Elas na feira - histórias de mulheres: Raquel Rodrigues Farias

“As histórias são importantes. Muitas histórias são importantes”, disse Chimamanda Adichie, na conferência O perigo da história única, no TEDGlobal 2009. Inspirada pela escritora nigeriana e em sintonia com o tema escolhido pela 45ª Feira do Livro da FURG – histórias de mulheres, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da universidade apresenta o projeto Elas na feira, iniciativa que mostra relatos de (sobre)vivências femininas. Com uma câmera fotográfica e um gravador, captamos universos e o estar no mundo feminino pelas vozes de mulheres que passam pelo evento. O resultado é esta série de perfis singulares, que pode ser acompanhada aqui.

Raquel Rodrigues Farias

Meu nome é Raquel Rodrigues Farias, sou natural de Santa Vitória do Palmar, nasci em 12 de outubro e eu sempre digo que artista não tem idade, passa pela vida e dá continuidade. Desde criança eu me envolvi com música, desde pequenininha. Eu estudei em escola de freiras e as irmãs que são muito dedicadas e fazem com que a gente se envolva em várias atividades.

“Eu vivo porque a música para mim é vida”.

Eu gosto muito de cantar e por isso fiz parte de alguns corais. A música me fascina, acho que é algo que nos transforma. Meu pai sempre me dizia: tu és negra e tens que aprender a te gostar como negra e te valorizar. E foi isso que eu sempre fiz na minha vida. Sou de uma família onde sempre nos reuníamos para cantar. Eu vivo porque a música para mim é vida. Até o ano passado, trabalhei dentro de sala de aula. Sempre me interessaram as problemáticas que envolvem a juventude. Por isso que eu criei o livro Cartilha do Projeto Educanto. Cada poesia que tem ali, cada música é uma história de um aluno. Uma história da vivência deles. Também trabalhei por muito tempo com grupos de combate à discriminação, ao preconceito. Eu, como negra, também senti muitas vezes na pele esse preconceito. Fundei o Grupo da Integração Arte e Raça, onde desenvolvemos atividades que serviram para me posicionar ainda mais dentro da sociedade.

“Sou negra e me dou valor”.

Sou autora do hino do Sport Club São Paulo e, quando surgiu o Programa Escola Aberta, resolvi fazer uma música que trouxesse a comunidade para a escola. A música foi escolhida como hino da Escola Aberta do Rio Grande do Sul. Como negra e mulher, eu digo que a mulher sempre sofre discriminação. Ou por ela ser mulher. Ou por ser negra. Ou por se posicionar dentro da sociedade. Ela sempre está sofrendo preconceito. Mas com isso eu aprendi a me aceitar, a gostar de mim, me valorizar e tentar com o meu trabalho valorizar o outro. Sempre quis mostrar e me posicionar como negra que sou, mostrando para os alunos que nós precisamos nos valorizar dentro da sociedade. Nada de se humilhar. Sou negra e me dou valor. Sou negra mas não sou escrava. Com a música procurei passar o que eu queria. É um trabalho onde quem escuta interpreta como sentir melhor.

Foto: Karol Avila

Conheça as histórias anteriores:

Elas na feira - histórias de mulheres: Maria Alvina Madruga Goulart

Elas na feira - histórias de mulheres: Débora Amaral

Elas na feira - histórias de mulheres: Amanda Dias Lima Lamin

Elas na feira - histórias de mulheres: Maria Carpi

Elas na feira - histórias de mulheres - Aline Mendes Lima

 

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Raquel Rodrigues Farias

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