“Um passado de memórias, um futuro de histórias”. O tema que a FURG escolheu para marcar as comemorações de seu cinquentenário inspira o projeto que a Secretaria de Comunicação (Secom) apresenta nesta edição do evento. A série Minha história com a feira registra relatos de visitantes da 46ª Feira do Livro sobre suas vivências significativas com esse lugar especial que há 40 anos faz parte da vida da universidade.
Sergio Renato de Medeiros – 59 anos
Sou de Santa Maria. Eu fiz duas edições ali na avenida e depois mudou pra cá. Aqui no primeiro ano foi bem difícil, tinha barro, não tinha brita, nada. E a feira... eu acompanhei a evolução da feira. Saiu da avenida – que eram dez casinhas de bancas com o carrinho da FURG e depois mudou pra cá. Inclusive no começo eu emprestei por dois anos umas casinhas pro pessoal. E eu venho acompanhando por esses anos todos. Já são 25 edições de feira.
É gratificante. Primeiro porque a estrutura que a FURG oferece aqui na feira talvez seja até a melhor do Estado. E a feira cresceu, né... Com tudo o que a FURG oferece, tanta gente envolvida. Um trabalho que eu tenho impressão que é feito o ano todo. E agora tem a Rua das Crianças, o lazer né... E a feira é grande, né. Tanto é que tem sorteio porque a procura é muito grande. De uns anos pra cá eles têm feito convite. E também fazem convite – o que eu acho certo – aos livreiros locais.
“Sou livreiro há 40 anos. E faço isso com a maior prazer. Me sinto bem, gosto do que faço.”
[Se pudesse resumir sua participação na feira com uma palavra...] Ah, é um prazer. Sou livreiro há 40 anos. E faço isso com a maior prazer. Me sinto bem, gosto do que faço. Dizem que quem vende livro, vende qualquer coisa. Eu já recebi dois convites para trabalhar vendendo outros tipos de coisa, automóveis, produtos agrícolas. Mas eu gosto é de livro. E por incrível que pareça tem alguns livros que eu não gostaria de vender. Queria ficar com eles pra mim.
Fiz muitas amizades nesses 25 anos. Com funcionários da FURG, clientes, pessoas de outras cidades. Daqui a pouco tô fazendo feira lá em Uruguaiana e alguém diz ‘ah, comprei livro com o senhor lá na praia do Cassino.’
“Acredito que só a educação pode mudar a história de um povo e em particular do Brasil”
Faço as principais feiras do Estado. Faço feira de Santa Maria e ajudo a organizar feiras nas cidades do interior próximas a Santa Maria. Porque eu acredito que só a educação pode mudar a história de um povo e em particular do Brasil. Não é nenhum político com um decreto que vai mudar. Acho que é o povo se educando. Claro que pra isso era preciso mais verba pra educação e que pagassem melhor os profissionais da educação. Mas, quem sabe um dia chegamos lá. Talvez fazendo muita feira, vendendo muito livro, no futuro a gente mude isso.
“Quem estuda aprende, mas quem lê sabe”
Eu sempre digo que quem estuda aprende, mas quem lê sabe. Acredito que a leitura é fundamental. Um processo que devia iniciar já no começo do ensino fundamental, né. Claro que de repente pode ser que falte uma boa biblioteca na escola mas é importante também que os professores, em especial os professores que trabalham com literatura façam um trabalho com os alunos, que motivem os alunos a ler, a gostar e criar o hábito da leitura.
E a importância da Feira do Livro é fundamental. Porque os pais vêm na feira, trazem as crianças e elas vão tendo um primeiro contato com os livros. E hoje, a gráfica de livros infantis no Brasil cresceu muito. Isso há 30, 35 anos quando eu comecei a vender livros era muito difícil, a variedade era pouca e muito caro, muito mais caro do que hoje. Eu ainda acho que o livro é caro no Brasil e muitas pessoas não conseguem ter acesso. Por isso, é fundamental que as escolas tenham uma boa biblioteca e que fosse incentivado pelos professores, em especial os professores de literatura e até mesmo os professores de séries iniciais. Porque eu acredito que o que pode mudar o destino de um país é o povo através da educação, eu acho que essa é a melhor arma."
