Elas na feira - histórias de mulheres: Desirée Salles

: por FURG; Publicado: 23/02/2018 00h00; Última modificação: 15/01/2019 11h50

“As histórias são importantes. Muitas histórias são importantes”, disse Chimamanda Adichie, na conferência O perigo da história única, no TEDGlobal 2009. Inspirada pela escritora nigeriana e em sintonia com o tema escolhido pela 45ª Feira do Livro da FURG – histórias de mulheres, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da universidade apresenta o projeto Elas na feira, iniciativa que mostra relatos de (sobre)vivências femininas. Com uma câmera fotográfica e um gravador, captamos universos e o estar no mundo feminino pelas vozes de mulheres que passaram pelo evento. O resultado é esta série de perfis singulares, que pode ser acompanhada aqui.

Desirée Salles – 18 anos

Eu sou do Estado do Rio de Janeiro, da cidade de Duque de Caxias. Fui na Feira do Livro porque fui levar os irmãos do meu namorado e porque eu achei interessante o tema “História de Mulheres”.

“Eu nunca fui muito da boneca, mas eu sempre fui muito de brincar.”

Minha infância foi boa, foi bem boa. Eu tive infância de verdade, sabe? Minha mãe sempre procurou me proporcionar tudo o que eu pudesse ter. Assim, tipo, acesso a cultura, teatro, a ir ao cinema. Brincar, cair, me machucar, me levantar, brincar na areia, subir em arvore, soltar pipa, jogar bola, fazer tudo. Eu nunca fui muito da boneca, mas eu sempre fui muito de brincar. Brincadeira de correr.

A minha adolescência foi uma transição louca, assim. Também tive fase na minha adolescência, então, tipo... A minha adolescência foi meio conturbada, assim... Não conturbada, eu diria, mas eu tive uma crise existencial muito grande quando eu tava prestes a fazer 15 anos. Porque eu sofri um acidente quando eu tinha 4 anos e aí eu não tenho uma parte do pé. E quando eu fui fazer a minha festa de 15 anos, que toda menina troca a sandália ou o sapato por um salto alto, eu não podia porque eu não posso usar salto. Então eu entrei um pouco em choque. Isso nunca foi problema pra mim, o acidente. Mas nesse momento se tornou, sabe? Mas eu consegui reverter essa situação. Com a ajuda da minha mãe também. Consegui reverter essa situação. Troquei o tênis pela sandália e ficou tudo certo.

Saí do Rio de Janeiro em março de 2015 quando minha mãe passou para o mestrado no PPGEA na FURG.

“Múltipla”

Eu acredito na arte, na música, principalmente, como uma fonte de inspiração. Como uma fonte de aspiração, como uma fonte de prazer. E as pessoas, hoje em dia, pra vender os artistas, os artistas acabam não gostando mais daquilo que eles começaram a fazer porque amavam, que é cantar, né? Então, eles acabam fazendo os artistas cantarem coisas e tocarem coisas que eles não querem simplesmente pra vender. Não é essa a minha idéia. Eu quero vender o que os artistas têm a oferecer de verdade, assim. A alma deles. Acho que eu vou me sentir feliz quando isso acontecer. Quando as pessoas começarem a enxergar e eu como produtora conseguir fazer as pessoas enxergarem que não é só comercial, sabe? É algo para além disso. Acho que essa é a minha aspiração e o meu desejo pro futuro assim.

Acho que múltipla [é uma palavra que me define], porque eu tô sempre em muitas atividades diferentes e fazendo coisas diferentes em cada uma delas.

Foto: Karoline Avila

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