Nesta última segunda-feira, 15, uma equipe do Centro Interinstitucional de Observação e Previsão de Eventos Extremos (Ciex) realizou a instalação de mais uma estação de monitoramento ao longo da costa da Lagoa dos Patos. Nessa expedição, os pesquisadores fixaram um linígrafo no Parque Estadual de Itapuã, localizado próximo à Viamão.
De acordo com a coordenadora do Ciex, Elisa Fernandes, o ponto é considerado estratégico por ser o local mais ao norte da Lagoa dos Patos. Isso permite um acompanhamento preciso da variabilidade das descargas continentais que entram na Lagoa dos Patos, uma informação estratégica para a definição de ações de prevenção e mitigação em caso de eventos extremos de precipitação. Além disso, esse monitoramento também expande a zona de abrangência da Rede de Monitoramento de Nível da Lagoa dos Patos, o que qualifica ainda mais as previsões para os municípios da região sul.
“Por estar na região mais setentrional da Lagoa dos Patos, o monitoramento nesse local nos permite captar, com maior antecedência, os sinais de eventos hidrológicos anômalos que afetam todo o sistema lagunar. Isso qualifica não apenas o trabalho de observação contínua, mas também a nossa capacidade de prever e responder a eventos extremos”, destaca a professora.
A instalação foi conduzida pelo professor do Centro de Ciências Computacionais (C3), Vitor Gervini, e pelos técnicos Cedenir da Costa e Everson Flores, além disso, a equipe também contou com a participação de bolsistas do Projeto CIEX – FAPERGS.
“Gostaria de fazer um agradecimento especial à Marinha do Brasil, que exerce uma presença histórica e fundamental na proteção desta área. O Parque Estadual de Itapuã é uma unidade de conservação com importância estratégica não apenas ambiental, mas também territorial, e tem sido guardado com seriedade e comprometimento pela Marinha. A atuação responsável e colaborativa dessa instituição tem sido essencial para que iniciativas como o Ciex possam avançar com segurança, legitimidade e respeito mútuo, garantindo a proteção do território nos mais diferentes âmbitos”, completou a coordenadora.
Ainda segundo Elisa, é por meio das boas relações institucionais que se torna possível desenvolver ações integradas, capazes de beneficiar tanto a pesquisa quanto a sociedade em geral, em especial na construção de cidades mais resilientes. A própria iniciativa é reflexo desse movimento de cooperação interinstitucional, uma vez que integra a Rede de Monitoramento do Nível da Lagoa dos Patos (RMN – Patos), uma ação em parceria entre a FURG e a Portos RS, lançada em junho deste ano.
A ação, coordenada pelo Ciex, visa promover o acesso em tempo real a dados sobre o nível da água no corpo lagunar para instrumentalizar a tomada de decisão mais efetiva, contribuindo para a prevenção e mitigação dos impactos ocasionados por eventos extremos na região, e se soma aos esforços já realizados em São José do Norte, São Lourenço do Sul, Arambaré e Rio Grande. O portal da Rede pode ser acessado clicando aqui.
O que são linígrafos?
Na prática, um linígrafo é um medidor automatizado que registra continuamente as variações na altura da lâmina d’água de um corpo como rios, lagos e lagoas. O Ciex realiza a instalação de duas maneiras, uma delas por meio de um sensor, acoplado a uma estrutura que atenua o movimento das águas, eliminando variações nos dados provenientes de ondulações e outros comportamentos semelhantes; e outro modelo por meio da instalação de uma câmera, posicionada em frente a uma régua referenciada.
Ambos os modelos fornecem informações confiáveis para monitoramento, mas o grande diferencial está não só na confiabilidade e alta precisão dos dados obtidos, mas na rastreabilidade em tempo real dessas informações. Em um cenário de eventos extremos, tanto de enchente quanto de estiagem, o linígrafo se torna essencial na gestão de riscos e no planejamento de estratégias. Ao fornecer informações precisas e atualizadas, ele permite antecipar situações de emergência, ajudando a proteger vidas, infraestruturas e ecossistemas.
“A iniciativa fortalece o compromisso do Ciex e da comunidade científica com a preservação ambiental, o desenvolvimento sustentável e a produção de conhecimento acessível à sociedade. Ao integrarmos dados em tempo real e análises qualificadas, ampliamos nossa atuação em rede com instituições de pesquisa, órgãos ambientais e, especialmente, com as populações que vivem no entorno da lagoa e que são diretamente impactadas”, concluiu Elisa.
