Elas na feira - histórias de mulheres: Maria de Lourdes Lose

“As histórias são importantes. Muitas histórias são importantes”, disse Chimamanda Adichie, na conferência O perigo da história única, no TEDGlobal 2009. Inspirada pela escritora nigeriana e em sintonia com o tema escolhido pela 45ª Feira do Livro da FURG – histórias de mulheres, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da universidade apresenta o projeto Elas na feira, iniciativa que mostra relatos de (sobre)vivências femininas. Com uma câmera fotográfica e um gravador, captamos universos e o estar no mundo feminino pelas vozes de mulheres que passam pelo evento. O resultado é esta série de perfis singulares, que pode ser acompanhada aqui.

Maria de Lourdes Lose

É um compromisso que assumi para a vida. O trabalho é conseguir passar uma outra visão de organização social, que rompe com o que está estabelecido, por exemplo, de que há lugar para mulher e para homem, que há determinadas tarefas que são de uns e não de outros. Para subverter isso, é preciso conversar. Conversar com quem compõe este universo. Precisamos fazer com que este debate chegue aos homens, no sentido de contarmos com parceiros no combate às violências. A organização das mulheres é das mulheres, o que reúne as mulheres e o local de decisão, é das mulheres.

“Nunca fui uma guriazinha arrumadinha”.

Cresci na Cidade Nova, em Rio Grande. Meu pai veio de Portugal para trabalhar aqui na construção civil e minha mãe ficava em casa, não trabalhava fora, tinha uma formação do que se chamava de primário. Tenho uma irmã e um irmão. Foi uma infância tranquila, de subir em árvore, de me rebentar toda, de brincar na rua. Na frente da minha casa tinham muitas oliveiras e nós subíamos para pegar. Nunca fui uma guriazinha arrumadinha. A minha mãe era espírita. E na escola todo mundo era católico. Antes de trabalhar na universidade, trabalhei no Hospital Psiquiátrico. Muitas boas recordações. Era um hospital bastante adiantado para a época. As pessoas tinham grupos de trabalho, de debates. Era uma busca de consciência, não era um tratamento meramente medicamentoso.

“Que a gente consiga conviver com as diferenças, com a diversidade, mas unificar a luta”.

É fundamental que a gente construa uma consciência de fazer coletivo. A minha preocupação é que os grupos, por visões diferenciadas de como levar a luta, acabem oportunizando uma divisão que não é positiva. Que a gente consiga conviver com as diferenças, com a diversidade, mas unificar a luta. No período em que estamos vivendo, unificar as lutas é cada vez mais necessário. Está evidenciado. Esse espaço da Feira do Livro vem ao encontro do que buscamos. Oportuniza, com esse tema, demonstrar que não vamos recuar. Pelo contrário.

Foto: Karol Avila

Conheça as histórias anteriores:

Elas na feira - histórias de mulheres: Maria Alvina Madruga Goulart

Elas na feira - histórias de mulheres: Débora Amaral

Elas na feira - histórias de mulheres: Amanda Dias Lima Lamin

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Ela na feira - histórias de mulheres: Daniela Delias

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Maria de Lourdes Lose

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