É CAMPEÃO!

Estudantes da FURG conquistam o título da Competição Nacional de Robótica

Equipe FBOT desbanca a atual campeã mundial FEI na categoria “@home”

A equipe de robótica Butiá BOTS (FBOT), formada por estudantes de graduação e pós-graduação da FURG, UFSM e do IFRS conquistou o primeiro lugar na categoria “@home” durante a Competição Brasileira de Robótica, realizada em São Bernardo do Campo, em São Paulo. O evento aconteceu de 17 a 22 de outubro, na Fundação Educacional Inaciana Pe. Sabóia de Medeiros (FEI).

Durante a disputa final, a FBOT enfrentou a atual campeã mundial da modalidade, a FEI, que tinha a vantagem de estar no seu campus e com a torcida ao seu favor. O evento aconteceu em formato hibrido (on-line e presencial) com entrada gratuita e aberta ao público.

De acordo com o coordenador da equipe, Paulo Drews - que acompanhou a competição de forma remota -, “as conquistas são sempre especiais e elas trazem a motivação e os desafios, pois somos agora o time a ser batido“, destacou o docente do Centro de Ciências Computacionais (C3). Já Rodrigo Guerra, também parte coordenação do time, destacou o seu sentimento: “é de orgulho, da certeza de que esses alunos estão prontos para atuarem na sociedade, e inovarem enfrentando problemas do mundo real”.

Ação coletiva

Em virtude dos cortes orçamentários nas universidades públicas, a ida dos alunos e do professor Guerra, só foi possível graças ao apoio da comunidade, por meio de uma vaquinha online organizada pela equipe e divulgada nas redes sociais. De acordo com Igor Maurell – um dos estudantes da FURG presentes na competição -, a captação de recursos foi difícil. “A gente tentou basicamente todos os lugares que dava e a vaquinha foi a grande fonte de auxílio”, explicou.

Ainda nesse sentido, Maurell destacou, também, o apoio da Prefeitura Municipal do Rio Grande, responsável pelo fornecimento do ônibus para o transporte da equipe. “E eles cederam não só o transporte de Rio Grande para São Paulo, mas também o transporte interno. O ônibus nos levava todos os dias para a competição e nos trazia de volta para o hotel”, comentou o estudante.

A equipe registrou agradecimentos também pelo apoio da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae); comunidade acadêmica; moradores do Rio Grande e de outros municípios; e a empresa Poatek, de Porto Alegre (que emprega ex-membros da equipe e doou uma grande quantia para ajuda de custo).

A Equipe

A FBOT completa 20 anos em 2022 e atualmente é composta por cerca de 50 alunos, principalmente dos cursos de Engenharia de Automação, Engenharia de Computação e Sistemas de Informação. O time compete em diversas modalidades, no entanto, disputa desde 2018 na categoria “@home”, e após as conquistas de terceiro lugar no mundial e primeiro lugar no brasileiro deste ano, Rodrigo Guerra menciona que “a equipe começou a colher os frutos de aproximadamente quatro anos de trabalho intenso, que se somam as duas décadas de experiência da FURG em competições de robótica”.

Drews, por sua vez, atribui o sucesso da equipe à motivação, planejamento, cooperação e espírito de equipe, além da aplicação de muito estudo, conhecimento técnico e excelência acadêmica. “Fomos a equipe brasileira com mais artigos científicos no evento IEEE LARS/SBR que acontece em paralelo com as competições; também tivemos um aluno de doutorado entre os finalistas no concurso de melhor tese em robótica”, analisa o docente.

Ainda segundo Drews, a FBOT faz parte de um grande ecossistema em robótica que faz a FURG referencia na America Latina, incluindo o O grupo de pesquisa em Automação e Robótica Inteligente (Nautec), a pós-graduação trinacional da FURG em Robótica e Inteligência Artificial (Pria) e a Unidade Embrapii iTec/FURG, cobrindo ensino, pesquisa e extensão nas áreas correlatas à robótica e computação.

A equipe que representou a FURG na categoria "@ home" na competição foi composta pelos estudantes Igor Maurell, Jardel Dyonisio, João Francisco, Luis Milczarek, Marina Rocha, Pedro Corçaque, Emilly Lamotte e Christi Amorim, além do professor Rodrigo Guerra e do técnico do Laboratório de Automação Industrial da FURG, Cedenir da Costa.

Por fim, Drews faz um chamamento para que os alunos da FURG se juntem ao time: “devemos abrir um processo seletivo em breve pra novos membros, principalmente pra os cursos do C3 e da Escola de Engenharia”.

Doris, a Robô e as próximas competições da equipe

Medindo pouco mais de um metro e meio, Doris – acrônimo para “Domestic Robotic Intelligent System”, foi programada para expressar sentimentos e executar tarefas domésticas com o auxílio de um braço mecânico também projetado e construído pela equipe. A robô é a ferramenta utilizada pela equipe em diversas situações de teste e competição, e é parte da conquista recente.

