MARÇO LILÁS

Roda de conversa debate as várias fases da violência contra a mulher

Pesquisadora acompanhou a realidade de famílias do entorno da universidade

Photograph: Fernando Halal/Secom
Alguns quadros com fotografias de mulheres estão colocados um ao lado do outro, apoiados na parede, em cima de um tecido vermelho. As fotografias são em preto em branco. Em uma delas, uma mulher segura um cartaz que diz "Homem de verdade não bate em mulher".

O principal objetivo da extensão universitária é trabalhar para promover impacto e transformação na sociedade na qual está inserida. Assim, na tarde de terça-feira, 12, a Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proexc), junto com a Diretoria de Arte e Cultura (DAC) e o Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente (Caic), promoveram a roda de conversa “Mulher: é preciso falar sobre as violências”, mediada pela assistente social da Proexc, Fernanda Fonseca.

A atividade faz parte da programação do Março Lilás da FURG e teve como objetivo divulgar o resultado da pesquisa de doutorado da assistente social, que acompanhou 101 famílias que residem no entorno da universidade e que vivem o contexto da violência física e social.

“A intenção dessa pesquisa foi a de perceber como vivem essas mulheres que sofrem com as várias fases da violência, como a física, a psicológica e a negligência institucional, através do atendimento recebido nas unidades de atendimento do município. Nosso objetivo com essa conversa é ver como a universidade pode mudar esse contexto e gerar impacto e transformação”, explicou a pesquisadora.

Participaram da conversa professoras, pessoas ligadas à rede de assistência social, como as Unidades Básicas de Saúde, psicólogas, agentes comunitários, e representantes do Conselho Tutelar e do Centro de Referência de Assistência Social (Creas). O Pró-reitor de Extensão e Cultura, Daniel Prado disse que pesquisas como essa são uma forma importante que a universidade tem de se relacionar com a comunidade externa.

De acordo com a pesquisa, cerca de 80% das vítimas de violência que vivem na zona oeste da cidade são meninas e mulheres. E das famílias pesquisas, grande parte delas tem a mulher como mantenedora do lar, porém com trabalhos precários, como catadoras de latas e lixos. “Infelizmente constatamos por este estudo que as mulheres vítimas da violência continuam sofrendo agressões e são tratadas com descaso por serem pobres, negras e por exercerem ocupações pouco valorizadas”, afirma a pesquisadora.

A assistente social ressalta ainda que foi detectada a reincidência da violência em 28 casos. “Nossa intenção é proporcionar e qualificar a rede de atendimento, através dos resultados apresentados na pesquisa e assim fazer valer o propósito da extensão universitária, que é auxiliar na transformação da sociedade”, finaliza Fernanda. 

 

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A assistente social da Proexc, Fernanda Fonseca, palestra em pé, em frente a um grupo de mulheres sentadas.

Roda de conversa “Mulher: é preciso falar sobre as violências”

Foto: Fernando Halal