Motivado pelos fortes impactos causados pelos eventos extremos no Estado em 2023, foi aprovada a criação de um Programa Institucional de Avaliação, Prognóstico e Mitigação de Eventos Extremos da FURG. A iniciativa, pioneira na época, tinha como intuito a criação de protocolos acadêmicos e administrativos para situações extremas. Deste movimento surge o Comitê de Avaliação e Prognóstico de Eventos Extremos da Universidade que aproveita a capacidade instalada da instituição, bem como pesquisadores de altíssima relevância, para produzir conhecimento e informações de confiança sobre o tema - grupo cuja atuação foi crucial durante as enchentes de 2024. Visando qualificar e intensificar o trabalho, a FURG submeteu à Fapergs o projeto de um Centro Interinstitucional de Observação e Previsão de Eventos Extremos (Ciex), que, recentemente, foi devidamente aprovado.

“Com a experiência vivida durante as enchentes de maio de 2024, ficou evidente que precisávamos estar melhor preparados para futuros eventos extremos, e para isso, precisamos qualificar dados e informações, operacionalizar os modelos de previsão, qualificar pessoas e profissionalizar as ações de enfrentamento aos eventos”, explica a professora Elisa Fernandes, uma das proponentes e coordenadora do projeto, ao lado do professor do Centro de Ciências Computacionais (C3), Glauber Gonçalves.

Parceiros

Capitaneado pela FURG, o Ciex conta com quatro instituições colaboradoras: Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Agência para o Desenvolvimento da Bacia da Lagoa Mirim (ALM), além da multinacional Pixforce que utiliza Inteligência Artificial e Visão Computacional para transformar operações tradicionais em processos inovadores, eficientes e seguros.

Ao todo são mais de 20 instituições apoiadoras, envolvendo representantes da sociedade civil organizada, setor comercial, Universidade e poder público; a lista na íntegra é composta por:

Prefeitura de Rio Grande; Prefeitura de Pelotas; Prefeitura de São Lourenço do Sul; Câmara de Vereadores de São Lourenço do Sul; Associação de Municípios da Zona Sul (Azonasul); Câmara Técnica de Resiliência e Desenvolvimento; 3º Batalhão de Bombeiros Militar – Região Sul - Comandante Sulenir da Rosa; Defesa Civil de Rio Grande; Coordenadoria de Proteção e Defesa Civil - CREPDEC 4 – Coordenador Coronel Facin; Agência Nacional de Águas (ANA); Portos RS; Praticagem do Rio Grande; TECON Rio Grande; Sindicato dos Terminais Marítimos do Rio Grande (Sintemar); Refinaria Riograndense; Yara Fertilizantes; Sagres Operações Portuárias; Santa Casa do Rio Grande; Câmara de Dirigentes Lojistas de Rio Grande (CDL); Órgão Gestor de Mão-de-Obra do Trabalho Portuário Avulso do Porto Organizado do Rio Grande (OGMO/RG); Parque Tecnológico de Pelotas; Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da FURG (Innovatio); Centro de Robótica e Ciência de Dados (iTEC-FURG); e Universidade Federal do Rio Grande – Campus São Lourenço do Sul.

De acordo com Elisa, a definição dos parceiros do Ciex aconteceu de forma natural, em razão da forte atuação da FURG com diversas frentes operacionais da quádrupla hélice durante o evento extremo de 2024. “Na ocasião, colaboraram conosco instituições de ensino superior do estado como UFPel e UFRGS, bem como as forças de segurança e prefeituras dos municípios às margens da Lagoa dos Patos, além dos principais usuários do ambiente, como a Portos RS, a Praticagem da Barra e o Tecon, por exemplo”, detalhou a professora.

A iniciativa conta, ainda, com o suporte de sete programas de pós-graduação, os quais garantem ao Centro um apoio com pesquisa de ponta, subsidiando o grupo com ainda mais segurança no monitoramento e na aplicação de modelos. Integram essa rede os Programas de Pós-graduação da FURG em Oceanologia (PPGO); Computação (PPGCOMP); Geografia (PPGGEO); e Economia Aplicada (PPGE); o Programa de Pós-graduação da UFRGS em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental (PPGRHSA); e os Programas de Pós-graduação em Recursos Hídricos (PPGRH) e Meteorologia (PPGMET), da UFPel.

