo o mundo, hoje a dominância do hip hop nas ondas do rádio, nas plataformas de streaming e nas paradas musicais é incontestável, assim como sua influência difundida em áreas que vão desde o pop até o cinema e a moda.

 

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Com o plenário quase lotado, foram concedidas homenagens e honrarias

Fernando Halal/Secom