A fim de homenagear as grandes descobertas científicas e comemorar o Dia da Ciência e Tecnologia, celebrado no dia 16 de outubro, a Secretaria de Comunicação da FURG (Secom) deu início a uma série especial de entrevistas com alguns dos nomes de destaque no quadro de pesquisadores da universidade.

A terceira e última participante da série é a pesquisadora e coordenadora do Núcleo de Desenvolvimento Social e Econômico (Nudese), Lúcia Nobre. O núcleo, vinculado à Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proexc), concentra seus esforços em impulsionar o desenvolvimento local e regional, dando ênfase na criação de oportunidades de trabalho e aumento de renda.

O compromisso de Lúcia Nobre - e do Nudese - , é evidenciado pelo amplo escopo de áreas que eles atendem. Isso inclui agricultura familiar, catadores de materiais recicláveis, gastronomia, artesanato e pesca artesanal. Sob a liderança de Lúcia, o núcleo desempenha um papel ativo no processo de incubação de grupos, oferecendo a associações e iniciativas comunitárias a oportunidade de crescer e se fortalecer.

A pesquisadora e o Núcleo trabalham para estabelecer parcerias e iniciativas que impulsionam o desenvolvimento econômico e social, promovendo a sustentabilidade. O comprometimento pode ser visto não apenas na comercialização de produtos, mas também na organização de seminários, oficinas e espaços formativos que agregam valor às comunidades atendidas. Logo, Lúcia e o Nudese representam um compromisso contínuo com o desenvolvimento sustentável e a economia solidária em suas diversas facetas.

Como se deu o seu envolvimento junto ao Nudese?

“Eu comecei a trabalhar na superintendência de administração dos campi (hoje, Prefeitura Universitária) e lá tinha essa questão dos resíduos; me preocupei bastante com que estes eram tratados. Resolvi escrever um projeto de extensão para utilizar os resíduos da universidade em benefício da comunidade de catadores.

Isso aconteceu em 2006, e com a aproximação a uma associação de catadores, eu me aproximei, também, das atividades do Nudese. Ao fim da primeira gestão do professor Cousin eu pedi a troca de lotação.

Além das ações com os catadores, trabalho também com artesanato, pesca artesanal, agricultura familiar e outras atividades.

Quais projetos atuais realizados pelo Nudese podemos destacar?

Atualmente o Nudese trabalha com seis áreas: a pesca artesanal, agricultura familiar, reciclagem, artesanato, confecção e a gastronomia. 

A pesca artesanal segue como área de atuação do Nudese, apesar das dificuldades. Assim como a rede de artesanato que compõe o núcleo. 

Já a agricultura familiar tem destaque através de emenda parlamentar que permite a aquisição de alimentos de cooperativa de São José do Norte para distribuição entre as 100 famílias em vulnerabilidade social no município. 

O trabalho do Nudese com relação a reciclagem acontece em parceria com a cooperativa de catadores de material reciclável Santa Rita. 

Durante a pandemia, a confecção se tornou um braço das ações do núcleo por meio de uma parceria com mulheres costureiras com o objetivo de suprir as demandas por roupas hospitalares no Hospital Universitário (HU). 

Uma ação do Nudese que é facilmente sentida na universidade é a área da gastronomia que atende dois grupos: quitutes solidários, que atua na área acadêmica do HU; e o Bangalô Café Cultural, que comercializa seus produtos nas áreas próximas ao Centro de Convivência (CC). O Nudese está trabalhando a viabilidade de grupos semelhantes passarem a atuar no campus de Santa Vitória do Palmar.  

Como tu avalias a função social do Nudese junto à comunidade acadêmica e Rio Grandina?

A função social do Nudese é a função da extensão universitária. Embora a atuação do núcleo seja uma atividade indissociável da pesquisa, do ensino e da extensão, o Nudese devolve para a sociedade os empréstimos que a própria sociedade deixa para a FURG. E dessa forma, mesmo que operante nas três pontas, estamos bastante conectados com a extensão e em promover o desenvolvimento do território onde estamos inseridos.

Conte um pouco sobre o seu envolvimento com o projeto Eco e uma avaliação sobre o mesmo.

O projeto vem de uma parceria, principalmente, com o Centro de Ciências Computacionais (C3) e o Instituto de Letras e Artes (ILA), que busca a construção de uma proposta de cooperativismo de plataforma, que seria pensarmos - através da inteligência artificial -, plataformas para que os trabalhadores do projeto Eco possam gerenciar a comercialização de sua produção. O projeto é financiado pelo Ministério da ciência e tecnologia.

Eu percebo grandes avanços da economia solidária em relação ao período que iniciei no núcleo, principalmente dentro da nossa universidade, que aprovou a política de inovação e tecnociência solidária, que prevê  inovação para empresas e empreendimentos econômicos solidários. 

Temos a constituição da Innesol em São Lourenço do Sul e em Santo Antônio da Patrulha, estamos fomentando a criação de uma incubadora em Santa Vitória do Palmar.  Isso mostra o crescimento da economia solidária dentro da FURG.

*Estagiários sob supervisão do jornalista Hiago Reisdoerfer