FURG é representada no 1º Encontro Nacional dos Estudantes Quilombolas, em Goiás

Aconteceu entre os dias 16 e 19 deste mês o 1º Encontro Nacional dos Estudantes Quilombolas (Eneq) com o tema “Estudantes na trincheira de luta: permanência e (r)existência”. O evento ocorreu na cidade de Cavalcante, em Goiás, no Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga. Estiveram presentes mais de 500 estudantes de todas as regiões, sendo as representantes da FURG as alunas Charlene Bandeira, da Psicologia, e Sheila Amaral, do Direito. 

O 1º Eneq foi pensado e planejado por estudantes quilombolas de graduação e pós-graduação da Universidade Federal de Goiás em articulação com estudantes quilombolas de outras regiões do país. O evento representa um ganho histórico na organização nacional dos estudantes quilombolas em um tempo de austeridade em que se vê ameaçada cada dia mais a inclusão e a permanência desses estudantes na universidade, considerando os recorrentes cortes na educação, saúde e na ciência e tecnologia. Sendo assim, o evento propõe discutir questões étnico-raciais, os impactos do racismo na permanência no ensino superior, identidade quilombola, autodeclaração, direito territorial, saneamento básico e saúde da população quilombola. A ideia é fazer em todos esses temas uma relação com a importância da defesa da universidade pública, autônoma e popular, sem limitações de muros e prédios, inserida e a serviço da comunidade e compromissada com a resolução de problemáticas sociais que têm impacto direto na qualidade de vida das populações em vulnerabilidade socioeconômica, em específico para esse debate as populações quilombolas de todo o país. 

Algumas universidades federais têm contribuído para o desenvolvimento socioeconômico e político das comunidades quilombolas através da lei de cotas e Processos Seletivos Específicos para ingressos de Indígenas e Quilombolas, dando assim oportunidades a um povo historicamente excluído das universidades e, consequentemente, de todos os espaços de poder. Acreditando em uma universidade compromissada com as causas sociais e na defesa de uma educação pública de qualidade e que promova equidade entre as populações, o 1º Eneq assume a responsabilidade de articular ações com o movimento estudantil quilombola para o fortalecimento das políticas de ações afirmativas e as políticas de reparação de danos para a população quilombola no Brasil.

A escolha do Sítio Histórico do Patrimônio Cultural Kalunga foi estratégico para se pensar as lutas a partir do Terreiro, do Território e do Quilombo, nas perspectivas de retomar as nossas identidades e a partir delas, a força enquanto movimento estudantil. O grupo acredita que essa luta precisa ser além dos muros da universidade ou de um pensamento intelectual eurocentrado, mas popular. Maior Território Quilombola do Brasil, o povo Kalunga carrega em sua história uma grande marca de resistência e até hoje preservam seus costumes ancestrais, razões pelas quais foi escolhido pelos organizadores em consonância com demais universidades envolvidas, como símbolo de resistência.

 

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