O projeto do robô foi desenvolvido junto com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), e possui um valor estimado para custeio de R$ 50 mil reais, financiado principalmente por um edital internacional de fomento da própria RoboCup vencido pela equipe em 2018, e utilizando materiais reciclados de projetos anteriores da FURG e da UFSM.

Durante os três meses que antecederam a competição, a FBOT passou a investir na parte interna da Doris, já que, de acordo com Igor não daria tempo de “mudar coisas na parte física” e então a ideia foi “programar as provas, capacitar o robô para desempenhar mais atividades e habilitar a possibilidade de conversar com as pessoas, reconhecendo seus nomes, sua bebida favorita, inclusive por meio de reconhecimento facial”. Corroborando essa ideia, Jardel diz que é preciso ter “muita pesquisa e muitos testes para poder validar um robô. Atualmente com a Doris a gente tem uma plataforma muito sólida que nos permite realizar diversas provas e capacitando-a da melhor forma possível”, complementou.

Em comparação com a Robô Hera, da FEI, a Doris é “menos conhecida fora do RS” e isso foi percebido por Guerra durante a competição, uma vez que, “a Hera decorava as páginas do evento e foi apresentada para toda a mídia, aparecendo nos principais canais de TV aberta e por assinatura, que geralmente possuem sede na região metropolitana de SP; Rio Grande não possui o mesmo tipo de exposição à mídia”.

Competição

A Competição Brasileira de Robótica, realizada em São Paulo, começou com as provas de nível um, que testam as habilidades individuais do robô, tais como reconhecer pessoas, objetos, entender e responder perguntas, com pontuação máxima por etapa de mil pontos; nove equipes disputavam.

No nível dois a exigência aumenta e necessita que o robô integre novas atividades às habilidades supracitadas. Por exemplo, nesta fase, o robô é desafiado a andar pela casa e pegar um objeto ou movimentar-se pelo ambiente detectando pessoas, tudo de forma simultânea. Ao partir para esse nível, Igor Maurell explicou que restou apenas a equipe da FURG e a da FEI.

O último estágio da competição valia dois mil pontos e era livre para os estudantes decidirem qual demonstração realizar dentro de uma temática comum: pequenos acidentes domésticos.

Rivalidade com a FEI

No último campeonato brasileiro, disputado em ambiente virtual, em função da pandemia, a FBOT já havia vencido a FEI, porém, em julho deste ano as equipes voltaram a se enfrentar - dessa vez no mundial disputado em Bangkok, na Tailândia -. Nesta ocasião, os paulistas venceram, sagrando-se campeões.

A FEI é a equipe brasileira mais tradicional na categoria de robótica doméstica, com sete participações em mundial e um título, enquanto a FBOT participou de apenas um mundial com a conquista do terceiro lugar. Para Guerra, a equipe da FURG sentiu o “gostinho” do terceiro lugar e se sentiu motivada para sonhar mais alto. O professor já antecipava uma final com a FEI e disse que havia uma crença de que “seria possível ir ao campeonato brasileiro, e vencer eles em sua própria casa”.

Nesse sentido, quis o destino que a revanche da FBOT acontecesse apenas três meses depois e com um clima de rivalidade deixado pelo último confronto. De acordo com Igor, que participa desde 2018 de campeonatos como esse, a competição foi a mais acirrada em que já participou.

Ainda segundo ele, os paulistas tinham a possibilidade de executar reparos e alterações no robô no laboratório da própria instituição, “a gente tinha que ir para casa, acordar o mais cedo possível no outro dia para poder trabalhar”, comentou o estudante. Segundo Jardel, após a vitória contra a FEI, o time da FURG pode ser considerado como melhor do mundo. A diferença de pontuação entre as duas equipes foi de cerca de 1300 pontos

Futuro

O próximo compromisso da FBOT é submeter à inscrição para a próxima competição mundial, prevista para ocorrer do dia 6 ao dia 11 de julho de 2023, na França. Segundo Jardel o objetivo da equipe é conquistar o primeiro lugar. Para Guerra, a equipe tem chances de ser campeã mundial, mas “vai ser difícil, pois França é Europa, e então esperamos que equipes tradicionalmente muito boas, como algumas da Holanda e da Alemanha, venham e participem massivamente”, explica e conclui o professor, “Vencer na França certamente surpreenderá o planeta, sendo uma fantástica vitrine para colocar definitivamente Rio Grande no mapa da robótica mundial”.

 

Este material foi produzido de acordo com as normas disciplinadas pela Instrução Normativa nº 1, de 11 de abril de 2018, bem como se ancora e respeita os demais materiais publicados até o momento no que tange o regramento para a comunicação pública dos órgãos federais durante o período de defeso eleitoral, compreendido de 2 de julho a 2 de outubro, prorrogado até o dia 30 do mesmo mês em função do segundo turno.

 

 

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