Elas na feira - histórias de mulheres: Bruna Aliandro

: por FURG; Publicado: 08/02/2018 01h00; Última modificação: 15/01/2019 11h51

“As histórias são importantes. Muitas histórias são importantes”, disse Chimamanda Adichie, na conferência O perigo da história única, no TEDGlobal 2009. Inspirada pela escritora nigeriana e em sintonia com o tema escolhido pela 45ª Feira do Livro da FURG – histórias de mulheres, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da universidade apresenta o projeto Elas na feira, iniciativa que mostra relatos de (sobre)vivências femininas. Com uma câmera fotográfica e um gravador, captamos universos e o estar no mundo feminino pelas vozes de mulheres que passam pelo evento. O resultado é esta série de perfis singulares, que pode ser acompanhada aqui.

Bruna Aliandro – 26 anos

A minha infância foi super tranquila, tipo aquelas infâncias de verdade. De ir pra rua, jogar bola, jogar taco, essas coisas bem de infância mesmo. Bem divertida. Meus amigos ficavam sempre muito junto. Tiveram coisas que me marcaram e que, hoje em dia, eu penso que poderia ter desencanado um pouco. Às vezes eu passo pela pessoa que ficava implicando comigo na infância e eu fico com uma certa mágoa – não sei bem se essa é a palavra. Parece que eu nunca vou conseguir perdoar. Não guardo rancor, mas parece que não consigo perdoar. Sempre me falam que é bobagem, coisa da infância, mas parece que não sai.

“Eu gosto muito dos meus alunos”.

Sou de Jaguarão. Às vezes venho para o Cassino e dou uma passada aqui. Venho todos os anos. Sou professora de educação infantil, numa escola particular. Eu comecei nessa profissão porque eu não tinha muita opção. No início não estava me encontrando muito, mas no quinto semestre encontrei um sentido na profissão e agora é muito bom pra mim. Não sei se quero até o final da minha vida ser professora, me aposentar como professora. Acredito que não.

Muitas vezes já pensei em vir pra FURG, mas é um plano para o futuro. Eu gosto muito dos meus alunos. No momento me faz muito feliz ver eles me respondendo, me contando as coisas deles, as vidinhas deles, os dramas, aprendendo com eles e eles comigo.

“Na minha cidade é tudo muito tranquilo, mas eu tenho vontade de sair”.

Quando eu saí do ensino médio, a minha mãe disse que eu tinha que fazer uma faculdade. Em Jaguarão tem a Unipampa e lá tem cursos que não tinham muito a ver comigo. E em Pedagogia eu me encontrei. Faz cinco anos que eu sou professora. Os alunos me motivam a melhorar meu trabalho, a sempre procurar coisas novas para apresentar pra eles, para que eles possam aprender. Já tive um aluno autista e foi bem difícil pra mim, porque eu não sabia lidar e não tinha experiência. Para as séries iniciais sempre pensei que não estaria pronta. Um dia, se precisar, acho que consigo. Mas não me sinto segura fazendo.

Na minha cidade é tudo muito tranquilo, mas eu tenho vontade de sair. Já pensei em vir para Rio Grande porque eu tenho família aqui. Eu vivi em Jaguarão toda minha vida e eu tenho vontade de sair. Minha cidade é um pouco pequena, então tu te acostumas com as pessoas, com os hábitos, com os jeitos, e a minha vontade é de mudar esse ar um pouco.

Foto: Jaira Duarte

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