Elas na feira - histórias de mulheres: Ligia Furlanetto

“As histórias são importantes. Muitas histórias são importantes”, disse Chimamanda Adichie, na conferência O perigo da história única, no TEDGlobal 2009. Inspirada pela escritora nigeriana e em sintonia com o tema escolhido pela 45ª Feira do Livro da FURG – histórias de mulheres, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da universidade apresenta o projeto Elas na feira, iniciativa que mostra relatos de (sobre)vivências femininas. Com uma câmera fotográfica e um gravador, captamos universos e o estar no mundo feminino pelas vozes de mulheres que passam pelo evento. O resultado é esta série de perfis singulares, que pode ser acompanhada aqui.

Ligia Furlanetto - 39

Uma coisa que sempre tenho guardado dentro de mim, que me marcou, é que quando tinha 6 anos, eu sempre gostei de fazer coisas diferentes e que eram atribuídas até então a meninos, como jogar bola, subir em árvores, brincar com carrinhos. E eu sempre tive cabelos compridos, e então eu acreditava que para ser aceita e fazer isso de uma maneira melhor, eu teria que cortar os cabelos e ficar com cabelo de menino. Então eu pedi para minha mãe cortar meus cabelos, porque eu achava que com o cabelo curto, eu iria saber fazer melhor essas atividades. Isso me marca bastante, porque hoje eu sei que não preciso me despir da minha feminilidade para agir, atuar e desempenhar em funções que até então eram predominantemente masculinas. Eu levo isso de forma bem marcante nos dias de hoje.

“Mas hoje, eu descobri que podemos ser extremamente femininas e desempenhar as mesmas funções dos homens”.

A resistência veio da questão cultural e de padrão de comportamento. As meninas têm que brincar de bonecas, não podem se sujar, [tem que] se comportar. Enquanto os meninos podem andar sem camisa, brincam de bola na rua, andam com os cabelos sujos e descabelados. Então eu sentia a necessidade de ser como um menino para poder desenvolver essas atividades que eu gostava tanto. Mas hoje, eu descobri que podemos ser extremamente femininas e desempenhar as mesmas funções dos homens. Com essa minha trajetória de sempre querer quebrar as regras, desafiar e não aceitar o é imposto e querer um algo a mais e assim poder fazer parte do mundo masculino, acredito que esse fato da minha infância tenha influenciado minha escolha pela polícia.

“As mães acabam projetando nos filhos a sua imagem”.

As mães acabam projetando nos filhos a sua imagem. E com as minhas filhas eu procuro passar que elas são livres para fazerem suas escolhas. E ao mesmo tempo dar um bom suporte para que elas batalhem, corram atrás de seus sonhos. E que ninguém pode dizer que elas não podem fazer, elas podem sim, tudo o que desejam e eu espero que elas busquem isso!

Foto: Karol Avila

Conheça as histórias anteriores:

Elas na feira - histórias de mulheres: Maria Alvina Madruga Goulart

Elas na feira - histórias de mulheres: Débora Amaral

Elas na feira - histórias de mulheres: Amanda Dias Lima Lamin

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Elas na feira - histórias de mulheres - Aline Mendes Lima

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Elas na feira - histórias de mulheres: Marcia Martins

Ela na feira - histórias de mulheres: Daniela Delias

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Ligia Furlanetto

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