O primeiro dos quatro navios construídos no projeto liderado pela FURG e financiado pelo Ministério da Educação (MEC), o Ciências do Mar I, foi inaugurado quarta-feira, 30, à tarde, em cerimônia no Cais Histórico do Porto do Rio Grande. A solenidade mostrou a relevância do empreendimento para o ensino e a pesquisa brasileiros na área de ciências do mar. Além da reitora da FURG, Cleuza Dias, e de reitores de várias universidades brasileiras, entre outras autoridades do país, o comandante do 5º Distrito Naval, vice-almirante Victor Gomes; o secretário de políticas e programas de pesquisa e desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação, Jailson de Andrade; e o ministro da Educação, Mendonça Filho, estiveram presentes e, após o descerramento da placa de inauguração, puderam conhecer as dependências da embarcação.
A constatação de que o Brasil graduava estudantes na área de ciências do mar sem que os futuros profissionais desenvolvessem práticas embarcadas motivou o projeto, contou Luiz Krug, professor do Instituto de Oceanografia da FURG e coordenador do Comitê Executivo para a Consolidação e Ampliação dos Grupos de Pesquisa e Pós-Graduação em Ciências do Mar (PPG-Mar). Para Krug, o Ciências do Mar I simboliza o início da superação dessa lacuna na formação de profissionais na área. “Este é um evento marcante para as ciências do mar no Brasil, pelo ponto de inflexão e o avanço qualitativo na formação de recursos humanos neste campo do conhecimento”, disse.
Comovida, a reitora Cleuza Dias destacou a participação da FURG na realização de um projeto tão significativo para uma universidade que, por vocação, é voltada para os ecossistemas costeiros e oceânicos. “Esse navio representa um aprimoramento do nosso olhar sobre os mares. Com sua avançada tecnologia poderemos aperfeiçoar o ensino, os estudos sobre o patrimônio natural. Nossos alunos poderão conhecer a prática da Amazônia Azul e sua imensa relevância para os biomas da Terra”. A materialidade do projeto, o protagonismo da FURG e a possibilidade imediata de qualificar a produção científica a reitora resumiu parafraseando Cecília Meireles: “Pusemos nosso sonho no navio e o navio em cima do mar”, finalizou.
Mendonça Filho reconheceu a dimensão da entrega do primeiro dos quatro laboratórios de ensino flutuantes à sociedade. “Sei que esse projeto foi aprovado ainda na gestão do ex-ministro Paim, no governo Dilma, e eu como ministro da educação tenho a obrigação ética e o compromisso com o país de levar adiante todos os projetos importantes e que signifiquem o fortalecimento das universidades no nosso país”. E garantiu a manutenção dos recursos orçamentários para a conclusão dos navios Ciências do Mar II, III e IV, dentro do prazo previsto.
O destino dos Laboratórios de Ensino Flutuante
A expectativa é de que até dezembro seja entregue o Ciências do Mar II, que ficará baseado em São Luís, a cargo da Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Essa embarcação também atenderá os discentes da região do norte do país. “O Brasil vai passar de coadjuvante para um país que está à frente nas pesquisas e na formação desses profissionais. Então, para nós, é uma grande vitória, é uma luta da educação brasileira, uma luta do país, são projetos estratégicos para a nação”, avaliou Nair Portinho, reitora da UFMA.
O Ciências do Mar I ficará baseado na FURG, em Rio Grande, e atenderá por ano mais de 500 estudantes de nove cursos e de oito universidades do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A conclusão das duas outras embarcações está prevista para 2018. O Ciências do Mar III ficará na Universidade Federal Fluminense (UFF) e atenderá os estudantes dos cursos da região sudeste, enquanto o Ciências do Mar IV, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), irá contemplar os cursos da região nordeste. No total, serão atendidos estudantes de pelo menos 40 cursos de graduação de 36 universidades federais, estaduais e privadas distribuídas por 18 estados brasileiros.
