MEMÓRIA

Vida de Vaniá Brown, ex-diretora do Grupo de Teatro da FURG, é lembrada durante a Feira

Roda de conversa reuniu ex-alunos da professora e diretora, que celebraram sua vida e trabalho

Foto: Hiago Reisdoerfer/Secom

O fim dos anos 1970 marca o início das ações de extensão na FURG. E também a vinda da atriz Vaniá Brown de Porto Alegre para Rio Grande, para dirigir o Grupo de Teatro da FURG. Atriz premiada, diretora rigorosa, prestigiada no meio artístico, Vaniá, falecida no ano passado, deixou marcas que mobilizaram o público para uma roda de conversa sobre a diretora durante a 47ª Feira do Livro da FURG, realizada pelo Núcleo de Memória Eng. Francisco Martins Bastos (Nume).

“Ela era uma pessoa muito aguerrida, uma pessoa fora do seu tempo. Uma mulher solteira, que veio morar numa cidade pequena, que gostava de sair à noite e quando veio para cá, no final da década de 1970 foi objeto de muito preconceito. Era uma mulher que desafiava o seu tempo”, conta Everson Pereira, que foi integrante do grupo e hoje atua como professor da rede municipal e de cursinhos pré-vestibulares em Porto Alegre. “Ela era furiosa, muito brava. Tinha muito respeito pela coisa pública. Quando um ator, um de nós, deixava um figurino no chão no final da peça, ela ficava furiosa e dizia: isso aqui é dinheiro público, tem motorista de ônibus pagando por isso, não é de vocês. Ela tinha muito rigor”, completa Pereira, observando que a abertura nos costumes se conciliava com a disciplina e responsabilidade com relação ao que é público.

Para Everton, a experiência com Vaniá foi fundamental para quem ele se tornou. De garoto muito tímido aos 18, quando ingressou no Grupo de Teatro da FURG, hoje dá aulas em auditórios para mais de 3 mil estudantes, nos “aulões” pré-Enem e vestibular. “Ela me transformou nesse professor que eu sou, e não só num professor de enfrentar as grandes plateias, mas num professor de ter fé e acreditar piamente que todos são capazes de aprender”, reflete. “Acho fundamental que a FURG faça esse resgate e que isso sirva de incentivo para que a universidade continue investindo, o teatro não pode morrer”, protesta.

O professor Péricles Gonçalves, coordenador do Nume, afirma que é fundamental que a universidade não esqueça das pessoas que fizeram parte de sua história. Ele lembra o quanto foi difícil a implementação de atividades artístico-culturais, mas celebra que elas tenham dado tão certo a ponto de deixar marcas. “Tanto é verdade que nessa atividade nós tivemos testemunhos disso. E eu acho que isso não pode morrer. A universidade tem que continuar fazendo o seu papel na música, no teatro, cumprir a sua função de levar para a comunidade esse tipo de atividade”, afirma. Para ele, o resgate das memórias é que fará com que própria universidade se sinta responsável por continuar trabalhando para levar à comunidade todo o seu potencial. “Além das atividades docentes e de pesquisa, essa outra parte, que é artístico-cultural, é fundamental para a formação do indivíduo. Então eu acho que esses trabalhos, esses momentos, são importantes. Resgatar a história é fundamental. Quem desconhece a história não tem como planejar futuro”, conclui.

 

 

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Hiago Reisdoerfer/Secom