Elas na feira - histórias de mulheres: Francine Camargo

“As histórias são importantes. Muitas histórias são importantes”, disse Chimamanda Adichie, na conferência O perigo da história única, no TEDGlobal 2009. Inspirada pela escritora nigeriana e em sintonia com o tema escolhido pela 45ª Feira do Livro da FURG – histórias de mulheres, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da universidade apresenta o projeto Elas na feira, iniciativa que mostra relatos de (sobre)vivências femininas. Com uma câmera fotográfica e um gravador, captamos universos e o estar no mundo feminino pelas vozes de mulheres que passam pelo evento. O resultado é esta série de perfis singulares, que pode ser acompanhada aqui.

Francine Camargo - 24 anos

A minha infância foi super normal. Eu cresci no Cedro (BGV), brincava na rua. Estudei em Colégio Particular com muita gente branca. Foi legal. Só fui ver algumas coisas que eu passei depois de ficar mais velha. Na época não sabia. Sempre fui tratada bem e tal. Meus pais sempre incentivaram os estudos, faculdade e estar sempre estudando. Eu dividia entre estar estudando e estar na rua. Eu adorava estar na rua. Eu praticava bastante esporte. Eu dançava, fazia tudo. Era hiperativa. Eu dançava jazz, hip hop, fazia balé, street, jogava handball, futsal, pingue pongue.

“Eu sou realmente apaixonada por rap.”

A minha adolescência foi muito massa também. Me envolvi com o rap desde pequena e na minha adolescência eu cantava rap. Dos 15 aos 19 eu acho. Pra mim foi muito massa, eu e minhas amigas cantando.

Pra mim o rap é tudo. Eu amo desde pequena. Tô acostumada com meu pai escutar. Minha mãe não gosta, só gosta de rap que fale de amor. Eu gosto das duas partes. Pra mim é tudo. Eu vejo várias pessoas lá no Cedro, mesmo, sair das ruas por causa da música e estarem envolvidas. Tem um amigo meu que faz poesia hoje em dia, canta também e ajuda as crianças de lá, então... Eu sou realmente apaixonada por rap.

“Eu sou o tipo de pessoa que fica feliz com qualquer coisa.”

Eu vivi um momento muito louco na minha vida em que eu pensei que sair de Rio Grande era impossível pra mim. Pensei que eu era uma pessoa que ia casar e ia ter filho aqui e ia terminar a vida aqui e pra mim tava tudo bem. Até que eu fui começar a ir na psicóloga, questionar sobre as coisas que eu queria fazer. Como eu era muito movimentada, minha mãe me colocava pra fazer muitas coisas até pra eu não ficar muito na rua, porque era perigoso. Tipo, a maioria das minhas amigas está grávida e elas namoravam alguns guris de esquina e minha mãe não queria isso pra mim.

Eu sou uma pessoa que, tipo, sempre deixo as coisas pra última hora ou acho que não é pra mim. E essa viagem eu achei que não era pra mim. Intercâmbio eu achei que jamais ia fazer. Eu não achei que eu ia pra Pelotas e eu fui pra Pelotas. Eu olhava as gurias da minha aula, minhas amigas, e elas super queriam. E eu sempre colocava vários empecilhos tipo “Ah, não dá porque eu não vou deixar a mãe sozinha”. 

E pra mim foi muito massa. Tudo o que eu tô vivendo agora eu jamais esperava então eu tô muito feliz. Eu sou o tipo de pessoa que fica feliz com qualquer coisa. E agora tá sendo muito legal. Jamais imaginei que eu iria conhecer qualquer lugar.

“Eu quero ter meu lugar, ter meu nome.”

Agora eu quero crescer. Quero ser bem sucedida na minha profissão. Eu quero trabalhar com produção de moda, não quero fazer roupa. Tipo, eu quero mas não quero. Quero é trabalhar atrás dos desfiles e tal. E eu quero ser bem sucedida nisso. Eu quero ter meu lugar, ter meu nome. Antes eu não tinha ambição de nada. Quando tu tem um gostinho disso tu pensa “Eu vou ser” e agora eu já não penso em morar aqui, já não penso em fazer as coisas aqui. Não que eu não goste, eu adoro. Mas eu quero mais agora.

“Gratidão”

Eu sou uma pessoa agradecida por tudo o que eu tenho. [Uma palavra que me define] Acho que é gratidão. Eu nunca quis nada a mais. Eu não tive uma infância ruim, eu não tive uma adolescência ruim. As coisas só acontecem e eu só vou. Mas eu sou muito medrosa. Antigamente a palavra podia ser medo. Agora não. Agora eu sou muito mais...

 [Algo de curioso que tenha acontecido é] Eu não acreditar no meu potencial. Eu tava em algo muito incrível que eu também achei que não ia acontecer. Eu me inscrevi no Talentos da Moda no primeiro semestre. Eu fiz a roupa e eu achei que não. Eu achei que tava tudo errado. Fui colocando defeito, defeito, e eu fui lá e passei. Depois eu participei de outro concurso, o Caça Talentos, com outras amigas na parte de Editorial de Moda e recebemos o primeiro lugar.

Foto: Karol Avila

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