Furg assina acordo de cooperação com Universidade Francesa

REINTER - Secretaria de Relações Internacionais

Recentemente, a FURG, através da reitora Cleuza Maria Sobral Dias, assinou sua parte em um acordo de cooperação com a Universidade de Paris 7. O acordo envolve o intercâmbio de estudantes, professores e pessoal administrativo de ambas as unidades, amparando também o intercâmbio de publicações, o desenvolvimento de projetos em conjunto e gestão de teses e dissertações. A universidade francesa abriga pensadores como Christian Hoffmann, referência na área da psicanálise, e conta com cerca de 26 mil estudantes.

Interação entre as universidades

Motivado pelo trabalho realizado antes mesmo de entrar para o quadro docente da FURG, o professor Fernando Hartmann, do curso de Psicologia, mantém uma relação bastante próxima com o campus francês. Foi lá que o doutor em educação realizou o seu pós-doutorado, sob orientação do professor supracitado, Christian Hoffmann. Foi em Paris, também, que Hartmann organizou eventos, deu seminários e estabeleceu uma relação de proximidade, o que despertou o seu interesse em estreitar, ainda mais, os laços entre ele e a academia francesa. 

Atualmente, o professor, juntamente com a FURG, produz e organiza a revista Deslocamentos, a qual envolve docentes das mais diversas áreas do Brasil em conjunto com professores da academia francesa. O periódico tem veiculação internacional, editoração bilíngue e está em fase final para o lançamento de sua primeira edição, que conta com a participação de professores da USP, UFMA e da própria Paris-Diderot.

O acordo

Idealizado para servir não só como um meio para oportunizar a mobilidade estudantil e docente, este acordo de cooperação e coordenação de intercâmbio em ensino e pesquisa visa começar a colocar a FURG no centro do debate internacional em diferentes áreas do conhecimento, aumentando a visibilidade, a capacidade e o interesse internacional em relação à universidade. É assegurado, por exemplo, no convênio, que as unidades participantes identificarão áreas de interesse comum e desenvolverão projetos que desejam em conjunto. Ou seja, em outras palavras, pelo prazo inicial de cinco anos, ambas universidades poderão promover o fomento de conhecimento em qualquer área estudada pelas instituições. 

Quanto às atividades principais do acordo estão: intercâmbio de pessoal administrativo, professores e pesquisadores; intercâmbio estudantil; intercâmbio de publicações; desenvolvimento de projetos em conjunto; gestão conjunta de teses de dissertações e publicações conjuntas. Sobre a importância de projetos de internacionalização, o professor Hartmann explica: “É essencial para programas de mestrado e doutorado, uma vez que a internacionalização se faz presente por obrigatoriedade, mas, mais do que isso, possibilita à FURG começar a se colocar no centro de conversas sobre algumas áreas acadêmicas diferentes, tornando-se, a passos tímidos, cada vez mais, uma referência internacional” e conclui “Talvez venha a colaborar, também, com a criação de um programa de mestrado em psicologia aqui na universidade”. 

O documento prevê algumas áreas principais de interesse, que, no caso, seriam a própria Psicologia, a Medicina, a Psicanálise e as ciências humanas em geral. No entanto, existe também a liberdade de adicionar ao acordo, através de emendas, outros campos de estudo que, porventura, passem a despertar interesse de acadêmicos da FURG ou de Paris 7, tornando assim o acordo ainda mais dinâmico. Atualmente a documentação se encontra na França, onde aguarda a assinatura final da “président” da instituição. 

Relação internacional

Através do professor Hartmann, a FURG - instituição a qual o docente representa nacional e internacionalmente – ganhou boas relações com a comunidade acadêmica parisiense. O professor foi convidado a lecionar tanto na unidade principal da Paris-Diderot, como também, na cátedra chinesa da universidade (que também mantém cátedras em São Paulo e na Grécia). Ambiente no qual ministrará uma disciplina acerca de suas pesquisas no campo da psicanálise linguística.

E, por falar nisso, em função da Paris-Diderot ocupar um assento privilegiado no que tange às academias de elite do mundo, pode-se pensar que a FURG manteria uma relação hierárquica com a universidade, não é mesmo? Mas não é o que acontece. A instituição brasileira atrai a atenção de diversos alunos franceses, especialmente da área da Psicologia e Medicina por sua estrutura prática, tanto com a clínica de atendimento psicológico – o qual estudantes de Paris-Diderot não têm contato – como também o hospital universitário. Portanto, ressalta o professor “É uma relação de troca de conhecimento. De igual para igual”. 

Quanto ao interesse do acadêmico da FURG, a universidade de Paris 7 – assim como outras academias da França – dispõe de programas de mestrado, doutorado e pós-doutorado de forma gratuita, e, através do acordo de cooperação, facilita o canal de acesso aos cursos oferecidos pela instituição. O campus parisiense se preocupa também com as questões de internacionalização, cedendo vagas para ingressos internacionais. Nos programas de doutorado em psicanálise, por exemplo, são cerca de 300 doutorandos, sendo eles 150 estrangeiros.

Segundo o professor, observando alguns de seus alunos, aponta que já existem alguns se programando para realizar suas pós-graduações em Paris. E, segundo ele, também existe movimentação do corpo docente, com alguns até mesmo começando a aprender a língua francesa. Quanto à linguagem, para o professor, sempre é uma barreira, mas ele completa de maneira otimista: “Querendo ou não, depois de aprender outra língua, seja o francês ou não, abre-se um mundo completamente novo de oportunidades”. 

Outras áreas de interesse

Como dito anteriormente, o convênio é resultado dos esforços de um professor de uma determinada área, mas nada impede a comunidade acadêmica de se organizar em prol de envidar esforços e ampliar a gama de possibilidades de mobilidade proveniente deste convênio. Outros cursos, como as letras, por exemplo, também podem tirar proveito do convênio, uma vez que, além de oportunizar o contato com a língua francesa, Paris-Diderot também abriga autores referência na área da linguística e da análise do discurso.

 

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