Elas na feira - histórias de mulheres: Direma Cardona

“As histórias são importantes. Muitas histórias são importantes”, disse Chimamanda Adichie, na conferência O perigo da história única, no TEDGlobal 2009. Inspirada pela escritora nigeriana e em sintonia com o tema escolhido pela 45ª Feira do Livro da FURG – histórias de mulheres, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da universidade apresenta o projeto Elas na feira, iniciativa que mostra relatos de (sobre)vivências femininas. Com uma câmera fotográfica e um gravador, captamos universos e o estar no mundo feminino pelas vozes de mulheres que passam pelo evento. O resultado é esta série de perfis singulares, que pode ser acompanhada aqui.

Direma Cardona – 76 anos

A minha infância foi muito feliz, com brincadeiras de roda, sempre com muitos primos na volta, em Bagé. Aos 10 anos, perdi meu pai. Mas eu sempre fui uma pessoa feliz. A minha adolescência foi participando de trabalhos para ajudar a mãe. Ela fornecia viandas. Eu estudava e voltada da escola ligeirinho para ajudar. Estudava com meninas da classe social alta, participava de tudo, nunca me senti excluída. O meu ajudar em casa não me desmerecia em nada. Me formei e fiz Magistério. Atuei como professora alfabetizadora por 25 anos e até hoje digo que se pudesse começar tudo de novo, começaria.

“A vida sempre valeu a pena”.

Como alfabetizadora, aprendemos de tudo. Tu és professora e dá colo, ao mesmo tempo. Eu amava minha profissão e minha filha é professora, pedagoga. É muito gratificante encontrar meus ex-alunos. Escutar, de longe: - Professora! E vem um enorme homem. Nas redes sociais, também encontro vários deles. Passaram tantas crianças, mas alguns marcam tanto. Tive um aluno muito agitado, ele tinha dificuldade de ficar parado, não ficava quieto. Acompanhava ele em todas as aulas. Fui praticamente exclusiva para ele. E outro que nunca sentava, o Silvio. Quando ele queria falar, derrubava tudo dos colegas até chegar a mim. Esses tempos, fui fazer ginástica no Sesc. E advinha quem encontrei? O Sílvio. Ele é meu professor de musculação. É gratificante. Mesmo. À época, eles iam para a escola sem nem mesmo saber pegar um lápis. Nós ensinávamos isso e até a deitar a mãozinha para escrever. A vida sempre valeu a pena. Sou casada há 55 anos, tenho três netos lindos e sou feliz.

Foto: Karol Avila

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