“O CIEX é uma iniciativa interinstitucional que proporcionará uma estrutura física qualificada e inovadora para a avaliação, prognóstico e mitigação de riscos de eventos extremos de inundação e estiagem, garantindo a segurança da população e das infraestruturas dos municípios às margens da Lagoa dos Patos, e possibilitando seu desenvolvimento sustentável e resiliente”, completa Elisa.

Operação e Tecnologia

De acordo com o documento submetido à Fapergs, o programa estabelecerá um ambiente virtual inovador baseado em conjuntos de dados meteorológicos, oceanográficos e geodésicos combinados com modelos numéricos e métodos de inteligência artificial que fornecem uma réplica virtual do ambiente natural da Lagoa dos Patos e municípios às suas margens, o Digital Twin Lagoa dos Patos. A proposta de consolidação deste ativo funcionando em tempo real no Ciex está baseada nos métodos aplicados e validados com sucesso pela equipe da FURG, em parceria com as equipes da UFPel e da UFRGS.

A combinação dos seus resultados com a aplicação de processos informacionais e comunicativos será de fundamental importância para a integração da academia com a comunidade, Forças de Segurança, Prefeituras e Defesas Civis da região através do acesso qualificado online às informações das redes de monitoramento e sistemas de previsão, fornecendo informações importantes para uma tomada de decisão mais abrangente e precisa, contribuindo para a segurança da sociedade, economia, governança, mobilidade, qualidade de vida e meio ambiente.

Espaço físico

Ao submeter o projeto, a FURG já se antecipou e disponibilizou uma área para a instalação do Ciex, dentro das dependências do Cidec-sul, localizado na unidade Carreiros, em Rio Grande. “Esta é uma área altamente qualificada e nobre no campus, que se tornará uma referência no Estado e no País, no que tange a temática dos eventos extremos”, comentou Elisa.

Sobre a coordenadora

Elisa Fernandes, além de coordenar a proposta submetida, também será a professora responsável pela consolidação do Ciex na FURG. Professora Titular do Instituto de Oceanografia da FURG (IO) e responsável pelo Laboratório de Oceanografia Costeira e Estuaria (Locoste), Elisa é parte do Comitê de Avaliação e Prognóstico de Eventos Extremos da Universidade desde novembro de 2023, espaço em que atuou de forma intensa durante o evento de inundação que ocorreu no Rio Grande do Sul durante 2024.

Um compilado de boletins e estudos emitidos pelo Comitê está disponível no portal FURG.br clicando aqui.

Atualmente, é membro do Comitê Científico de Adaptação e Resiliência Climática do RS e do Grupo Técnico de Assessoramento para Estudos Hidrológicos e de Segurança de Infraestruturas de Preservação e de Proteção de Cheias no Estado do Rio Grande do Sul (GTA RS), da Agência Nacional de Águas (ANA); e coordena a Linha de Pesquisa 'Avaliação e Mitigação de Riscos de Eventos Extremos de Inundação: construindo políticas públicas para o futuro', como parte do Projeto RS Resiliência e Sustentabilidade da Secretaria Extraordinária para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, do Governo Federal.

Elisa é Engenheira Química (FURG, 1994), Mestre em Engenharia Oceânica (FURG, 1997), e Doutora em Marine Science pela University of Plymouth (2001), na Inglaterra. Possui mais de 25 anos de experiência na área de Oceanografia Física Costeira e Estuarina, com especial interesse na aplicação de técnicas de modelagem numérica e sensoriamento remoto para o estudo de processos costeiros e estuarinos, o desenvolvimento sustentável de regiões portuárias e o impacto de eventos extremos nestas regiões.

Continue acompanhando o portal FURG.br para mais informações sobre a instalação e a consolidação deste novo e importante centro de referência interinstitucional.