A pesquisa científica tem sido central para o desenvolvimento de armas contra o novo coronavírus. Diante do estado de pandemia causado pelo Covid-19, a FURG vem desenvolvendo métodos e equipamentos para combater a presença do vírus. Nas últimas semanas, uma equipe da frente tecnológica iTecCorona deu início ao projeto de um rodo com radiação ultravioleta destinado à descontaminação de pisos.
Bactérias e vírus, como o novo coronavírus, podem sobreviver durante horas em superfícies como madeiras e porcelanas e também se alastrar por meio dos calçados. O rodo desenvolvido pela universidade emite a radiação ultravioleta UV-C, faixa mais destrutiva entre as classificações do espectro eletromagnético, com propriedades para matar germes. A radiação UV-C elimina a capa proteica e o material genético de qualquer vírus.
A recomendação é que o equipamento seja usado durante um minuto em cada metro quadrado da superfície a ser descontaminada. "Nossa experiência nos testes com cultura de células mostra que, quanto menos tempo demoramos para atingir a dose pretendida de radiação, maior é a sensibilidade celular. Então nosso objetivo é que a capacidade de irradiância do rodo seja alta, para que a dose já seja atingida em pouquíssimos segundos, mesmo que cada metro quadrado receba a radiação do rodo por um minuto. Isto garante a segurança da desinfecção", explica a professora Ana Votto, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB).
Os primeiros testes de radiação UV já foram realizados e confirmam a eficiência do equipamento. A capacidade de emissão de radiação de um primeiro protótipo foi medida com um radiômetro/fotômetro. "Vamos construir um segundo modelo, com uma lâmpada mais potente, a fim de reduzir o tempo de uso aumentando a velocidade de aplicação", observa o professor Paulo Drews, coordenador do projeto.
O rodo para desinfecção do chão é uma construção coletiva da equipe do iTecCorona. A fabricação do aparelho também contou com o apoio do pessoal do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) - Rio Grande e também da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). "Quem montou a primeira versão aqui em Rio Grande foi o professor Anderson Porte do IFRS, mas, com a ajuda de todos, tivemos também a montagem feita por um aluno da UFSM junto com o grupo", afirma o professor Drews.
A utilização do aparelho no ambiente hospitalar do Hospital Universitário Miguel Riet Corrêa Jr. (HU-FURG/Ebserh) deve ocorrer nas próximas semanas. O Hospital Santa Cruz também se disponibilizou para a realização de testes em Santa Cruz do Sul. "A medida de radiação deverá ser realizada na próxima semana, assim que o segundo protótipo estiver pronto. Depois disso, os testes biológicos com cultura de bactérias, e por PCR para detectar a presença do RNA do SarsCov-2 serão feitos na Universidade de Santa Cruz do Sul, parceira no projeto. Somente após estes testes, os rodos de UV-C poderão ser produzidos para utilização nos hospitais", ressalta a professora Ana Votto.
A proposta do iTecCorona é fazer todos os testes e enviar um dos protótipos para avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo o órgão federal, equipamentos desinfectadores, descontaminantes e esterilizadores de superfícies necessitam ser avaliados quanto ao teor de desinfecção gerado.
O que é o iTecCorona
Em parceria com outras instituições, a FURG organizou uma frente tecnológica para atuar diretamente na criação, adaptação e construção de soluções científicas e tecnológicas para o combate e prevenção do coronavírus. O grupo do iTecCorona reúne integrantes do Centro de Ciências Computacionais (C3), Escola de Engenharia (EE), Instituto de Matemática, Estatística e Física (Imef), ICB, Parque Tecnológico – Oceantec, Incubadora de Empresas de Base Tecnológica - Inovattio, e os institutos federais de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) e Sul-rio-grandense (IFSul).
A equipe foi dividida em frentes de trabalho, responsáveis por atuar de forma autônoma e auto-organizada. Essas frentes foram definidas de acordo com os tipos de desafios e demandas, observando o perfil dos voluntários. São elas: desenvolvimento de equipamentos, software, analytics, ecommerce e comunicação, além de um grupo específico responsável pela interação com a comunidade.