Elas na feira - histórias de mulheres: Lucia Nobre

: por FURG; Publicado: 14/02/2018 01h00; Última modificação: 15/01/2019 11h51

“As histórias são importantes. Muitas histórias são importantes”, disse Chimamanda Adichie, na conferência O perigo da história única, no TEDGlobal 2009. Inspirada pela escritora nigeriana e em sintonia com o tema escolhido pela 45ª Feira do Livro da FURG – histórias de mulheres, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da universidade apresenta o projeto Elas na feira, iniciativa que mostra relatos de (sobre)vivências femininas. Com uma câmera fotográfica e um gravador, captamos universos e o estar no mundo feminino pelas vozes de mulheres que passam pelo evento. O resultado é esta série de perfis singulares, que pode ser acompanhada aqui.

Lucia Nobre - 46 anos

A minha história de vida está na relação, em seguida que entrei no serviço público, com o movimento sindical e com os movimentos sociais. E isso hoje é a grande atividade que tenho dentro da universidade, que é o trabalho que tenho dentro do Núcleo de Desenvolvimento Social e Econômico (Nudese) e que acaba sendo também a minha vida. Não é só meu trabalho, mas também o que eu milito, que é o movimento da economia solidária, então isso é um pouco da minha história. Essa relação com os movimentos sociais, sindicais, de luta pela moradia, com o MTS, isso me constitui enquanto pessoa e mulher.

“Fui a primeira mulher a trabalhar lá.”

Outra história que faz parte da minha vida é quando fui trabalhar na hoje chamada Prefeitura do campus. Fui a primeira mulher a trabalhar lá. Eram mais de trezentos homens trabalhando e eu fui gerir esse espaço, na gestão do professor Cousin. Isso foi uma coisa que me marcou, porque não era nada fácil, a gente sofre preconceito, embora eu tenha sido bem acolhida. Mas no início eles pensavam: o que eu estava fazendo lá, uma mulher, baixinha, e que não deveria entender nada de manutenção? Mas a gente foi construindo coletivamente, e hoje são meus amigos além de colegas de trabalho.

“A gente vai conquistando nossos espaços.”

Eu sempre tive relação com os movimentos sociais, como o estudantil desde a 8ª série, as Diretas Já, e às vezes tinha que ser escondido, pois meus pais não deixavam. Mas obvio que quando entrei na universidade e fui da direção da Aptafurg isso me qualificou, com certeza, para trabalhar com outros movimentos sociais.

A gente vai conquistando nossos espaços. E é necessário que as mulheres busquem isso. Sofremos ainda muito preconceito e temos muito o que avançar. Ainda tem dentro da universidade, mesmo tendo que ser – teoricamente – diferente, mas ela faz parte dessa sociedade machista, então não vai mudar em um estalo de dedos. A igualdade de gênero é conquistada e muito pelo nosso esforço enquanto mulheres.

Eu tenho meu horário de expediente, mas eu não consigo separar a militante da pessoa que eu sou. Eu consigo me sensibilizar, entender, que essas pessoas, como os pescadores e as pessoas sem moradia, precisam ter outra vida.

Foto: Jaira Duarte

Conheça as histórias anteriores:

Elas na feira - histórias de mulheres: Maria Alvina Madruga Goulart

Elas na feira - histórias de mulheres: Débora Amaral

Elas na feira - histórias de mulheres: Amanda Dias Lima Lamin

Elas na feira - histórias de mulheres: Maria Carpi

Elas na feira - histórias de mulheres - Aline Mendes Lima

Elas na feira - histórias de mulheres: Raquel Rodrigues Farias

Elas na feira - histórias de mulheres: Marcia Martins

Ela na feira - histórias de mulheres: Daniela Delias

Elas na feira - histórias de mulheres: Lívia Acosta Silveira

Elas na feira - histórias de mulheres: Cleuza Maria Sobral Dias