LGBTI+

Documentário que retrata início da organização política do Movimento brasileiro tem pré-estreia nesta quinta-feira

Produção é uma iniciativa universitária e ativista, sem fins lucrativos

Chamado de “Quando ousamos existir – Uma história do Movimento LGBTI+ brasileiro”, o longa-metragem que traz a visão de ativistas, das décadas de 70 e 80, sobre as trajetórias históricas deste movimento, será exibido nesta quinta-feira, às 18h, para convidados no Teatro Alfredo Mesquita, na Cidade de São Paulo. Após a exibição, terá uma roda de conversas com os diretores do filme e ativistas da época. O evento pode ser acompanhado através da transmissão ao vivo pelo perfil Memórias do Ativismo LGBTI no Instagram.

A produção é uma iniciativa universitária e ativista, sem fins lucrativos e a realização é do Centro de Memória João Antônio Mascarenhas, vinculado a Universidade Federal de Pelotas, Universidade Federal do Rio Grande, Universidade Federal do Espírito Santo e Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBTI+ do Rio de Janeiro.

Sobre o Documentário

Com roteiro e direção de Cláudio Nascimento e Marcio Caetano, o documentário “Quando Ousamos Existir” aborda, através de entrevistas, as trajetórias históricas do Movimento Social LGBTI, desde sua emergência em plena ditadura hetero-militar até a participação nos debates da Constituinte, passando pelos anos iniciais da epidemia de Aids e das lutas contra a patologização da homossexualidade. Por meio das narrativas de ativistas, revivesse a intensa luta político-cultural pela liberação e afirmação homossexual no Brasil até as primeiras ações de promoção da cidadania. Em mais de 40 anos, o movimento homossexual tornou-se LGBTI, e suas transformações acompanharam e contribuíram para importantes mudanças na sociedade e na atuação do Estado brasileiro em defesa da democracia cidadã.

Gravado entre 2017 e 2019, com ativistas que atuaram nos estados do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Pernambuco, Bahia, São Paulo, Sergipe e Ceará, nas décadas de 1970 e 80, a equipe desafiou a extensão territorial brasileira para reencontrar algumas das pessoas que fundaram o movimento LGBTI brasileiro. Entre idas e vindas pelas estradas desse imenso país, reencontrou-se algumas das memórias em defesa da democracia e cidadania LGBTI.

Quem são os diretores

Cláudio Nascimento: Gay, negro e nordestino, atua há 32 anos na luta pelos direitos humanos e cidadania LGBTI. Atualmente, preside o Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBTI+, diretor de Políticas Públicas da Aliança Nacional LGBTI+ e é co-coordenador do Centro de Memórias João Antônio Mascarenhas.

Marcio Caetano: Gay, Professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), ativista dos direitos humanos e civis da população LGBTI. Atualmente atua também como co-coordenador do Centro de Memórias João Antônio Mascarenhas.

Centro de Memória João Antônio Mascarenhas

O Centro de Memória João Antônio Mascarenhas, criado em 2018, originou-se em decorrência da organização de iniciativa para celebrar os 40 anos dos Movimentos Sociais LGBTI brasileiro.

Ao ser criado o Centro de Memória do Ativismo LGBTI homenageasse João Antônio de Sousa Mascarenhas. Gaúcho de Pelotas, João nasceu em 24 de outubro de 1927 e foi um dos mais importantes ativistas do movimento homossexual, até então, entre as décadas de 1970 e 80. Formado em Direito, ele radicou-se na cidade do Rio de Janeiro, onde viveu a maior parte de sua vida. Falecendo em 1998.

Além de ser um dos fundadores do jornal O Lampião da Esquina (1978), João Antônio Mascarenhas colaborou com antropólogos na despatologização da homossexualidade na decisão do Conselho Federal de Medicina (CFM) em 1985. Como advogado e ativista, participou do debate da elaboração da Constituição Federal de 1988, sendo o primeiro homossexual brasileiro a ser convidado para falar à Assembleia Nacional Constituinte. O convite foi motivado pela possível inclusão do termo “orientação sexual” no artigo 3º, Inciso IV, que estabelecia “o bem de todos, sem preconceitos contra quaisquer formas de discriminação”. No dia 28 de janeiro de 1988, no entanto, o termo acabou rejeitado pela maioria dos representantes da Constituinte. Dos 559 políticos que exerciam mandato no Congresso Nacional do Brasil, 429 (ou seja, mais de três quartos) se opuseram à proposta de inclusão. Mas, a trajetória de João Mascarenhas foi decisória para aquilo que se constituiu o Movimento LGBTI brasileiro.

O Centro de Memória João Antônio Mascarenhas tem como objetivo se tornar uma referência de identificação, sistematização, guarda, análise e difusão da história oral do ativismo LGBTI brasileiro.