Depois de dez dias de programação artística e cultural na Praça Dídio Duhá, no balneário Cassino, chegou ao fim no domingo, 4, a 45ª Feira do Livro da FURG. A segunda-feira, 5, foi dia de a organização fazer o balanço dos números e as primeiras avaliações do evento. A infraestrutura mais acessível e as rodas de conversa, protagonizadas por mulheres, foram as principais inovações desta edição, que vendeu 13.127 obras, movimentando o comércio de livros no período. A última noite de feira teve atividades lúdicas na Rua das Crianças; oficina Práticas de Mediação de Leitura, com Odair Fonseca, e anúncio do resultado do 14º concurso Sua poesia vai à feira, da Academia Rio-grandina de Letras, no Espaço Literário; e encerramento com o tradicional show da Banda Rossini, na Arena Cultural.
A reitora Cleuza Maria Sobral Dias agradeceu a toda equipe da universidade e aos parceiros e colaboradores pelo trabalho cuidadoso e dedicado desenvolvido do planejamento à plena realização da feira. “A universidade, além de trabalhar com a formação, com a produção do conhecimento, também tem este papel social e a feira é um dos maiores projetos de interação com a sociedade, através das atividades culturais e literárias. A feira da FURG é da sociedade”, disse Cleuza Dias. Este ano, mais de 200 pessoas, entre servidores, profissionais terceirizados, estudantes e voluntários, estiveram envolvidas diretamente na organização do evento.
Partilha de saber: histórias de mulheres, rodas de conversa e acessibilidade
A feira deste ano conseguiu avançar em dois pontos importantes: a infraestrutura mais acessível e as rodas de conversa, que se firmaram como espaço privilegiado de discussão sobre questões de gênero, perpassando a arte e a cultura, de acordo com o pró-reitor de Extensão e Cultura e coordenador geral da Feira do Livro, Daniel Prado. “A avaliação geral é muito positiva. As pessoas estão felizes, a gente percebe isso. É um momento de alegria, de confraternização, de partilha entre as pessoas, de partilha de saber”, ressaltou.
Tablado por todo o percurso e ligações com rampas de acesso facilitaram a locomoção e as oficinas do Núcleo de Estudos e Ações Inclusivas (Neai) propiciaram aos visitantes uma experiência nova sobre colocar-se no lugar do outro, segundo o pró-reitor. O gestor também destacou como aspecto de inovação a captação de água servida da gastronomia, seguindo normas ambientais.
A definição do tema “Histórias de Mulheres” foi motivada pelas estatísticas alarmantes – o Brasil tem um dos maiores índices de feminicídio do mundo – e pela recente tentativa de votação do projeto de lei de vereador nº 136/2017, que propôs instituir o “Programa Escola sem Ideologia de Gênero” no âmbito do sistema municipal de ensino, em novembro passado, explicou Daniel. Foi uma iniciativa “muito infeliz, muito triste, baseada no desconhecimento das pessoas, querendo ceifar a liberdade dos professores que são altamente treinados e especialistas”. Somada à escolha da temática, a indicação da patrona Aimée Bolaños, por sua história e sua obra, reafirma a posição da universidade pela igualdade de gênero.
Patrona presente
"A mulher tem uma ação transformadora, um princípio vital fundamental para a transformação do mundo."
Aimée Bolaños contribuiu com a elaboração da programação e esteve presente diariamente na 45ª Feira do Livro da FURG, conversou com o público, participou de rodas de conversa, contou de si para a cidade do Rio Grande. A feira termina, para Aimée, com alegria e satisfação de estar fazendo algo que tem sentido. “Como falava Carlos Fuentes, extraordinário escritor mexicano, grande pensador e escritor latino-americano: ‘Frente à impaciência política, a paciência cultural’. A feira é um espaço de resistência e eu diria melhor, de resiliência, que é aquilo de dar a volta por cima. A feira é esse espaço de enriquecimento mútuo. O tema ‘Histórias de Mulheres’ foi muito vivo. Acabei de presenciar, por exemplo, um autor, homem, que fez uma homenagem à condição feminina. E eu acho que é por aí. Isso é abrir inclusivamente todas as experiências de vida, de participação na história, tão rica, que tem a mulher. A mulher tem uma ação transformadora, um princípio vital fundamental para a transformação do mundo. O espírito da feira foi profundamente verdadeiro, inclusivo, celebrando a condição feminina”, avalia. E agradece: “pelo convite, por tanta coisa linda que aconteceu, entre elas os encontros com amigos queridos, com discípulos amados, os poemas expostos na Arena Cultural, dialogando com tudo que está aqui na feira. É uma felicidade que não tem nome”, disse a patrona.
Uma edição produtiva
Segundo o livreiro Ademar Martin dos Santos, da banca Magia da Leitura, de Porto Alegre, as vendas foram razoáveis diante do momento econômico vivido no Brasil. “Sabemos que a venda de livros cai em períodos de recessão, mas, mesmo assim, foi uma ótima edição, bem produtiva”, relatou.
De Santa Cruz do Sul, a Zum Editora e Distribuidora de livros participa há cinco anos da 45ª Feira do Livro da FURG. Para o livreiro Gil Kipper, os livros mais baratos foram os preferidos do público. “O pessoal está levando, basicamente, os ofertões. Sempre vale a pena voltar”, disse.
Próxima feira do livro
A 46ª Feira do Livro da FURG deve começar a ser planejada ainda no primeiro semestre de 2018, mobilizando a equipe de colaboradores da FURG, principalmente das pró-reitorias de infraestrutura (Proinfra) e de Planejamento e Administração (Proplad), junto à Proexc, assim como a segunda edição da Feirinha do Livro, que pretende ser um grande festival literário das escolas de educação básica da cidade, segundo o pró-reitor. “É sempre importante dizer, não faríamos a feira do livro sem a Proinfra e a Proplad. São alicerces fundamentais para que a Proexc possa fazer esse grande círculo da esperança e da utopia, que tem como centro o livro e a literatura. É um barato”, concluiu.
Resultado do 14º concurso Sua poesia vai à feira
Tema Histórias de Mulheres
1º lugar – Elaine Maria Goulart Nunes
Poesia: Grávida
Tema Livre
1º Lugar – André Lima Barros
Poesia: O preço
Livros de autografantes mais vendidos
Telha de vidro – Nilza Rita Lourenço da Fontoura: aquela que reflete a luz, organizado por Maria Cristina Freitas Brisolara e Marilei Resmini Grantham
Relíquias Ocultas, de Flávio Bastos Camargo
Saudade em Palavras, uma volta ao passado, de João José Reinbrecht Braga
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